Tarde de Campo apresenta forma sustentável de alimentar rebanho bovino e ovino

04.05.2012 | 20:59 (UTC -3)
Felipe Rosa

O manejo correto do campo nativo para alimentação de rebanhos bovino e ovino esteve em pauta nesta quinta-feira (3), na localidade Caldeirão, em Caçapava do Sul. Através de uma tarde de campo, promovida pelo Programa RS Biodiversidade, o pecuarista familiar Vilson Roberto Machado, que abriga uma Unidade Demonstrativa (UD) do projeto, e o engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, Gustavo Lima, mostraram como foi feita a subdivisão dos campos da propriedade a partir de uma proposta sustentável que garante oferta de alimentos ao gado e tempo para renovação do pasto.

O público foi formado por pecuaristas familiares de municípios que também integram o projeto, além de técnicos da Emater/RS-Ascar e da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) – entidade coordenadora do RS Biodiversidade, programa estadual que tem como um dos objetivos a consonância entre a proteção dos recursos naturais e a produção rural.

Na prática, os presentes puderam ver como os 37 hectares escolhidos para sediar a UD foram fracionados em 15 potreiros, o que resultou em uma média de 2,4 hectares por piquete. Todos os espaços têm acesso ao açude da propriedade, critério utilizado para posicionar as divisões. O produtor utilizou 5,3 quilômetros de cerca elétrica com três fios de arame, com o objetivo de conter os bois e, também, os cordeiros da raça Ideal criados em conjunto com os bovinos.

O rebanho de 50 cabeças de gado e 48 cordeiros permanece em cada divisão de três a quatro dias. Enquanto os animais estão em um dos potreiros, os demais piquetes têm tempo de descanso, fator que colabora para o crescimento da vegetação. De acordo com o pecuarista Machado, o manejo com o gado ficou mais fácil. “Os animais estão mais mansos. Eles já aprenderam como funciona o manejo e consigo fazer tudo a pé”, relatou.

O período de permanência do gado em cada subdivisão é avaliado pelo olhar do produtor. “Eu vou vendo como o campo está, e não deixo o gado rapar o pasto, para que ele (pasto) possa crescer com mais facilidade depois”, destacou Machado.

A construção da UD teve início no dia 2 de fevereiro de 2012. No dia 20 de março o rebanho bovino foi colocado nos potreiros com média de 272 quilos. No dia 20 de abril - 30 dias depois - foi feita a pesagem dos animais, que apresentaram um ganho de 20 quilos por cabeça. “Isso me surpreendeu, já que nessa época o gado não costuma ganhar peso. Pelo olho, dá pra ver que na próxima pesagem também vai dar ganho de peso”, relatou Machado de forma otimista.

Durante o encerramento do evento, o gerente regional da Emater/RS-Ascar, Erone Londero, destacou a importância do trabalho desenvolvido na UD. “Um trabalho como este comprova que é possível produzir de forma sustentável”, ressaltou.

A Tarde de Campo também contou com a apresentação de uma fórmula para medir a quantidade de massa verde em uma área. A explicação foi dada pelo zootecnista da Emater/RS-Ascar, Fábio Schlick.

Antes da realização da Tarde de Campo, na parte da manhã, os coordenadores estadual e regional do RS Biodiversidade pela Emater/RS-Ascar, respectivamente, Célio Colle e Cláudio Ribeiro, e o coordenador geral do RS Biodiversidade, José Patrocínio, fizeram a apresentação do projeto no Piquete Guarda Velha. Na ocasião, houve explanação sobre as fases já cumpridas do Programa, as metas, parcerias, áreas de abrangência, informações gerais, entre outros temas.

Colle ressaltou a importância das Unidades Demonstrativas funcionarem como fontes de informação. “Este projeto é uma grande oportunidade para divulgarmos o Pampa”, pontuou. Já Patrocínio reforçou a questão sustentável que norteia o Programa. “O projeto tem o objetivo de promover a conservação e recuperação da biodiversidade, mediante o gerenciamento integrado dos ecossistemas e a criação de oportunidades para o uso sustentável dos recursos naturais, com vistas ao desenvolvimento regional”, destacou.

Na região administrativa de Bagé da Emater/RS-Ascar estão sendo implantadas Unidades Demonstrativas do RS Biodiversidade também em Alegrete, Quaraí, Santana do Livramento, Rosário do Sul e Lavras do Sul. A UD de Caçapava do Sul é a mais adiantada do projeto e por isso serviu como modelo para os outros municípios. A Tarde de Campo contou com participantes de Pinheiro Machado e Santana da Boa Vista, cidades pertencentes à região administrativa de Pelotas e que também integram o Programa.

Os recursos para execução do projeto provêm de uma doação de cinco milhões de dólares do Fundo Global do Meio Ambiente (GEF) por meio do Banco Mundial, com contrapartida de 6,1 milhões de dólares por parte do governo estadual, pagos através de medidas compensatórias.

Para execução do projeto, que tem duração de quatro anos, foi criada a Unidade de Gerenciamento do Projeto, lotada na Secretaria do Meio Ambiente, composta também pelos órgãos co-executores Fundação Zoobotânica, Fepam, Emater/RS-Ascar e TNC (The Nature Conservancy) do Brasil.

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