Semeadura tardia eleva cenário de incertezas

No centro-oeste corte de chuvas preocupa enquanto que, ao sul, principal temor é com a incidência de um inverno rigoroso

06.04.2021 | 20:59 (UTC -3)
RB Comunicação

A semeadura do milho safrinha no Brasil, em quase a sua totalidade, vem sendo finalizada no mês de março e, apenas uma pequena área, segue sendo semeada adentrando ao mês de abril. Na maioria dos Estados, a janela ideal de plantio está compreendida entre a segunda quinzena de janeiro ao final de fevereiro. 

O produtor brasileiro se empenha em realizar a semeadura dentro do zoneamento agrícola, pois sabe que fora dele o potencial produtivo de sua lavoura diminui gradativamente e os riscos de sinistro por geada e/ou escassez hídrica se elevam, além da contratação de seguro ser inviabilizada.

A “safrinha” de milho 2021 gera grande expectativa de alta produtividade, principalmente nas áreas em que foi possível semear dentro do calendário ideal e com a presença de chuvas abundantes, mas, na maioria das áreas plantadas tardiamente há grande apreensão quando ao corte das chuvas nas regiões mais altas do mapa e, sobretudo, de geada mais ao sul. 

Sabe-se que, de março a dezembro de 2020 o regime de chuvas ficou abaixo do esperado em todo território nacional, impactando diretamente a cidade e o campo. Na agricultura a escassez hídrica trouxe resultados negativos para várias culturas e de um modo muito especial para a soja que sofreu grande atraso em seu calendário da semeadura até a colheita. 

O retorno das chuvas em dezembro de 2020 propiciou uma recuperação dos solos nas principais regiões produtoras. Em alguns casos isolados os índices pluviométricos ultrapassam a normalidade. Chama a atenção dos profissionais que atuam no campo da meteorologia agrícola o excesso de chuvas na região centro-norte do Mato Grosso, englobando os municípios de Lucas do Rio Verde, Sinop e Sorriso.

Na citada região o encharcamento do solo prejudicou drasticamente a colheita da leguminosa, afetando a qualidade dos grãos e, consequentemente, atrapalhando a semeadura do milho safrinha. Em média, para uma safra de milho de 60 dias, cada dia de atraso na semeadura pode representar um decréscimo por hectare de uma saca e meia na produtividade.

No Vale Paranapanema, interior de São Paulo, o plantio da safrinha segue acelerado. Segundo o engenheiro agrônomo da Coopermota, Juliano Marques Plens, aproximadamente 70% da área destinada a safrinha de milho terá seu plantio concluído em março e apenas uma pequena porcentagem em abril.  

O engenheiro agrônomo confirma que as chuvas no final de fevereiro aumentaram de 10 a 15 dias o atraso na colheita da soja provocando um estreitamento ainda maior da janela de semeadura do milho safrinha. “Diante dos acontecimentos climáticos, o produtor investe estrategicamente em variedades de maior potencial produtivo na abertura do plantio, diminuindo o investimento ao caminhar para o fechamento”, observa.  

De acordo com Plens, no Vale Paranapanema, assim como nas demais regiões mais ao sul do país, o regime de chuvas deve se manter dentro de uma normalidade.  “Em nossa região, a preocupação maior dos nossos produtores deixa de ser com a incidência de chuvas e passa a ser de enfrentamento de possíveis episódios de frio mais intensos nos meses de junho e julho”, comenta.

Apesar de a situação hídrica estar favorável ao desenvolvimento das lavouras de milho safrinha em praticamente todo o território nacional, para o centro-oeste brasileiro, incluindo o Mato Grosso e Triangulo Mineiro, há um alerta agrometeorológico quando ao corte de chuvas nos próximos meses agravando ainda mais o efeito negativo do atraso na semeadura. 

Aumento de área  

Segundo pesquisa realizada na última semana de fevereiro pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a área de plantio do milho segunda safra cresceu 6,7% sobre a área da safra anterior. A previsão para o cereal é de superar a safra de 2019/20 em 5,4% e atingir uma produção recorde 108 milhões de toneladas.

Do total estimado, 23,5 milhões de toneladas corresponde ao milho produzido na primeira safra, 82,8 mil toneladas ao produzido na segunda safra e 1,8 milhão ao produzido na terceira safra. Os dados oficiais denotam a relevância do milho de segunda época e até então chamado de “safrinha” para o Brasil.

Considerando o efetivo crescimento da área de milho de segunda época em todo país a estimativa de produção do cereal pela Conab é bastante coesa, ainda que sua concretização dependa de uma série de fatores, dos quais as intempéries climáticas e seus efeitos ambientais estejam, muitas vezes, além das possibilidades de atuação do produtor. 

Na desafiadora luta pelo aumento quantitativo e qualitativo do cultivo do milho safrinha em solo brasileiro o produtor conta com a contribuição da pesquisa científica. Em 2021, comemorando três décadas de cultivo do milho safrinha com tecnologia, será realizada em Assis-SP, a décima sexta edição do Seminário Nacional de Milho Safrinha. O evento será online de 22 a 25 de novembro com abertura presencial para autoridades no dia 22 no salão social da ACIA. Mais detalhes sobre o SNMS 2021 visite o site www.milhosafrinha 2021.com.br.

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