Ministra destaca potencial de crescimento da agricultura brasileira nos EUA

Em Washington, ministra diz que o país tem a missão de pôr 40% mais alimentos na mesa dos consumidores mundiais até 2050

19.03.2019 | 20:59 (UTC -3)
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Ao participar de painel sobre oportunidades de investimentos no Brazil Day in Washington, a ministra Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) afirmou nesta segunda-feira (18) que a agricultura brasileira tem capacidade para aumentar em 30% a produção de alimentos “sem destruir sequer uma árvore em todo o nosso território”. A afirmação foi feita a empresários e executivos de grandes empresas americanas em resposta a uma questão levantada por Donna Hrinak, CEO da Boeing no Brasil, moderadora do evento, sobre supostos impactos ao meio ambiente provocados pela produção agrícola brasileira.

“A agropecuária brasileira vai continuar crescendo sem desmatar uma única árvore sequer”, respondeu a ministra. “Nós temos capacidade de incluir quase 30% a mais de produção sem destruir sequer uma árvore, um pé de árvore em todo o nosso território”.

Tereza Cristina observou ainda que o Brasil “tem um Código Florestal dos melhores do mundo”. Segundo a ministra, a legislação estabelece que o produtor brasileiro tem de preservar boa parte de sua propriedade pagando impostos por toda a área. No cerrado, bioma característico da Região Centro-Oeste, 20% de cada propriedade têm ser preservados, além de matas nativas, margens de rios, etc. Na Amazônia, a ministra lembrou que são 80% de área preservada.

“E, assim mesmo, o mundo ainda nos ataca, dizendo que somos transgressores da lei. O produtor brasileiro produz de forma sustentável, com todas as dificuldades de infraestrutura que ele enfrenta em nosso país”, afirmou ao lado dos ministros Marcos Pontes (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações) e Bento Costa Lima Leite (Minas e Energia).

"Caminho certo"

A ministra disse aos investidores que o Brasil precisa continuar buscando novos mercados pelo mundo, porque a produção brasileira “continua a crescer de maneira sustentável”. E afirmou: “Temos uma missão de colocar, até 2050, 40% a mais de alimentos na mesa do mundo”. Ela ainda explicou que o Brasil hoje tem acesso a vários mercados mundiais e quer reforçar seus laços de parceria com os Estados Unidos. “Estamos vindo discutir os nossos mercados, que são muito parecidos na agropecuária”.

Em seu discurso no evento, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que Tereza Cristina “está muito preocupada com questões comerciais que, por vezes, nos assombram”.  E completou: “Ela com toda certeza tem buscado o caminho certo”. Bolsonaro afirmou ainda que um dos problemas que ele vai tentar resolver nos Estados Unidos envolve a produção de soja, mas não deu detalhes.

Depois, na entrevista coletiva, o porta-voz da Presidência, Otávio Rego Barros, foi perguntado sobre fala da ministra, segundo a qual Brasil e Estados Unidos devem caminhar para assinatura de acordos comerciais bilaterais. Rego Barros confirmou e disse que, futuramente, “o presidente terá de se debruçar sobre o assunto” para estudar sua viabilidade.

Em seu discurso inicial, a ministra fez uma firme defesa de um comércio mundial “equilibrado e justo”. Ela lembrou que o Brasil é o terceiro maior exportador agrícola do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da União Europeia, com 7% do total do comércio agropecuário internacional, mas continua “trabalhando incansavelmente” pela abertura de mercados e por condições iguais nos mercados que já estão abertos.

“Para ganhar acesso a novos mercados, temos ciência de que teremos também de dar acesso (de outros países) a nosso grande mercado doméstico. Essa liberação de nossos mercados será benéfica e será feita de forma estratégica e responsável, assegurando que nossas cadeias produtivas possam se adequar aos padrões de competitividade global. Sem descuidar de nossos parceiros tradicionais, buscaremos diversificar nossos mercados de destino, tendo em vista que o setor agropecuário brasileiro tem um cesta de produtos das mais abrangentes. É natural que nossa pauta exportadora seja também mais transversal”, disse Tereza Cristina.

Ela disse que o ministério tenta identificar novos mercados consumidores sem descuidar da sustentabilidade e da preservação ambiental. “Essa agenda ambiciosa não exclui de nossa política agrícola a sustentabilidade”, disse.

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