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A Embrapa Clima Temperado (RS) acaba de lançar um aplicativo para tablets e smartphones com sistema Android que facilita o acesso a dados meteorológicos da região de Pelotas, RS. A ferramenta disponibiliza, com interface móvel e amigável, informações atualizadas minuto a minuto, coletadas por uma Estação Meteorológica Automática (EMA) instalada em 2009 no Posto Meteorológico da Sede da Embrapa Clima Temperado.
“O aplicativo busca atender o público urbano da região no cotidiano, com dados em tempo real. E, do ponto de vista agrícola, oferece as horas de frio (HF), com foco principalmente na fruticultura e nos produtores de pêssego”, explica o pesquisador da Embrapa Sílvio Steinmetz, um dos responsáveis pela novidade e pelo Laboratório de Agrometeorologia (Agromet) da Unidade de pesquisa.
Desenvolvida pelo Agromet em parceria com o Núcleo de Tecnologia da Informação (NTI), a ferramenta apresenta os dados mínimos e máximos do dia, como temperatura, pressão atmosférica e umidade relativa do ar, e suas respectivas horas de ocorrência, bem como os dados acumulados no período, como chuva diária, mensal e anual. Outro dado fornecido, útil ao agricultor, é a evapotranspiração, termo que representa a perda de água para a atmosfera pela evaporação da água do solo e pela transpiração das plantas. Trata-se de informação importante para decidir sobre a lâmina de água a ser aplicada nas culturas irrigadas.
O software também apresenta gráficos que, em tempo real, ilustram visualmente dados como temperatura, umidade relativa, densidade do ar, sensação térmica, ponto de orvalho, radiação solar, pressão atmosférica e direção dos ventos, por exemplo, totalizando 17 variáveis meteorológicas. Ele elabora, ainda, resumos mensais dos principais dados diários registrados.
O aplicativo do Agromet está disponível no Google Play. A intenção é, futuramente, também desenvolver a ferramenta para dispositivos iOS.
Horas de Frio
Do ponto de vista agronômico, um dos destaques é a disponibilização das horas de frio – a quantidade de horas em que a temperatura registrada é menor ou igual a 7,2 graus Celsius. Esse número é importante porque as frutíferas entram em dormência em períodos de inverno como forma de sobrevivência às baixas temperaturas. Então, para que um novo ciclo produtivo tenha início, cada planta – dependendo da espécie e da variedade – necessita de uma quantidade mínima abaixo de 7,2 graus Celsius para recomeçar a brotação e floração.
A quantidade dessas horas define, portanto, o desempenho dos pomares. Poucas horas de frio podem comprometer a produção e, inclusive, a longevidade das plantas. Por isso, é a partir da quantidade de horas de frio que são definidas algumas práticas de manejo. Caso não ocorram horas de frio suficientes, por exemplo, o produtor deve complementar a quebra de dormência com tratamentos químicos.
Esse tipo de monitoramento é relevante principalmente para produtores de frutas de clima temperado – especialmente os persicultores, no caso de Pelotas. O município é tradicional polo produtor de pêssego, sendo responsável por mais de 90% da produção voltada à indústria de conserva.
Tradição em registros agrometeorológicos
As informações disponíveis no aplicativo, por enquanto, vêm apenas da estação localizada na Sede da Embrapa Clima Temperado. Mas a pesquisa ainda mantém outras duas estações meteorológicas automáticas para monitoramento da região: uma na Estação Experimental Cascata (EEC), também em Pelotas; e uma na Estação Experimental Terras Baixas (ETB), no Capão do Leão (RS). A expectativa do pesquisador é a de que os dados dessas estações também sejam disponibilizados via aplicativo.
De acordo com Sílvio, a Estação Agroclimatológica de Pelotas (EAPel), localizada na ETB, é uma das mais antigas em atividade no País. Mantida hoje em parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), mantém registros há 129 anos, desde 1º de maio de 1888. Na EEC a coleta teve início na década de 1950. Já na sede da Embrapa Clima Temperado, os dados são registrados desde 1984.
No entanto, Silvio explica que o monitoramento não é o objetivo principal do Agromet. “Não é finalidade da Embrapa gerar dados meteorológicos. Mas gerar informações que dêem suporte à pesquisa. Temos essas estações para isso. Só que estamos liberando os dados também para o público externo”, informa.
Laboratório de Agrometeorologia
O trabalho de monitoramento é coordenado no Agromet, onde também são desenvolvidas as pesquisas relacionadas ao clima e aos seus impactos nas atividades agropecuárias praticadas em regiões de clima temperado. Boa parte dos resultados obtidos, além dos registros meteorológicos, estão disponíveis no site do laboratório, que totalizou cerca de 245 mil acessos entre julho de 2016 e maio de 2017.
Dentre as atribuições do Agromet estão a realização de zoneamentos para indicar o potencial de produção e o risco climático para culturas de interesse em determinada região; a realização de pesquisas em agrometeorologia para melhorar o manejo das culturas, diminuindo ou maximizando os impactos das condições de tempo e clima sobre elas; e a caracterização do próprio clima – condição de longo prazo de determinada região, diferentemente do tempo, o estado da atmosfera em curto período de tempo.
Outros produtos do Agromet
“A versão web do Agromet tem uma série de outras informações de importância para os agricultores”, afirma Sílvio. Aliás, o aplicativo do Agromet não é o primeiro desenvolvido pelo laboratório. Em 2016, foi lançado o do GD Arroz, serviço web baseado no método de Graus-dia que tem por finalidade dar suporte aos produtores de arroz irrigado no planejamento e na tomada de decisão das práticas de manejo da cultura. Trata-se de uma ferramenta importante na região, tendo em vista que 70% do arroz produzido no País vem do Rio Grande do Sul.
Além disso, no site também estão disponíveis diversos zoneamentos, para diferentes culturas; publicações com inúmeros resultados de pesquisa; e boletins meteorológicos do Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Estado do Rio Grande do Sul (Copaaergs) e de instituições parceiras. Outro produto resultante da pesquisa desenvolvida no Agromet é o “Atlas Climático da Região Sul”, que abriga informações sobre uma série de variáveis meteorológicas dos três estados da região Sul do Brasil: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
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