Emater-RS indica perdas significativas nas lavouras de soja do Rio Grande do Sul
Perdas crescentes decorrem de debulha natural, grãos germinados e avariados e falhas na trilha, todas exacerbadas pelo excesso de umidade; colheita do milho avançou
A 10ª edição do Abisolo – Fórum e Exposição, promovido pela Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo), foi realizada nos dias 05 e 06 de junho, no Expo Dom Pedro, em Campinas (SP), reunindo conteúdos apresentados por diversos especialistas da indústria de fertilizantes especiais, além de expositores do setor. Na quinta-feira, segundo e último dia do fórum, mais dois painéis trouxeram para debate os temas “Evolução Tecnológica do Setor” e “Inteligência de Mercado – Fertilizantes Especiais”. Nos dois dias de evento, mais de mil congressistas acompanharam os conteúdos de fertilizantes minerais, organominerais, orgânicos, biofertilizantes, condicionadores de solo e substratos para plantas.
O terceiro painel contou com o professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Átila Mógor (na foto), que apresentou os “Aspectos Fisiológicos da Absorção Foliar de Nutrientes”. Mógor abordou o processo de absorção de nutrientes aplicados nas folhas, um tema de vital importância para a agricultura.
O professor mostrou que a absorção vai além das cutículas das folhas. “A disponibilização dos nutrientes ocorre no interior do tecido foliar até a metabolização pelas células, em uma complexa dinâmica do apoplasto e sua interferência na disponibilidade dos nutrientes’”, explicou o professor.
Mógor detalhou como diferentes formulações influenciam a velocidade da disponibilização dos nutrientes, com ênfase nos processos fisiológicos que promovem ou limitam a disponibilização. “Fatores ambientais, como os estresses abióticos, também podem afetar a absorção e disponibilidade de nutrientes aplicados nas folhas, motivo pelo qual a utilização das formulações de fertilizantes especiais é fundamental para uma nutrição eficaz”, destacou Mógor.
A segunda palestra foi apresentada pelo engenheiro agrônomo e professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Fabrício Ávila Rodrigues, que abordou o tema “Interação Nutrição Mineral e Doença de Planta”. O conteúdo da palestra foi baseado na segunda edição atualizada do livro acadêmico “Nutrição Mineral e Doença de Plantas”, de Lawrence E. Datnoff e Wade H. Elmer, traduzido e editado pelo professor, com apoio da Abisolo.
Rodrigues destacou o papel da nutrição no combate de doenças das plantas. “A planta deve estar num estado nutricional adequado para suportar as alterações que ocorrem em sua fisiologia devido à doença”, disse o palestrante. Ele destacou que as consequências vão além da plantação. “As doenças afetam a quantidade e a qualidade dos produtos agrícolas, acordos comerciais, a saúde humana e a segurança alimentar, além da economia regional, nacional e mundial”, alertou o professor durante a palestra.
Ele ainda reforçou que os nutrientes oriundos de fertilizantes precisam ser aplicados de forma, na quantidade e na hora corretas. “Esses nutrientes precisam estar dosados, porque em quantidades inadequadas também são maléficos”, alertou o professor ao mencionar que o papel cada nutriente no processo da doença deve ser visto no contexto holístico, considerando as inúmeras interações desses elementos nos tecidos da planta, a planta hospedeira, o sistema radicular e os micro-organismos benéficos.
Em seguida, o professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Sérgio Mazaro, foi o responsável pela apresentação do tema “Avanços e desafios no uso de agentes biológicos” e apresentou os sete pilares para o sucesso com o uso desses insumos, com casos de aplicações em diferentes culturas e localidades.
De acordo com o professor, o uso dos biológicos deve ser orientado por sete pilares: produtos de boa qualidade, especificidade da cepa do isolado em função do uso que se quer dele, forma de aplicação para atingir o alvo pelo biológico, condições de aplicação, compatibilidade de acordo com outros produtos utilizados no manejo de pragas e doenças, tecnologias envolvidas e manejo do sistema.
Mazaro também abordou os avanços na indústria de formulação dos insumos biológicos e destacou os problemas que muitas vezes levam ao uso ineficiente desses microrganismos pelos produtores. Na lista de avanços citados pelo palestrante estão a ampliação do mercado, novos produtos e cepas, melhoria da qualidade e formulações mais efetivas.
Entre os desafios, ele listou a capacitação, melhoria da performance, a exploração do potencial metabólico, manejo de sistema e legislação específica do setor. “O mercado biológico ainda tem muita condição de crescer. Quem defende só o químico e quem defende só o biológico não tem sucesso. Tem que haver uma sinergia entre os dois”, orientou o palestrante.
Na última palestra do período da manhã, “Fertilizantes e Mitigação de Estresses Abióticos”, o professor da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Paulo Marchiori, abordou a importância da nutrição para a defesa da planta. “Quem quer produzir tem que permitir que a planta transpire e esse é o elemento mais importante para o crescimento e desenvolvimento dela, já que o principal agente estressor é a falta de água”, afirmou.
Em sua palestra, Marchiori apresentou uma conceituação teórica do que é este estresse e como os nutrientes minerais podem ajudar, além de alguns estudos de casos. “Manter uma planta bem nutrida, com o manejo dos nutrientes, é o primeiro passo para evitar situações de estresse e isso é feito por meio de alimentos minerais, olhando todo o sistema de forma holística.
O quarto e último painel do X Abisolo – Fórum e Exposição foi dedicado à inteligência de mercado e ao uso de fertilizantes especiais em diferentes culturas. A primeira palestra ficou a cargo do diretor executivo LATAM da Kynetec, André Malzoni Dias, que apresentou o tema “Adoção e Potencial de Adoção dos Fertilizantes Especiais na Cultura da Soja”.
Dias compartilhou o painel de nutrição vegetal utilizado pela Kynetec, com dados quantitativos obtidos por três meses de entrevistas em mais de 675 cidades e explicou que o valor de mercado é calculado por meio do PAT (área potencial tratada). “Multiplicamos a área que o trator passou com o produto pelo número de aplicações e então pela quantidade de produto dentro do tanque. É o melhor indicador de adoção de tecnologia’, explicou Dias.
O palestrante também afirmou que o uso de fertilizantes para aplicação via folha tem avançado ao longo dos últimos anos. “Ainda há dispersões importantes quanto à adoção/intensidade nas regiões. O subsegmento de fertilizantes foliares possui maior adoção, chegando a quase 80%, seguido por tratamento de sementes, com 60%, e biofertilizantes, com 39%”, listou Dias.
Os biofertilizantes seguem com grande potencial de expansão, tanto em adoção como em número de tratamentos realizados por safra. De acordo com ele, a mudança da faixa etária dos decisores também influencia esse crescimento e as estratégias de marketing das empresas. O palestrante explicou que os novos decisores comparam preços e querem ver a aplicação: 50% das compras são baseadas em quesitos como fornecimento nutricional, crescimento e desenvolvimento da planta, formação e enchimento dos grãos.
O tema seguinte, “Adoção e Potencial dos Fertilizantes Especiais na Cultura do Milho”, foi apresentado pelo coordenador de projetos agronômicos da Céleres, Erickson Oliveira, que pautou sua apresentação em três pontos principais: cenário atual, visão de mercado do futuro e como participar desse mercado em crescimento?
A perspectiva de crescimento da cultura é de 12% a.a. pelos próximos anos e, na opinião do palestrante, é considerada uma boa perspectiva. “É um crescimento arrojado, pautado também pela utilização de fertilizantes especiais na cultura do milho. Isso permite arrumar a casa, pensar em novas estratégias, novas eficiências”, disse Oliveira.
Quanto ao futuro, uma variável que traz otimismo em relação ao crescimento do mercado de fertilizantes especiais na cultura do milho é a área semeada. O Brasil exporta 50 milhões de toneladas ao ano. Para atender a demanda até 2033/34 será necessário exportar o dobro, 100 milhões de toneladas. “Isso será viável por meio da dobradinha soja e milho, que aumenta a margem da operação em 70%. Mas aumentar só a área não é suficiente. Precisa aumentar a produtividade em pelo menos 15%”, delineou o palestrante.
Para participar desse crescimento, Oliveira destaca a necessidade de mudar as estratégias. “Um líder de mercado precisa focar em inovação, direcionar a atenção do cliente, educá-lo a usar os produtos. Entregar não somente produto, mas conhecimento”, afirmou o palestrante ao comentar que um novo player precisa entender as dores que ainda não são atendidas e investir em pós-vendas, comunicação e treinamentos, portfólio variado e serviços.
A última palestra do X Fórum Abisolo ficou a cargo do engenheiro agrônomo e professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq), Rafael Otto, que apresentou a “Adoção e Potencial de Adoção dos Fertilizantes Especiais na Cultura da Cana-de-Açúcar”. Otto abordou o que está acontecendo na cultura da cana em termos de novos produtos, com destaque para aqueles que trazem maiores resultados e que possuem potencial para serem adotados.
Segundo Otto, o grupo de fertilizantes especiais, os estabilizados (ureia + NBPT) e os fertilizantes de liberação lenta ou controlada tendem a ter uma diminuição na demanda. Já na lista dos produtos que possuem alta de crescimento, ele listou biofertilizantes no sulco de plantio ou corte de soqueira, adubos organominerais (plantio e soqueira), adubo foliar e extrato de algas ou aminoácidos no manejo pré-seca.
O quarto e último painel do X Fórum da Abisolo foi encerrado por uma mesa-redonda com a participação dos palestrantes do quarto painel, aberta às perguntas dos participantes, e mediada pelo vice-presidente do Conselho Deliberativo da Abisolo, Gustavo Branco.
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