Sustentabilidade é um caminho que não permite retrocesso, diz presidente da Abrapa

Associação Brasileira dos Produtores de Algodão reúne cadeia produtiva em jantar de confraternização em Brasília e conclama o engajamento do setor para a sustentabilidade

09.12.2017 | 21:59 (UTC -3)
Catarina Guedes

Tradicionalmente marcado pelas pautas políticas, balanços e reinvindicações do setor, o jantar de confraternização da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), realizado na noite da quarta-feira (06), em Brasília, elegeu a sustentabilidade da cadeia de valor da fibra como tema central. Os esforços empreendidos pelos cotonicultores, através do programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), fizeram do Brasil o maior fornecedor de algodão sustentável do mundo, origem de 30% do produto chancelado pela Better Cotton Iniciative (BCI), organização suíça de referência no licenciamento de algodão em conformidade com os princípios sustentáveis, que, no Brasil, atua em bechmarking com a Abrapa. 

Durante o jantar – que reuniu mais de 350 pessoas de todos os segmentos do setor, além de políticos e diplomatas – a Abrapa e a Lojas Renner S.A. oficializaram a já anunciada parceria no movimento Sou de Algodão, iniciativa da entidade com ênfase na conscientização do consumidor final para os atributos positivos da matéria-prima e seu modo de produção, fundamentado nas boas práticas ambientais, sociais e econômicas. Na ocasião, a associação também lançou o livro A cadeia do Algodão Brasileiro: Safra 2016/2017 – desafios e estratégias, com o estudo elaborado pela Markestrat, coordenado pelo professor da FEA/USP, Marcos Fava Neves.

Dentre as autoridades presentes ao evento, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, que destacou a desburocratização do Mapa nas suas prioridades, com medidas para simplificar os trâmites de registros de defensivos agrícolas, uma reivindicação do setor, já que a demora ao acesso a novas moléculas faz com que pragas e doenças se tornem resistentes aos produtos disponíveis no mercado e torna vulnerável o agronegócio nacional e a sua sustentabilidade. "Criamos uma 'fila preferencial' de análise de registro, com prioridades eleitas pelos produtores rurais.  Mas entendemos que uma nova lei de defensivos e uma nova normativa são necessárias. Estamos tentando fazer uma mudança no decreto para, minimamente, dar mais tranquilidade aos agricultores e aos envolvidos no processo", afirmou o ministro.

Maggi entregou ao presidente da Abrapa, Arlindo de Azevedo Moura, uma medalha de mérito outorgada à entidade, em homenagem aos relevantes serviços prestados à defesa agropecuária do Brasil. A comenda é alusiva aos 40 anos de existência da Secretaria de Defesa Agropecuária. De acordo com Maggi, a honraria enaltece as instituições que "muito colaboraram para a estruturação do cenário sanitário e fitossanitário do Brasil, viabilizando a produção agropecuária e as exportações para mais de 150 países".

Ao discurso do ministro, também se alinhou a fala do presidente da Frente Parlamentar da Agricultura (FPA), o deputado Nilson Leitão, que parabenizou o Mapa pelas  mudanças implantada em prol da desburocratização e inovação dos seus processos. Segundo Leitão, o Estado tem de entender que o produtor, que faz bem o seu trabalho "da porteira para dentro", precisa ter estrutura "da porteira para fora". "E isso não significa apenas investimentos em logística, como estradas e portos, mas uma política de relações de respeito pelo mundo afora, que já  estamos conquistando", disse.

Identificação imediata

A Abrapa, associação que abarca 99% dos produtores de algodão do país, e a Lojas Renner S.A., maior varejista de moda do Brasil, formalizaram no jantar a já anunciada parceria no movimento Sou de Algodão. A companhia foi representada pelo seu diretor de Compras, Fabio Faccio, que participou da cerimônia em nome do diretor presidente, José Galló.

"É com muita felicidade que a Lojas Renner sela esta parceria. Nos identificamos de imediato com a causa do movimento e abraçamos a proposta de incentivar o uso do algodão sustentável entre os nossos clientes", disse Faccio.

 Ele destacou que a Renner tem uma cultura corporativa norteada pelo encantamento, buscando não apenas satisfazer, mas superar a expectativa dos consumidores. "Isso passa por contribuir para a construção de uma cadeia têxtil responsável e sustentável. Esse compromisso que firmamos integra um conjunto de iniciativas da Lojas Renner nesse sentido ", enfatizou.

 O executivo disse que em 2017 a Lojas Renner empreendeu diversas ações voltadas à sustentabilidade, muitas delas envolvendo o algodão. "Essas ações começam junto aos nossos fornecedores e os resultados chegam às nossas lojas espalhadas pelo Brasil. Admiramos e valorizamos o trabalho contínuo realizado pela Abrapa e esperamos que a parceria com o Sou de Algodão nos permita continuar promovendo de forma consistente essa matéria-prima tão significativa para o nosso país e para o varejo têxtil, para que possamos, juntos, avançar ainda mais em uma moda consciente e responsável", concluiu Faccio.

 "Quando decidimos colocar a sustentabilidade como balizadora de todas as nossas ações, tínhamos em mente que aquele seria um caminho que não permitiria retrocesso. Ele implica uma série de transformações, a começar pelo nosso modo de pensar, e também de agir, já que requer mudanças, investimentos e quebra de paradigmas. Com a entrada da Lojas Renner, que muito nos alegra, atingimos um marco histórico no nosso movimento, e vamos trabalhar para que resulte em muitos outros", afirmou o presidente da Abrapa.

Em seu discurso, Arlindo Moura lembrou que o ano de 2017 foi de conquistas para o setor, com indícios de arrefecimento da crise econômica e sinalização de crescimento de consumo. Além disso, o período foi de clima favorável, preços estáveis e produtividade recorde.

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