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Uma reunião do Comitê Mundial da entidade certificadora International Standartization Organization (ISO), que vai até o dia 22 na cidade chinesa de Hangzhou Shi, terá boa parte da agenda dedicada à análise de estudos desenvolvidos no Brasil. O pesquisador Hamilton Ramos levará ao encontro recomendações formais para alterar duas normas da ISO aplicáveis a vestimentas de proteção utilizadas no trabalho rural, além de propor a criação de uma nova norma ISO para luvas protetivas.
Coordenador do programa IAC-Quepia de Qualidade de Equipamentos de Proteção na Agricultura e cientista do Centro de Engenharia e Automação do Instituto Agronômico (CEA-IAC) - órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo -, Ramos conduziu seus trabalhos no laboratório avançado do “Quepia”, na cidade paulista de Jundiaí.
Ele trabalhou em conjunto com a cientista norte-americana Anugrah Shaw, da Universidade de Maryland (Estados Unidos). Os recursos para a viabilização dos estudos vieram do Consórcio Internacional para Desenvolvimento e Avaliação de Equipamentos de Proteção para o Trabalho com Agroquímicos.
Simulações e segurança - O primeiro estudo dos cientistas recomenda ao Comitê da ISO promover alterações estruturais numa cabine de testes, específica para avaliações de risco e segurança de vestimentas agrícolas com base da norma ISO 17491-4. Ramos informa que essa cabine equivale a um simulador de aplicações terrestres de agroquímicos. Há apenas dois equipamentos do tipo no Brasil - um deles fica no laboratório do Quepia.
Formado por uma plataforma giratória suspensa, fechada por vidros e dotada de bicos e pontas de pulverização, o aparelho mede cerca de 3 metros de diâmetro e 3 metros de altura. Nas simulações, uma pessoa treinada, equipada com uma vestimenta protetiva, faz movimentos de corpo similares aos de um trabalhador rural que no dia a dia maneja agroquímicos no campo. Simultaneamente, bicos e pontas de pulverização lançam sobre a vestimenta em teste quantidades de um líquido semelhante a determinados agroquímicos, porém não tóxico.
“A proposta que levaremos à ISO é a de mexer nas especificações de bicos e pontas de pulverização do simulador. Esta medida, segundo concluímos, tornará as simulações ainda mais precisas e trará ganhos de qualidade à norma que versa sobre a segurança de vestimentas protetivas”, resume Ramos.
O segundo estudo produzido pelos pesquisadores foi igualmente voltado às certificações de vestimentas agrícolas, entretanto aplicável à norma da ISO 27065, que trata da permeabilidade de equipamentos protetivos agrícolas.
Até pouco tempo atrás, explica o pesquisador, os ensaios dessa norma eram realizados com a utilização do herbicida químico de nome Prowl. Por se constituir num produto medianamente tóxico, o Prowl é alvo de restrições regulatórias que dificultam sua importação, “um cenário que atrasa estudos relevantes em andamento na área, em todo o mundo”, observa Ramos.
Após dois anos de estudos, Ramos e Shaw chegaram a um corante de cor amarela, não tóxico e de consistência idêntica ao Prowl, que tende agora a ser adotado pelo Comitê da ISO como requisito da norma ISO 27065. O novo corante testado em Jundiaí também serviu de base técnica a ensaios preliminares para a elaboração da primeira norma da ISO atrelada à qualidade de luvas para manuseio de agroquímicos (ISO 18889), outra proposta que será discutida na reunião da China. Participarão do encontro mais de 20 cientistas de países agrícolas.
“Estamos otimistas quanto à aceitação de nossas propostas na reunião da China. Foram trabalhos de longa duração que produziram resultados bastante consistentes”, finaliza Hamilton Ramos.
Com origem numa parceria entre o CEA-IAC e a indústria nacional de equipamentos de proteção individual na agricultura, o programa Quepia completa 13 anos de atividades no mês de julho próximo. Financiado com recursos privados, é reconhecido entre as iniciativas mais relevantes do País com objetivo de difundir boas práticas agrícolas e a preservar a saúde do trabalhador rural.
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