O Sistema Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) é uma forma viável para a recuperação de pastagens e tem como premissa o planejamento das atividades. O sistema permite a rotação das atividades de agricultura, pecuária e floresta, dentro da propriedade rural, de forma harmônica e favorece o aumento da eficiência e da renda na propriedade.
O pesquisador Miguel Marques Gontijo Neto, da Embrapa Milho e Sorgo, de Sete Lagoas, MG, explica que os principais problemas na pecuária são a degradação de pastagens, a falta de alimentos durante o ano, nos períodos da seca, e a diminuição da produtividade por animal e por área. "E a maior causa da degradação é a ausência da adubação de manutenção e o superpastejo", afirma.
Gontijo ressalta que a grande ferramenta para a integração dos sistemas agrícola e pecuário é o cultivo consorciado de lavouras anuais com capins. "A consorciação de culturas anuais como o milho, o sorgo (forrageiro, granífero ou pastejo) ou o milheto com capins são alternativas viáveis para a produção de grãos e forragens tanto em áreas com solo apresentando boa fertilidade como em áreas de pastagens degradadas. Isto proporciona mais forragem para a entressafra, mais forragem das pastagem recuperadas e a produção de palhada para o plantio direto no ciclo seguinte de implantação da lavoura", afirma.
"Os resultados obtidos em propriedades rurais demonstram que a integração lavoura e pecuária é uma alternativa viável economicamente para intensificação da produção, sendo o planejamento fundamental para se evitar um novo ciclo de degradação das pastagens", orienta o pesquisador da Embrapa.
Braquiária em sistemas integrados
A implantação dos sistemas integrados com a Integração Lavoura-Pecuária permite a utilização de recursos naturais, garantindo a sustentabilidade dos sistemas produtivos. O pesquisador Emerson Borghi, da Embrapa Milho e Sorgo, considera que esta é uma questão de grande relevância, porém pouco compreendida em Minas Gerais.
Borghi ressalta que as espécies forrageiras tropicais se adaptam as mais diferentes condições de clima e solo da região central do Brasil. "Em Minas Gerais, a maior parte das pastagens, principalmente as degradadas se baseiam nos gêneros braquiária e panicum. Compreender as estratégias de manejo dessas espécies para fornecimento de forragens nos períodos de outono e primavera e, após o seu uso, proporcionar cobertura morta para o sistema de plantio direto, é relevante e permite benefícios mútuos", afirma.
O pesquisador Robélio Leandro Marchão, da Embrapa Cerrados, explica que quando se fala em braquiárias em sistemas integrados fala-se também em um bom manejo do solo e da qualidade do solo. "O nosso foco, quando a gente pensa em Integração Lavoura-Pecuária, além da questão da viabilidade e de toda e da parte econômica, e o que a gente quer, no final das contas, é recuperar a qualidade do solo, que muitas vezes está comprometida, seja no sistema de pasto convencional ou em uma área de agricultura onde há problemas de sustentabilidade", diz.
Para o pesquisador é preciso considerar os elementos fundamentais para o manejo sustentável do solo tanto para a agricultura quanto para a pecuária e ter como base o conhecimento científico. "Os pilares do manejo sustentável do solo são a correção da acidez superficial, com calagem e gessagem; a qualidade do solo, pois temos que pensar na sustentabilidade em longo prazo; a rotação de culturas e as práticas conservacionistas; e as adubações. Isso tudo tem que ser observado, para que tenhamos uma agricultura produtiva no Estado", explica Marchão.
Ele ressalta que é neste caminho que a Integração trás uma série de benefícios. "Quando a gente fala em atributos de solo, temos que observar que eles são dependentes um do outro. Por isso, para que o manejo de solo seja sustentável, temos que considerar todos os aspectos", afirma.
"Já quando analisamos o papel das braquiárias nos sistemas integrados podemos afirmar que a sustentabilidade do manejo dos solos tropicais está associada com o papel radicular dessas gramíneas. O solo dos cerrados são muito pobres e precisam das espécies forrageiras para manter a qualidade e tornar esses solos cada vez mais produtivos", diz.
Segundo Marchão, os sistemas produtivos integrados buscam promover a intensificação sustentável da agricultura e da pecuária, com o objetivo de aumentar a produtividade, ou seja, aumentar a produção dos componentes sem necessariamente haver uma expansão de área plantada e o aumento dos custos ambientais.
"A intensificação sustentável atende um dos grandes desafios da produção agrícola e busca a segurança alimentar, não só do ponto de vista da quantidade, mas também de qualidade. É uma busca constante para a melhoria do manejo do solo", diz.
Além dessas premissas, a intensificação sustentável busca aumentar a produção nas áreas agrícolas existentes de maneira que proporcione menor pressão ao meio ambiente e não elimine a capacidade de continuar produzindo alimentos no futuro.