Soja: apesar de fortes oscilações, preço é elevado

19.01.2009 | 21:59 (UTC -3)

Os preços internacionais da soja e derivados subiram em dezembro, impulsionados pelo aumento no mercado de ações, além do clima seco que castigou algumas lavouras da América do Sul. O primeiro vencimento da soja em grão na bolsa de Chicago (CBOT) acumulou alta de 10% entre 28 de novembro e 30 de dezembro. Para o farelo de soja, a valorização foi ainda mais expressiva, de 17,4% no período. Já para o óleo de soja, o aumento se limitou a 2,2%, em função da queda do petróleo. As informações são do Cepea/Esalq.

No Brasil, o Indicador ESALQ/BM&F para o produto posto porto de Paranaguá teve elevação de 5% de 28 de novembro a 30 de dezembro. O Indicador CEPEA/ESALQ (média de cinco regiões do estado do Paraná) subiu 5,71%. Na média das regiões pesquisadas pelo Cepea, os preços reagiram 3,8% no mercado de balcão (ao produtor) e 3,4% no de lotes (negociações entre empresas). O Real apresentou valorização de 1,04% frente ao dólar, contribuindo para o aumento dos preços internos. Para o farelo de soja, houve alta de 2,3%, em média. Já as cotações domésticas do óleo de soja, com 12% de ICMS, posto em São Paulo, caíram 0,66% no período.

Com o plantio praticamente finalizado no Brasil, o desenvolvimento do grão passou a ser o foco de agentes. De forma geral, os estados que mais sofreram com a estiagem prolongada foram Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul – nessas localidades, ocorreram perdas expressivas. Na Argentina, o plantio também atrasou em função da falta de chuva em algumas regiões produtoras. Em dezembro, estimativas do USDA apontavam para estabilidade da área cultivada no Brasil e aumento na Argentina, país em que a soja ocupou área de milho, que não foi plantado no período ideal.

As negociações de soja seguiram lentas em dezembro, tanto no mercado interno como no externo. Em clima de recesso de final de ano, boa parte das empresas que negociam soja e derivados interrompeu as atividades logo após o dia 19 de dezembro, retomando-as na primeira semana de janeiro. As expressivas oscilações dos futuros de soja e derivados nas bolsas, a instabilidade da taxa de câmbio, a incerteza quanto à demanda para 2009 e o clima no Hemisfério Sul reforçaram a lentidão do mercado.

De modo geral, o ano de 2008 iniciou com preços elevados, tanto para a soja em grão quanto para o óleo e farelo, atingindo patamares recordes no final de junho. Esses aumentos estiveram atrelados aos baixos estoques e à demanda elevada por alimentos e por biocombustíveis. Além disso, a expectativa de redução da área destinada à oleaginosa nos Estados Unidos, dada a expansão do milho, também impulsionou os preços naquele período. No segundo semestre, contudo, as cotações iniciaram um movimento de queda livre, devido à boa produtividade das lavouras norte-americanas em função do clima e à recuperação dos estoques mundiais. Além disso, veio a crise financeira internacional, apontando que poderia ser freado o crescimento da renda. As negociações eram ainda prejudicadas pelas fortes oscilações das taxas de câmbio dos principais países produtores e consumidores do mundo em relação ao dólar.

No Brasil, a safra 2007/08 gerou receita acima dos custos operacionais, caixa este usado para o plantio da temporada 2008/09, mas o restante das atividades dependia de crédito que estava bastante escasso. Essa situação foi mais crítica para produtores do Cerrado, já que no Sul e Sudeste o pagamento costuma ser adiado para o período de colheita. Com o agravamento da crise mundial, que tem como um dos principais impactos a restrição de crédito, as preocupações com a temporada 2009/10 aumentaram. O momento tem sido de cautela e não de ampliação de investimentos.

Mesmo diante desse cenário, dados da Secex apontam que, no acumulado do ano, as exportações de soja somaram 24,5 milhões de toneladas, 3,23% a mais que o embarcado em 2007. No caso do óleo de soja, foram exportadas 1,14% a menos, totalizando 2,3 milhões de toneladas. Para o farelo de soja, o volume foi de 12,3 milhões de toneladas, redução de 1,49% sobre igual período de 2007.

Análise sobre o mercado de soja elaborada pelo Cepea. A análise completa está disponível em

Equipe: Prof. Lucilio R. Alves, Ana Amélia Zinsly, Flávia E. Gutierrez, Renata Maggian, Matheus Rizato e Karine Resende.

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