Seca prejudicou produção de soja nas últimas cinco décadas

Perdas acumuladas alcançam 280 milhões de toneladas, equivalentes a US$ 152 bilhões

26.11.2024 | 14:59 (UTC -3)
Revista Cultivar

A seca comprometeu de forma significativa a produção de soja no Brasil nas últimas cinco décadas. Apesar de avanços em técnicas de cultivo e melhorias genéticas, os impactos da variabilidade hídrica continuam a afetar a principal cultura agrícola do país, com perdas acumuladas que alcançam 280 milhões de toneladas, equivalentes a US$ 152 bilhões. A consta em estudo de pesquisadores da Meta Agribusiness e da Embrapa Soja.

Desde os anos 1970, o Brasil emergiu como líder mundial na produção de soja, sendo responsável por mais de 40% do volume global. Entretanto, cerca de 11,65% da produção anual foi perdida devido à seca durante esse período. Estados como Rio Grande do Sul e Mato Grosso, grandes produtores, destacaram-se não apenas pelo volume absoluto de produção, mas também pela exposição a perdas severas em anos críticos.

O estudo aponta que as perdas foram mais frequentes no Sul e no Matopiba (região que inclui Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). A gravidade foi mais acentuada no Rio Grande do Sul, que registrou perdas de 25% da produção em algumas safras.

Seca e tecnologia: a dupla realidade

Embora as perdas em termos percentuais tenham diminuído após os anos 1990, graças a melhorias em manejo e tecnologias como o zoneamento agrícola, os eventos climáticos extremos permanecem como fatores de risco elevado.

A temporada 2022/2023 ilustra esse ponto: enquanto o Brasil atingiu uma produção histórica de 154 milhões de toneladas, o estado do Rio Grande do Sul enfrentou perdas de 42% em sua produção, comprometendo 97% do total nacional de perdas.

Soluções sustentáveis

O estudo também destaca a importância de políticas públicas e privadas focadas em mitigação de riscos. Entre elas, destacam-se:

  • Zoneamento agrícola de risco climático: já implementado, esse sistema precisa de atualizações frequentes para acompanhar a intensificação das mudanças climáticas.
  • Investimento em cultivares resilientes: genéticas mais adaptadas às condições de seca demonstraram eficácia parcial, mas ainda há um caminho a percorrer.
  • Seguro agrícola: expansão e adaptação de apólices podem ajudar a minimizar impactos financeiros para agricultores.

Os dados reforçam a urgência de uma abordagem integrada que alinhe pesquisa, políticas públicas e práticas agrícolas inovadoras. A adaptação é crucial não apenas para sustentar a posição do Brasil como potência agrícola global, mas também para garantir a segurança alimentar em um cenário de crescimento populacional e intensificação de eventos climáticos extremos.

Mais informações podem ser obtidas em doi.org/10.3390/agriculture14122144

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