Produtores discutem medidas preventivas na região de fronteira
O sistema regulatório para aprovação de eventos biotecnológicos é excessivamente rígido e precisa ser adaptado para a realidade atual. É o que ponderou a Dra. Lúcia de Souza, secretária executiva da PRRI (Public Research and Regulation Initiative – uma iniciativa mundial de cientistas do setor público que realizam pesquisas sobre biotecnologia), durante palestra no VII Congresso Brasileiro de Biossegurança, da Associação Nacional de Biossegurança – ANBio, que termina hoje, em Joinville – SC. Segundo a pesquisadora, esse sistema fazia sentido há 20 anos, quando os resultados dos organismos geneticamente modificados (OGM) ainda não eram conhecidos. “Hoje, já temos experiência nessa área e sabemos da segurança dessas tecnologias. O sistema como conhecemos dificulta a introdução de novas variedades no mercado”.
Para a especialista, a sociedade ainda tem certo preconceito em relação aos organismos GM. “As pessoas não conhecem a realidade e, por isso, precisam mudar essa ideia errada de que os transgênicos podem fazer mal à saúde ou ao meio ambiente”, comenta. Um dos objetivos da PRRI é dispor e aumentar a participação de cientistas do setor público, para esclarecer as dúvidas técnicas sobre as tecnologias geneticamente modificadas e desmitificar possíveis receios sobre o assunto.
A Dra. Lúcia também explica sobre a necessidade de investimentos por parte dos governos em pesquisas e desenvolvimento de biotecnologia. Muitos países já perceberam que é essencial investir nesse setor, seja para melhorar a agricultura, ou para elevar as produções existentes e abastecer as populações com os alimentos. “É preciso mudar a concepção da sociedade de que a biotecnologia é apenas uma questão de interesse de empresas multinacionais para esclarecer que, hoje, na verdade, ela é uma necessidade de interesse público”, comenta. “O desenvolvimento do feijão transgênico no Brasil, por exemplo, é mais uma demonstração de sucesso e uma prova de que as sementes GM são importantes para a agricultura e para a população”.
De acordo com pesquisas do Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (ISAAA, na sigla em inglês), 29 países em todo o mundo fazem uso de sementes transgênicas. Somente de 1996 a 2010, a área acumulada cultivada com essas variedades foi de mais de 1 bilhão de hectares, o que equivale a extensão dos EUA ou China. Além disso, em 15 anos de plantações de transgênicos em grandes escalas, nenhum efeito adverso foi constatado.
“A biotecnologia deve ser vista como mais uma ferramenta para a agricultura, pois as vantagens já estão provadas”, afirma a pesquisadora. Segundo ela, as plantações com sementes geneticamente modificadas são positivas, tanto no que diz respeito ao aumento da produção, quanto em relação ao meio ambiente. “O uso de sementes GM diminui as necessidades de insumos químicos. Isso melhora as condições das lavouras, pois aumenta os resultados e, também, beneficia o meio ambiente, que não recebe a mesma quantidade de agroquímicos”. A Dra. Lúcia ainda comemora que, com as sementes transgênicas, já é possível desenvolver alimentos com valor nutritivo muito superior do que os convencionais, o que pode ser uma alternativa para países com grande quantidade de pessoas subnutridas.
VII Congresso Brasileiro de Biossegurança
19 a 23 de setembro
Universidade de Joinville (UNIVILLE) – Campus Joinville – Santa Catarina
Avanços da Biologia Sintética e desafios da Biossegurança
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