Setor quer reconhecimento de atividade agrícola para florestas plantadas

24.04.2009 | 20:59 (UTC -3)

O Código Florestal Brasileiro predominou nas discussões do painel sobre legislação realizado durante a Feira da Floresta. Setor acredita que deveria estar vinculado ao ministério da Agricultura e não ao do Meio Ambiente para que a atividade possa prosperar.

A manhã do último dia do Fórum Internacional do Agronegócio Florestal, evento integrante da primeira edição da Feira da Floresta, foi preenchida com a discussão da legislação florestal. O painel, que foi mediado pelo presidente da Associação Gaúcha de Empresas Florestais, Luis Alberto Carvalho Júnior, recebeu o chefe da Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Derli Dossa, defensor de mudanças para um novo Código Florestal, além do presidente da Associação Sul Brasileira de Empresas Florestais, Marcílio Caron Neto, do secretario adjunto do Meio Ambiente do RS, Francisco Simões Pires, e do gerente geral do Projeto Paraná Biodiversidade, Erich Schaitza.

Em sua apresentação, Dossa apresentou números para comprovar como a cadeia produtiva florestal é negativamente impactada pelo atual código – datado de 1934, mas alterado diversas vezes mais tarde. “Do ponto de vista legal, 71% do território brasileiro estão congelados. Sobram apenas 29% para exploração, número que prejudica, e muito, o potencial agrícola do País no futuro”, lamentou. Caron Neto foi mais longe e apontou outros entraves ao desenvolvimento do agronegócio, como a Lei da Mata Atlântica e o fato de a Silvicultura estar “na ossada do Ministério do Meio Ambiente e não do Mapa”, segundo suas palavras. “A Silvicultura é uma atividade agrícola como outra qualquer. Esta é uma das nossas principais lutas, que demanda uma solução imediata”, disse.

Mais ponderado foi o terceiro painelista, o secretario adjunto Francisco Simões Pires, que chamou a atenção para a importância de as regras serem vistas como parte de um sistema e não como algo isolado. “Precisamos entender que estas normas foram definidas, pois se trata de recursos naturais”, afirmou. Segundo ele, o zoneamento ambiental da Silvicultura deve encontrar a harmonia entre sustentabilidade econômica, desenvolvimento social das regiões e preservação ambiental.

Em sua palestra, Schaitza conseguiu demonstrar um pouco como o sistema mencionado por Pires pode funcionar na prática. Ao apresentar o Projeto Paraná Biodiversidade, financiado pelo Fundo Mundial do Meio Ambiente e pelo governo estadual paranaense, ele mostrou que é possível unir Reserva Legal com atividade produtiva. “Reserva Legal não é sustentável quando não for lucrativa para o produtor, quando não prover o seu sustento”, argumentou. O projeto, que é voltado a pequenos produtores e atinge 2 milhões de hectares de florestas no Paraná, visa o manejo produtivo das florestas aliado à recuperação da Reserva Legal, aproveitando-se da biodiversidade.

Fórum Internacional do Agronegócio Florestal

Com programação formada por painéis, palestras e reuniões-técnicas, o Fórum Internacional do Agronegócio Florestal termina nesta sexta-feira. Pela manhã, o tema de debate foi a promoção do uso da madeira no Brasil. Durante a semana, também entrou na pauta de discussões a produção sustentável de araucária, de erva-mate, as integrações agrosilvipastoris e o desenvolvimento de cadeias produtivas com base florestal. O Fórum contou ainda com apresentações sobre o cenário florestal da Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Uma nova edição deve ocorrer no próximo ano paralela à realização da Feira da Floresta 2010.

Feira da Floresta

A Feira da Floresta aconteceu no Centro de Eventos Serra Park, em Gramado (RS). Contou com a exposição de diversos empresários do setor florestal, desde produtores de matéria-prima a fabricantes de equipamentos. Junto à feira, aconteceu a Mostra Florestal, uma exposição educativa voltada para escolas e público em geral.

Mais informações no site

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Álvaro Bueno

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