Seminário mostra a importância do Bacillus subtilis

Bactérias do gênero Bacillus estão entre os organismos mais explorados para o controle biológico de doenças de plantas, com diversos produtos comerciais registrados. A Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna/SP), em parceria com a Université de Liège – Gembloux Agro-Bio Tech (Bélgica) realizou em 10 de setembro de 2010 seminário sobre Bacillus subtilis como agente de biocontrole de doenças e promotor de crescimento de plantas.

O seminário foi apresentado por Marc Ongena, especialista no assunto. Basicamente, o pesquisador falou sobre os mecanismos envolvidos na ação do Bacillus subtilis tanto para a promoção de crescimento, como para o controle de fitopatógenos.

Conforme o pesquisador Wagner Bettiol, responsável pelo seminário, buscou-se ampliar as discussões sobre o potencial desse agente de biocontrole no Brasil. “A importância do tema pode ser verificada pelo considerável aumento no número de Registro Especial Temporário (RET) encaminhado para registro de bioprodutos junto ao Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento”, enfatiza.

Abílio Alessandri, gerente de Marketing da América do Sul e Central, da Chr. Hansen - Animal Health & Nutrition, líder mundial na produção de culturas bacterianas para a indústria de alimentos, probióticos para nutrição humana e animal, participou do seminário e explica que a CHr. Hansen está expandindo o conhecimento e focando as pesquisas em soluções para agricultura. Dentro delas, o Bacillus subtilis é o principal agente no momento em desenvolvimento para controle biológico de doenças.

O produtor de flores de Holambra Jan de Witt também participou do seminário. Ele disse que usa o Bacillus subtilis em conjunto com outros microrganismos, como o Bacillus thuringiensis, Clonostachys rosea e Trichoderma e está dando certo. “Não tenho como avaliar a bactéria isoladamente, explica, mas com as aplicações em conjunto consigo controlar muito bem as doenças de solos, principalmente”.

“Marc Ongena mostrou grande conhecimento sobre a bactéria sob vários aspectos, como a grande capacidade de colonização do sistema radicular de determinadas espécies de plantas, alta capacidade de competição por espaço e nutrientes, agente promotor de crescimento e indutor de resistência das plantas às doenças, produtora de substâncias antibióticas no controle de doenças de plantas e aumento do seu vigor, disse Chukichi Kurozawa, consultor do Globo Rural e professor da Faculdade de Ciências Agronômicas de Botucatu (Unesp).

“O professor explicou que existe limitação da eficiência com resultados inconsistentes, influenciados por vários fatores, como a microbiota, o tipo de solo, o pH, a temperatura, a aeração, as espécies, os cultivares e o estádio de desenvolvimento das plantas. Essas informações básicas são fundamentais para se evitar fracassos na sua aplicação por falta de conhecimento dessas limitações e comprometer todo um programa alternativo no manejo de muitas doenças de plantas”, acredita o consultor.

“Outro aspecto que não deve ser ignorado para atingir a sua aplicação em grande escala, enfatiza, é o desenvolvimento de pesquisas acompanhando todo o ciclo da planta, incluindo-se a colheita. Somente assim pode-se concluir o beneficio apresentado pela aplicação de quaisquer produtos, seja biológico seja químico, pois testes realizados por um curto período, como por exemplo o efeito somente em mudas em condições artificiais de laboratório, nem sempre atingem o objetivo em um programa de manejo de doenças e seus benefícios no campo”.

“Não estou condenando trabalhos em determinadas fases da cultura, uma vez que todas as pesquisas visam benefícios futuros na produtividade, na sua qualidade e seus efeitos benéficos aos consumidores e ao meio ambiente”.

Kurozawa parabeniza a Embrapa pela organização desse seminário de alto nível, principalmente agora que várias empresas buscam registros de produtos à base desse organismo para uso agrícola, no sistema de manejo de doenças de plantas.

Cristina Tordin

Embrapa Meio Ambiente

(19) 3311.2608