Especialistas em segurança na aplicação de agroquímicos que estudam a exposição do trabalho rural a esses produtos se reúnem na capital Paris, amanhã, 3. Durante a reunião, será apresentado um novo método, desenvolvido no Brasil, com objetivo de avaliar a contaminação de vestimentas protetivas ao trabalho rural por resíduos de defensivos agrícolas. Os participantes do evento são membros do Consórcio Internacional de Qualidade de Equipamentos de Proteção Individual na Agricultora.
O estudo originário do Brasil foi liderado pelos pesquisadores Hamilton Ramos, brasileiro e Anugrah Shaw, ela uma cientista dos quadros da Universidade de Maryland Easternshore (EUA). Conforme Ramos, todo o desenvolvimento da pesquisa ocorreu no Centro de Engenharia e Automação do Instituto Agronômico (CEA-IAC), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de SP, sediado em Jundiaí e teve o apoio da UIPP - Union des Industries de la Protection des Plantes, da França.
De acordo com Ramos, sua pesquisa teve por objetivo padronizar uma metodologia para investigar resíduos e parâmetros de segurança de matérias-primas empregadas na fabricação de equipamentos de proteção individual (EPI), “sobretudo após o final da vida útil destes produtos”, ressalta ele.
Segundo Ramos, o resultado do trabalho trará ganhos de sustentabilidade a países agrícolas, ao ajudar a reduzir a exposição do trabalhador rural e do ambiente a agentes químicos. Um dos pontos mais importantes do estudo, destaca ele, é o de revelar se vestimentas protetivas devem ser descartadas como lixo comum ou tóxico, “ou ainda se não necessitam ser descartadas, podendo ser reutilizadas para outros fins após lavagem e descontaminação”.
Essa checagem, continua Ramos, é indispensável para preservar a saúde no campo e ainda não foi feita sob o olhar científico em nenhum lugar do mundo.
Hamilton Ramos coordena ao programa IAC-Quepia de Qualidade de Equipamentos de Proteção Individual na Agricultura, iniciativa que conta com apoio do setor privado e estuda há mais de 13 anos a qualidade da produção da indústria brasileira e mundial de vestimentas protetivas agrícolas.
Fruto de uma parceria entre o setor privado e o Centro de Engenharia e Automação do Instituto Agronômico (CEA-IAC), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de SP, o Quepia teve peso decisivo para reduzir, no Brasil, a reprovação de vestimentas protetivas submetidas a certificações de qualidade. Esse índice, que era de 80% no ano de 2006, caiu para 20% no ano passado.