Safra de algodão e soja na Bahia pode ter prejuízos de R$1 bilhão

05.03.2013 | 20:59 (UTC -3)
Fonte: Assessoria de Imprensa

A Nova diretoria da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), eleita para o biênio 2013/2014, tomou posse na última sexta-feira, (01), em Barreiras, região Oeste, e discutiu ações de controle à praga Helicoverpa, (nome científico da lagarta que ataca a cultura do milho, e que neste momento ataca as culturas de algodão e soja). Em reunião realizada com associações de produtores, no auditório da Aiba, na tarde de sexta-feira, o secretário estadual de Agricultura, Pecuária, Irrigação, Reforma Agrária, Pesca e Aqüicultura, engenheiro agrônomo, Eduardo Salles, apresentou as ações discutidas pelo ao governo do Estado e Ministério da Agricultura para auxiliar o produtor, neste momento considerado extremamente crítico para as lavouras de algodão e soja, no Oeste baiano.

Durante a reunião, os produtores fizeram os cálculos dos prejuízos sofridos até o momento, e concluíram que, as perdas na produção de algodão chegam a 15%, num total gasto de U$ 100 milhões/ha. Enquanto que a soja teve uma perda de 10%, num total gasto de U$162/milhões/ha, tendo as duas somas o montante de U$ 262 milhões. Já os gastos com defensivos agrícolas para combater a lagarta no algodão, somam o prejuízo de U$ 300 mil por hectare, o que equivale a U$81 milhões/ha, baseado numa área de 270 mil hectares. Para a soja, os gastos com defensivos somam U$ 100 mil/ha, que equivale a U$ 130 milhões por ha, numa área de U$1,3 milhões de hectares. Diante destes números, o prejuízo deve chegar a U$ 500 milhões, R$1 bilhão aproximadamente, disse Salles.

O titular da pasta falou ainda que, a situação chegou ao status de emergência fitossanitária, tendo em vista, que num prazo médio de 72 horas, conforme relato de produtores, a Helicoverpa é capaz de dizimar 100% da lavoura. E que devido à gravidade do problema serão montados dois escritórios de situação de emergência, um no escritório da Adab e outro no Ministério da Agricultura. Vale lembrar, que ainda faltam cerca de 80 dias para a conclusão da colheita de algodão no Oeste, dado que confere aos produtores, calcular prejuízos ainda maiores, segundo o presidente da Aiba, Júlio Busato.

Na ocasião, o governador Jaques Wagner ligou para o secretário informando que já havia entrado em contato com o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, e a presidenta Dilma Rousseff, bem como com o presidente da Embrapa, Maurício Antônio Lopes, para relatar a situação de emergência sanitária, e em função disto, acelerar o registro de produtos agroquímicos, já em largo uso e eficiência comprovada em outros países.

Na última semana, os produtores da região Oeste se reuniram no município de Luiz Eduardo Magalhães, para discutir alternativas para solucionar o problema. Após a discussão, os produtores argumentaram ao secretário de Agricultura, Eduardo Salles, que a solução imediata é justamente acelerar o processo de registro dos produtos agroquímicos, uma vez que não existe nenhum produto desta natureza registrado especificamente no uso dessas culturas, para combater a lagarta, que antes atingia apenas a cultura do milho. Por vias normais, o registro pode demorar anos para ser aceito, pois depende da aprovação do Ministério da Agricultura (Mapa), do Ministério do Meio Ambiente, por meio do Ibama e do Ministério da Saúde, via Anvisa.

Em comunicado ao secretário de Agricultura, o diretor do Departamento de Sanidade Vegetal (DSV/SDA/Mapa), Cósam de Carvalho Coutinho, informou que consta no cronograma de ações, recepcionar os pareceres técnicos gerados pela Embrapa e Adab na última, segunda-feira; bem como a Caracterização de situação de emergência fitossanitária, pelo DSV e o acionamento das instâncias do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária. Ainda na segunda-feira (04), está programada a convocação do Comitê Técnico de Assessoramento de Agrotóxico e notificar ao Fórum Nacional dos Executores de Sanidade Agropecuária (FONESA), sobre o andamento da situação e ações executadas. Para esta quarta-feira (06) está previsto o encaminhamento de solicitação à Coordenação-Geral de Agrotóxicos e Afins (DFIA/DAS) para adotar os procedimentos de registro de agrotóxico para uso em emergências fitossanitárias, e instalação do gabinete de situação de emergência fitossanitária na Adab e Mapa (grupo nacional de emergência fitossanitária) já nesta sexta-feira. No último final de semana, a Adab junto com a Embrapa está fazendo um laudo detalhando os estragos causados pela Helicoverpa a ser encaminhado para o Mapa para dar celeridade ao processo do decreto de estado de emergência, assegura Eduardo Salles.

A presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Isabel Cunha, comunicou que a entidade promoveu a viagem de alguns pesquisadores, especialistas e consultores da região para Austrália, país que desde a década de 90 aprendeu a conviver com esta praga, no intuito de conhecer as técnicas usadas no controle da mesma, e disseminar estas tecnologias para os produtores. Ela afirma que não se pode, ainda, mensurar exatamente o prejuízo real causado pela Helicoverpa, mas que a estimativa próxima de um bilhão de reais já é bem preocupante.

Sobre o assunto, o produtor, agrônomo e presidente da Aiba, Júlio César Busato, recém-empossado, disse que dará seguimento às parcerias da Associação firmadas pela antiga diretoria junto aos governos municipal, estadual e federal, e tentar implementar uma aproximação com universidades no sentido de fomentar pesquisa e transmiti-la aos produtores.

Ele assegura que a Helicoverpa surpreendeu a todos os produtores da região pela sua ação destrutiva e rápida, mas que a tempo, estão respondendo da mesma forma. “O secretário Eduardo Salles entendeu bem o problema, já mobilizou a Adab, a EBDA, e já estamos conversando com o Ministério da Agricultura, respaldados pelo empenho do governador da Bahia, que levou o problema para a presidenta Dilma, para algumas ações emergenciais.” Comentou Busato. Uma comitiva formada pela presidente da Abapa, Isabel Cunha, diretor geral da

Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB), Paulo Emílio Torres; Celito Breda, presidente da Associação dos Consultores, e outras entidades representativas dos produtores, levaram ao Mapa uma lista de produtos agroquímicos, usados em outros países, que podem combater a lagarta, mas que aqui no Brasil, ainda não obtiveram seu registro ainda, e estão lá para serem registrados. Queremos uma acelerar este processo para que possamos ter mais uma arma no combate desta praga, disse Busato. Ele acrescenta que sua classe deseja que o Mapa lance um decreto em que se permita usar estes produtos listados.

Outra ação orquestrada pelos produtores e seus representantes é reunir todas as ações do setor do Oeste da Bahia para traçar um plano de combate integrado a esta lagarta, nos moldes do que foi feito com o plano da ferrugem asiática e o com o plano do bicudo; “só que é um plano bastante complexo porque vai envolver todos os produtores de praticamente todas as culturas, mas é uma medida que tem de ser tomada, não existe um plano B, precisamos implementar este plano e que ele tenha sucesso”, ressalta Busato.

Um dos grandes problemas na visão dos produtores é que esta praga ataca aquilo que os interessa, a vagem e o grão, no caso da soja, e no algodão ela ataca as maçãs que são as estruturas reprodutivas. “Talvez a produtividade diminua bastante, já que uma vez atacada à lavoura, perde-se toda produção”, conclui o presidente da Aiba.

Durante a solenidade de posse da nova diretoria da Aiba, a Seagri homenageou e agradeceu os produtores que contribuíram com a Campanha SOS Seca, pela doação de quase 1 milhão de quilos de milho, farelo e caroço de algodão para milhares de pequenos criadores na Bahia, neste que é, na visão do secretário, Eduardo Salles, o momento mais difícil da história para os criadores do Semiárido baiano. Cada homenageado, Armando Sá, diretor da Adab, e Estela Ferraz, diretora da Superintendência de Agronegócio, receberam um prato com selo de responsabilidade social, que simboliza o agradecimento dos criadores beneficiados pelas doações, conforme Salles.

Sobre a posse da nova diretoria, o secretário, no ato, representando o governador Jaques Wagner, falou da importância dos trabalhos realizados pela Aiba e sua trajetória atuante em prol da classe dos produtores do Oeste baiano. E agradeceu a parceria produtiva com a diretoria que deixa o posto, na pessoa do ex-presidente Walter Horita, e do ex- vice-presidente Sérgio Pitt, que tiveram papel fundamental para arrecadação dos alimentos que alimentarem centenas de animais pelo Estado, em mais de 10 municípios. Quanto à nova diretoria, Eduardo Salles agradeceu enfatizando que a Seagri está à disposição da entidade.

Na oportunidade, o presidente do Sindicato dos produtores de Miguel Calmon, Humberto Miranda de Oliveira expressou o agradecimento dos criadores de animais das regiões que sofrem com o longo período da seca na Bahia, ressaltando que se não fossem as doações, ação decisiva na luta da convivência com a seca, os agricultores sofreriam ainda mais.

O SOS Seca é uma iniciativa da Seagri abraçada pelos grandes produtores do Oeste através da Aiba.

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