Brasil e Argentina ajustam comércio de produtos agrícolas
Poder colher o alimento e não ter medo de consumi-lo na hora é privilégio de poucos. Isto é possível na propriedade de um hectare do agricultor familiar e feirante de Bagé, Glênio Caldeira, 55 anos, que produz hortaliças e frutas de forma orgânica, sem a utilização de defensivos agrícolas. Quando mais uma Semana da Alimentação se aproxima – no Estado o período é celebrado de 15 a 21 de outubro – o exemplo de Caldeira pode servir como estímulo para que a população busque, cada vez mais, saber quem são os produtores e como são produzidos os alimentos no município.
O Dia Mundial da Alimentação é comemorado em 16 de outubro. Neste ano o tema proposto para debate é “Cooperativas agrícolas que alimentam o mundo”. Atualmente Bagé conta com cerca de 30 produtores que compõem a Associação Bageense de Hortifrutigranjeiros. São eles que levam à mesa da população uma parcela dos alimentos consumidos na cidade e no campo.
Na horta e pomar de Caldeira, situados na localidade do Piraí, são plantados e colhidos alimentos variados, como alface, couve, salsa, tomate, pepino, melão, bergamota, pêssego e morango, entre outros. A produção de alimentos na família já está na terceira geração, mas foi a 25 anos que o produtor decidiu trabalhar com alimentos orgânicos. “Quando eu tinha 20 anos tive problemas de saúde por causa dos agrotóxicos. Então eu percebi que aquilo não serviria para o futuro”, revelou o agricultor.
Para ele, manter a produção orgânica exige determinação e conhecimento. “O resultado disso é a credibilidade que conquistamos com as pessoas. Principalmente porque é possível contribuir com a saúde delas. Se as pessoas conseguissem entender que mais veneno é menos saúde, tudo poderia ser diferente. Mas as pessoas muitas vezes não percebem isso porque os efeitos colaterais não são instantâneos e aparecem depois”, disse.
Caldeira tem uma admiração especial pelo local onde vende seus produtos: a Feira Livre de Bagé. Para ele, o espaço permite a troca direta de conhecimentos com o consumidor. “Muitos clientes às vezes reclamam que uma folhinha de couve está furada. Mas aí é que eu pergunto: você vai comer estética ou sabor e qualidade? Porque é justamente na folha impecável que, em alguns casos, pode estar o problema”, alertou Caldeira, que garante só aplicar algum remédio nos alimentos em último caso. “Sempre tento trabalhar da forma mais natural possível”, completou.
A luta pela produção orgânica não é só de Caldeira. Outros produtores também caminham neste sentido em Bagé. “Muitos ainda não conseguem produzir totalmente desta forma, até mesmo pela pressão do mercado, e isto é compreensível”, disse.
De acordo com o técnico da Emater/RS-Ascar, Eloí Pozzer, o maior limitante para quem lida com as hortas é a mão de obra. “Cuidar de uma horta é mais difícil do que cuidar da saúde de uma pessoa. Horta é para quem tem o dom. A maior dificuldade que eles têm hoje é a questão da mão de obra”, finalizou Pozzer.
Produção para o supermercado
Se você já se perguntou de onde vem a alface ou a couve que compra nos mercados bageenses, a resposta pode estar em um nome: Jadirlon Costa Barcelos, 40 anos, e há 14 no setor. Ele é sinônimo de eficiência. Produz em oito hectares e, apesar de não ser o único, hoje é um dos principais abastecedores das redes locais de supermercado.
Com uma organização de dar inveja, Barcelos conta, basicamente, com o apoio da família e de poucos funcionários para tocar o trabalho, que compreende a produção de variedades de alface e couve, espinafre, mostarda, tempero verde, pimentão e beterraba.
“Fico feliz por poder produzir este tipo de alimento, porque a gente sabe que pode estar levando melhor qualidade de vida para as pessoas, já que são produtos mais leves e saudáveis dentro da alimentação”, destacou Barcelos.
Dia Mundial da Alimentação
O Dia Mundial da Alimentação foi criado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), com o intuito de ressaltar a relevância das temáticas que envolvem a alimentação e a nutrição. O tema deste ano foi escolhido para destacar o papel das cooperativas na melhoria da segurança alimentar e na contribuição para a erradicação da fome.
A Semana da Alimentação no Rio Grande do Sul é organizada por entidades governamentais e da sociedade civil, tais como a Emater/RS-Ascar, a Ação da Cidadania RS, o Fórum Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (Fesans RS), a Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social do RS (STDS), o Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável do RS (Consea RS) e o Conselho de Nutricionistas da 2ª Região (CRN2).
Em Bagé, a programação da Semana da Alimentação fica a cargo do Conselho Municipal de Segurança Alimentar, e deve ser divulgada nos próximos dias.
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