Seminário discutiu a sustentabilidade do agronegócio

24.08.2012 | 20:59 (UTC -3)
Joseani M. Antunes

O Seminário Nacional para o Desenvolvimento do Agronegócio Sustentável reuniu mais de 200 pessoas no dia 21/08, no Centro de Eventos da Universidade de Passo Fundo. O foco dos debates foi o uso do conhecimento tecnológico como fator de desenvolvimento no agronegócio, apresentado através de diferentes atores da cadeia produtiva, como pesquisador, assistência técnica e produtor. O evento foi uma realização da PD Eventos, com a promoção do Sicredi, Cotrijal, UPF, Emater/RS, BSBios, Sindicato Rural de Passo Fundo, Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Passo Fundo (STR-PF), Embrapa Trigo e Associação dos Engenheiros Agrônomos de Passo Fundo.

“Um sistema desacreditado”. Esta era a realidade da produção de grãos na década de 70 no Sul do Brasil, segundo o depoimento do produtor Dirceu Olair Hoffstaedter , de Victor Graeff. “Os campos eram tomados de barba-de-bode, com solos ácidos e vossorocas que limitavam muito a área produtiva, com rendimentos de soja que eram insustentáveis”, relatou o produtor, enquanto apresentava como aconteceu a evolução do processo tecnológico na sua comunidade ao longo de quatro décadas. “A chegada do conhecimento baseado em resultados de pesquisas foi um divisor de águas. Sempre contamos com o acompanhamento da Emater e da cooperativa, mas faltavam estudos para mostrar o melhor caminho na soja, no milho, no leite”, avalia Hoffstaedter.

De acordo com o pesquisador da Embrapa Trigo, João Leonardo Pires, hoje o produtor e a assistência técnica contam com muita informação especializada nas mais diversas áreas, como sistemas de produção, pragas e doenças, solos, cultivares, clima, etc. “Passamos de um momento onde não tínhamos informação no campo, para um momento onde há muita informação, que chega das mais variadas fontes e exige uma análise crítica para que possam ser utilizadas tecnologias e cohecimento realmente validados e que contribuam, além do ganho econômico, para a sustentabilidade da agricultura”, explica Pires.

O excesso de fontes disseminadoras de informação no campo também foi avaliada pelo gerente da unidade da Cotrijal em Passo Fundo, Marcelo Ivan Schwalbert: “A tecnologia não pode ter apenas o apelo comercial. A boa tecnologia precisa realmente trazer retorno ao produtor”. Ele ressalta, ainda, que além da gestão do conhecimento, o produtor também precisa saber gerenciar os riscos da produção: “O preço dos produtos é dinâmico e os ganhos podem ser de curto prazo, mas a rentabilidade do negócio só acontece de médio a longo prazo. Então, não adianta plantar só soja todo ano que no médio prazo a produtividade pode cair. Nenhum sistema de monocultura sobrevive por muito tempo. Não podemos dar as costas para o conhecimento que adquirimos até agora em função de um oportunismo no mercado”.

O acesso às informações tecnológicas está cada vez mais facilitado com a popularização da Internet que, apesar de ainda estar restrita a apenas 4% dos domicílios rurais (Comitê Gestor da Internet no Brasil), está ao alcance das empresas de assistência técnica e extensão rural. A observação do meteorologista da Somar, Paulo Etchichury, resume o estado de informação atual de grande parte dos produtores brasileiros: “Antes o produtor abria a janela para ver as condições do tempo. Hoje ele abre uma janela no computador”.

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