Bons volumes de chuva em setembro favorecem cultivos de inverno
Dados espectrais mostram que as condições têm sido favoráveis nas principais regiões produtoras de trigo
A iminente aprovação da reforma tributária foi o tema central do 10º Encontro da Cadeia Produtiva do Trigo de São Paulo, realizado em 26 de setembro na sede da Fiesp, na capital paulista. Representantes da indústria, especialistas e autoridades discutiram como a nova estrutura de impostos pode alterar a competitividade dos moinhos e exigir rápida adaptação das empresas.
De acordo com a advogada Mariana Baida Marra, do Departamento Jurídico da Fiesp, a perda de benefícios fiscais pode trazer custos adicionais ao setor paulista. “A isenção de ICMS pode se transformar em um presente de grego, já que a perda dos créditos das etapas anteriores tende a gerar maior cumulatividade tributária”, alertou. Ela ainda destacou que estados como Paraná e Rio Grande do Sul oferecem incentivos fiscais que podem acirrar a concorrência interestadual.
Felipe Novaes, sócio do escritório Contreras & Salomão Advogados, lembrou que a simplificação e a transparência são ganhos importantes do novo sistema, mas reforçou que os moinhos paulistas precisarão se preparar para competir em condições diferentes.
O encontro também trouxe análises sobre o mercado internacional. O vice-presidente de Política e Economia do Itaú, Luiz Cherman, avaliou que o Brasil deve enfrentar um período de crescimento mais lento nos próximos anos, com PIB projetado em 2,2% em 2025 e 1,5% em 2026. “Apesar da valorização do real e da queda da inflação, os juros elevados ainda pesam sobre a atividade econômica”, disse.
Já o líder de Negócio Trigo da CJ International Brazil, Douglas Araújo, destacou a expansão do consumo mundial do cereal. Segundo ele, o trigo deve registrar aumento de 10% no consumo global na próxima década, enquanto o arroz tende a permanecer estável. “O Brasil é um dos poucos países com potencial de ampliar significativamente a produção. O trigo pode ocupar áreas hoje ociosas no inverno, tornando-se alternativa rentável ao produtor”, afirmou.
Outro ponto em destaque foi o papel da inteligência artificial no agronegócio e na indústria de moagem. Para o consultor Mario Almeida, a adoção dessa tecnologia deixou de ser opcional. “O custo de não fazer nada nunca foi tão alto”, afirmou.
Leonardo Scopel, diretor Comercial da Tractian, comparou o impacto da IA à chegada da eletricidade. “Hoje já conseguimos identificar falhas em equipamentos com mais precisão e rapidez, garantindo maior confiabilidade aos processos”, disse.
O presidente do Sindustrigo, Max Piermartiri, ressaltou que a força da cadeia do trigo em São Paulo está na união entre produtores e indústria. “Esta edição comemorativa marca uma década de diálogo estratégico e de avanços contínuos. O parque moageiro paulista tem hoje reconhecimento nacional pela qualidade de suas farinhas”, afirmou.
Autoridades e representantes de entidades também reforçaram o papel estratégico do trigo no agronegócio paulista e a necessidade de manter o setor competitivo diante das mudanças tributárias e de mercado.
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