Sanções da Otan à Rússia ameaçam custo agrícola no Brasil

Medida pode restringir acesso a fertilizantes russos, que representam mais de 25% das importações brasileiras

19.08.2025 | 16:32 (UTC -3)
Camille Magri

Um novo risco geopolítico ganhou destaque após o secretário-geral da Otan, com apoio dos Estados Unidos, ameaçar impor sanções secundárias a países que mantêm relações comerciais com a Rússia. A medida pode atingir diretamente o Brasil, que depende de fertilizantes russos para 26% de suas importações. É o que aponta o Agro Mensal, relatório divulgado pela Consultoria Agro do Itaú BBA.

Em um cenário de restrição, o país teria que buscar fornecedores alternativos, possivelmente mais caros, o que elevaria os custos de produção agrícola. A situação pode agravar o quadro já desfavorável para produtores, especialmente de grãos, que enfrentam relação de troca menos vantajosa entre produtos agrícolas e fertilizantes.

Segundo o documento, no mercado, os nitrogenados seguem em alta, com a ureia subindo 5,2% em julho, para USD 455/t nos portos brasileiros. Potássicos e fosfatados mostraram estabilidade, com o MAP (fosfato monoamônico) caindo 0,3% no mês, para USD 757,5/t, e o KCl (cloreto de potássio) mantendo-se a USD 362,5/t.

A Rússia se destaca como fornecedor disponível e, em geral, mais competitivo que outras origens. Em 2024, 53% do MAP e 40% do KCl importados pelo Brasil vieram do país, enquanto na ureia a participação russa foi de 20%.

A oferta de nitrogenados já sofre com interrupções desde o início de conflitos recentes, avalia o Itaú BBA. Fábricas de ureia no Egito pararam, a atividade no Irã foi reduzida devido à guerra Israel-Irã, e em julho uma planta russa de nitrogenados foi atingida por drone. Esse cenário levou países com compras centralizadas, como a Índia, a anteciparem aquisições por precaução. Assim, mesmo com a queda nos preços internacionais do gás natural — principal insumo dos nitrogenados —, a ureia e outros produtos seguem em trajetória de alta.

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