Sistema semi-hidropônico de morangos é alternativa para produtores

05.09.2011 | 20:59 (UTC -3)
Rejane Paludo

Durante 32 anos, o agricultor Léo Thums, de Feliz, cultivou morango no solo. Mas a partir do ano que vem, ele pretende abandonar definitivamente o cultivo convencional. O motivo é o sistema semi-hidropônico de produção de morangos, que começou a ser utilizado pelo produtor há 3 anos.

Neste sistema, desenvolvido pela Embrapa, as plantas se desenvolvem em sacos com substrato constituído de casca de arroz e outros materiais orgânicos, em bancadas com cerca de 80 cm de altura. A adubação é feita com fertirrigação. O agrônomo da Emater/RS-Ascar, Luciano Ilha, explica que enquanto no chão geralmente são plantadas 5 mudas por m², nas sacolas são utilizadas até 15 mudas por m² de estufa. “A gente tem três vezes mais planta por área e sem perder produtividade por planta”, destaca o agrônomo.

De acordo com ele, o principal problema do cultivo no solo são as doenças do sistema radicular. Como as lavouras da região são bastante antigas, existe um elevado índice de mortalidade de plantas ao final do ciclo, nos meses de novembro e dezembro, o que, além de diminuir a produtividade, obriga os produtores a renovarem o plantio todos os anos. “Isso acarreta um custo significativo, visto que a maior parte das mudas hoje são importadas e tem um custo de R$ 0,40 cada”, esclarece.

Cultivada em substrato, livre de contaminações, uma muda pode ser utilizada por até 2 a 3 anos. Como a incidência de doenças é menor, também devido à circulação de ar nas estufas, que não têm cortinas, os tratamentos com fungicidas e agrotóxicos têm uma redução de 70%. Os resultados são sentidos principalmente no bolso. “Dá mais economia que no chão. Esse sistema eu recomendo, o produtor não pode pensar duas vezes”, diz o agricultor.

Para economizar e lucrar ainda mais, Thums já está produzindo as próprias mudas, através das estufas do ano anterior. “Com isso, ele consegue obter uma muda bem cedo, às vezes plantada ainda em janeiro, e começa a colher já no início de abril, época em que ele começaria a ter acesso às mudas importadas”, afirma Luciano. Chegando antes no mercado, a fruta é mais valorizada. “Esse morango do cedo entra num nicho de mercado que permite obter bons preços”, declara.

O agrônomo esclarece que o custo de implantação do cultivo de morango no sistema convencional ou no semi-hidropônico, para um produtor que estivesse iniciando na atividade, é praticamente igual, mas as vantagens possibilitadas pela semi-hidroponia, no médio prazo, compensam a opção pelo uso deste sistema.

Além dos benefícios econômicos e em termos de sanidade e qualidade da fruta, os produtores também sentem no próprio corpo a diferença entre os plantios. “A gente não aguenta trabalhar agachado no chão um dia inteiro, uma semana inteira. No cultivo semi-hidropônico a gente consegue colher em pé, fazendo o mesmo serviço bem mais rápido, e sem ter problema de dor nas costas, o que é uma grande diferença”, conclui Thums.

Assessoria de Imprensa

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