Domingos Martins/ES vai ter treinamento em Defensivos Agrícolas
Feijão que demore muito para cozinhar o consumidor não quer. Também rejeita arroz quebrado. O que esses dois produtos indesejados têm em comum? Ambos carregam para as gôndolas problemas gerados lá atrás — na semeadura.
O bom produto agrícola se faz de vários fatores em harmoniosa interação - solo, clima, insumos, tecnologias e manejo da lavoura. Em meio ao complexo de produção, a semeadura é uma etapa determinante, que requer adequação e gera reflexos na qualidade do produto final.
Por desconhecimento e por desconsiderar o valor de cada etapa ao semear, agricultores cometem falhas — lubrificam incorretamente a máquina, misturam sementes com fertilizantes, além de distribuí-las de forma incorreta e danificá-las. Esses equívocos atingem diretamente a produtividade dos campos e o negócio dos agricultores. Problemas que podem ser evitados pelo acesso à informação. Para transferir tecnologia sobre semeadura, o Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, irá realizar o curso sobre qualidade na operação de semeadoras, neste dia 30, das 8h30 às 16h30, em Jundiaí, no Centro de Engenharia e Automação do IAC.
No curso será abordada a semeadura de grãos com ênfase em culturas de verão: soja, milho, algodão, feijão e girassol. A tecnologia se aplica a pequenas e grandes propriedades e pode beneficiar praticamente todas as regiões produtoras de grãos do Brasil, com destaque para as áreas de soja, milho e feijão, segundo Afonso Peche Filho, pesquisador do IAC, instituto da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento.
O resultado das falhas citadas no início deste texto é uma lavoura com plantas mal formadas e improdutivas, além de custos excessivos. Isto é: tudo que o produtor não quer ter. O erro de regulagem da máquina, que é apenas um dos muitos fatores, pode levar à perda de 12 mil plantas por hectare de milho, por exemplo.
Mas, se o produtor precisa saber o que evitar na semeadura, ele também deve conhecer a forma correta de fazê-la. No curso serão mostrados os principais pontos para se ter uma boa operação de semeadora — manutenção da máquina, com boa regulagem e velocidade adequada sempre, além do uso de bons insumos, como semente, e mão de obra treinada. "Nos dias atuais, cada vez mais, as máquinas dependem do operador qualificado para utilizar de seus componentes e da tecnologia moderna", afirma Peche.
A regulagem da máquina é fator preponderante para uma semeadura de qualidade, pois envolve um conjunto considerável de componentes que vão se desgastando ao longo do trabalho. Outra orientação relevante é sobre o tempo da operação — a velocidade indicada para operar a maioria das semeadoras brasileiras está entre 5 e 6 km por hora, com um consumo de diesel por volta de dez litros, segundo Peche. "O custo operacional é muito variável e depende do tamanho da semeadora e do espaçamento entre linhas determinado para a cultura", explica.
De acordo com o pesquisador, é importante destacar também o papel da semente, que representa um dos três insumos fundamentais da operação. Os outros dois são fertilizante e graxa. "Se a semente não tiver qualidade, não há operação de semeadura que resolva esse problema", ressalta.
Semear com qualidade resulta da gestão de pequenos detalhes e, em geral, o produtor valoriza um ou dois aspectos, como a quantidade de semente na linha, o chamado estande, e o fechamento do sulco. "Os benefícios da operação correta são alta rentabilidade por planta e significativo passo para uma lavoura rentável", diz Peche.
Nem sempre o correto é como vem sendo feito
Os ganhos de produtividade da agricultura brasileira estão diretamente ligados à adoção de tecnologias. Por isso o IAC aproveita a interação com produtores para transferir informações sobre fatores que afetam a semeadura: sementes, solo, máquina, clima e operador. Por mais corriqueira que pareça a operação, praticá-la corretamente pode ser bem diferente do que vem sendo costumeiramente adotado há décadas pelos agricultores das diversas regiões agrícolas. Em geral, sabe-se que a profundidade do plantio das sementes e de adubos varia de acordo com a cultura, a umidade e o tipo de solo, além da época da semeadura. E que cada um desses fatores influencia o produto que chega às mãos do consumidor. Por exemplo, a época em que o feijão é semeado reflete na qualidade para o cozimento do grão. E o aumento da densidade de semeadura fez crescer a porcentagem de grãos de arroz quebrados, implicando na redução da qualidade física e do preço do produto. Isso para ilustrar apenas duas situações.
O agricultor sabe também que o adubo deve ser depositado ao lado e abaixo da semente. E que a máquina deve cobrir as sementes e, sobre elas, compactar o solo. Porém, essas etapas podem ser aprimoradas no sentido de gerar o melhor resultado no campo. E para isso há tecnologias disponíveis. Prontas para serem adotadas. É preciso aproximá-las dos usuários finais.
SERVIÇO
Qualidade na operação de semeadoras
Data: 30 de setembro de 2009
Horário: das 8h30 às 16h30
Local: Centro de Engenharia e Automação – CEA/IAC - Rodovia Dom Gabriel Paulino Bueno Couto, km 65. Jundiaí, SP.
Informações: 11- 45828155 / 45828467 – e-mail:
Programação
1ª Etapa: Embasamento teórico – atividade em sala
- Conceito de qualidade operacional em lavouras.
- Relações da qualidade de insumos com o desempenho de máquinas.
- Métodos estatísticos da qualidade.
2ª Etapa: Avaliação de semeadoras e componentes – atividade de campo
- Avaliação dos elementos orgânicos.
- Avaliação de componentes.
- Técnicas de manutenção operacional.
3ª Etapa: Qualidade operacional – atividade em sala
- Indicadores de qualidade operacional na semeadura.
- Técnicas para controle da qualidade operacional.
- Técnicas para avaliação de desempenho.
- Perfil do semeador/operador profissional de qualidade.
Carla Gomes
Assessora de Imprensa – IAC
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