Relatório aponta importância da polinização para a agricultura

Trabalho foi elaborado pela Embrapa em parceria com a Plataforma Brasileira de Biodiversidade e a Rede Brasileira Planta-Polinizador

18.02.2019 | 20:59 (UTC -3)
MAPA

A maior parte, 76% das plantas utilizadas para a produção de alimentos no Brasil é dependente do serviço ecossistêmico de polinização realizado por animais. É o que aponta o 1º Relatório Temático sobre Polinização, Polinizadores e Produção de Alimentos no Brasil. O documento mostra os impactos econômicos, ambientais e sociais da polinização para a agricultura do país e as ameaças a esse serviço, e serve de base para gestores públicos e instituições de pesquisa. O documento é fruto da parceria da Embrapa Amazônia, Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES, da sigla em inglês) e a Rede Brasileira de Interações Planta-Polinizador (Rebipp).

Das 289 plantas cultivadas ou silvestres, utilizadas direta ou indiretamente na produção de alimentos no país, existe conhecimento disponível sobre a polinização de 191 (66%). Os serviços prestados por esses animais, especialmente as abelhas, à agricultura brasileira foi estimado em R$ 43 bilhões, em 2018, sendo associado principalmente a quatro cultivos de grande importância agrícola: soja, café, laranja e maçã. Na Amazônia, o maior exemplo é a castanha-do-Brasil, que depende totalmente das abelhas para sua reprodução. A lista inclui ainda com destaque caju, melão, melancia, pinhas, maracujá.

A bióloga Márcia Maués, pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental ,uma das autoras do documento, explica que esses animais prestam um serviço ecossistêmico (polinização) que aumenta a produtividade dos cultivos e contribui para a formação de frutos e sementes de melhor aparência e qualidade, agregando valor de mercado aos produtos. “Políticas públicas de valorização do serviço e proteção aos polinizadores podem ser o fator decisivo para aumentar a produtividade e qualidade da produção agrícola brasileira”, afirma a especialista.

O relatório aponta que há atualmente informação para 91 plantas quanto à dependência da polinização por animais para a produção de frutas, hortaliças, legumes, grãos e oleaginosas utilizadas para consumo humano. A polinização atua diretamente na frutificação e reprodução e o grau de dependência varia de pouco até essencial. Esses animais são moscas, vespas, borboletas, mariposas, morcegos, besouros e, principalmente, as abelhas. Estas, segundo o relatório, são responsáveis por quase 80% dos cultivos polinizados.

Documento alerta

Alguns fatores ameaçam a ação dos polinizadores, como a perda de habitat, mudanças climáticas, poluição ambiental, agroquímicos, espécies invasoras, doenças e patógenos. A preocupação de cientistas com essas ameaças foi um dos motivos que levou à elaboração do documento como base para a tomada de decisão por gestores públicos.

Márcia Maués afirma que a mudança no uso da terra, que levam à perda e à substituição de habitats naturais por áreas agrícolas ou urbanas, é um dos fatores de risco apontados no relatório. “Essas alterações na paisagem, quando realizadas sem planejamento e sem considerar as interações biológicas diminuem, por exemplo, a oferta de locais para construção de ninhos e reduzem os recursos alimentares utilizados por polinizadores”, afirma.

O 1º Relatório Temático sobre Polinização, Polinizadores e Produção de Alimentos no Brasil está disponível gratuitamente em www.bpbes.net.br e www.rebipp.org.br.

Sobre a REPIPP - a Rede Brasileira de Interação Planta-Polinizador é uma rede de trabalho colaborativo entre especialistas em Biologia da Polinização que estudam as interações planta-polinizador em suas várias dimensões e tem como objetivo incentivar o desenvolvimento de atividades científicas e didáticas na área. Um dos projetos da REBIPP é a criação e a manutenção de uma base de dados de interações planta-polinizador, cujos objetivos são elaborar o diagnóstico da diversidade de interações planta-polinizador que existe no Brasil; identificar lacunas de conhecimento e; estimular o desenvolvimento de projetos de pesquisa entre os colaboradores da Rede.

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