Redução da biodiversidade é discutida em encontro

23.09.2009 | 20:59 (UTC -3)

De 23 a 25 de setembro de 2009 acontece o Encontro Científico dos Pós-Graduandos (ECPG) do Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo (Cena/USP), em Piracicaba.

Esse evento é realizado há 14 anos e consolidou sua importância como um marco científico na instituição. O tema desse ano é a biodiversidade e evolução genética.

A perda da diversidade biológica é uma das facetas mais trágicas do manejo inapropriado do patrimônio natural. Por conta da destruição de ecossistemas e extinção de espécies, o homem não apenas interfere nos ciclos e processos naturais que dão sustentação à vida, mas degrada um dos maiores heranças que o planeta tem a oferecer, pondo em risco até mesmo a sua própria existência.

José Maria Gusman Ferraz, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), participa, em 23 de setembro, a partir das 14h, da mesa – redonda sobre biodiversidade: valores ecológicos e econômicos, com Cláudia Maria Calório, Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural do Ministério do Meio Ambiente e Luciana Martins, da Natura.

Ferraz irá falar sobre agricultura e biodiversidade - do extrativismo à sustentabilidade.

Segundo a Convenção sobre a Diversidade Biológica – CDB, o termo biodiversidade biológica significa a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, abrangendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos dos quais fazem parte, compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas.

Foram catalogadas no mundo todo cerca de um milhão e setecentas mil espécies, das quais 15 a 20% são encontradas em território nacional. Entre as espécies nativas já documentadas no país, menos de 1% já foram pesquisadas geneticamente, o mesmo ocorrendo sobre a aplicação medicinal da flora brasileira, onde 99% ainda não foram estudadas sobre esse potencial.

“Estima-se que existam mais de 3 milhões de espécies desconhecidas no Brasil, que se não tomarmos cuidado, desaparecerão antes de a termos conhecido”, enfatiza Ferraz.

“Somos o primeiro em termos mundiais de número de espécies de anfíbios e o segundo em mamíferos, quarto lugar em répteis e muitos desta fauna são endêmicos, ou seja só ocorrem aqui”, explica o pesquisador.

O avanço indiscriminado das monoculturas de pastagens, soja, cana, pinus e eucalipto, notadamente em ecossistemas frágeis, associados ao uso indiscriminado de agrotóxicos, pois também somo o país que mais utiliza esses produtos do mundo, coloca em risco esta enorme biodiversidade.

“São vários os estudos sobre perda da biodiversidade no mundo causado por diferentes tipos de impactos ambientais, mas as estimativas falam de 27.000 a 30.000 por ano. Calcula-se que e em 2022 - daqui a 13 anos, teremos perdido cerca de 22% da biodiversidade terrestre”.

Um trabalho de Robert Constanza, economista do Instituto de Economia Ecológica da Universidade de Maryland (EUA), estimou o valor dos serviços da biodiversidade - como geração de água, chuva, polinização, oferta de oxigênio, produtos medicinais, alimentos, inimigos naturais, equilíbrio do clima, entre outros. Esse valor chega a 33 trilhões de dólares por ano.

Para o Brasil, esses valores chegam a 4 trilhões de reais por ano. “Para se ter uma idéia da grandeza destes serviços, o PIB do Brasil em 2005 foi de 1,9 bilhões de reais”.

“Além disso, os agroecossitemas deixaram de ser policultivos, com enorme biodiversidade, para passarem a ser monocultivos, produzidos de forma industrial. Por exemplo, não temos mais grandes variedades de milho, assim como de arroz, trigo e batata. Isso deixa o agroecossistema mais frágil, pois necessita cada vez mais de agrotóxicos e demais insumos externos. Outro fator preocupante para a biodiversidade é a utilização de transgênicos, que também reduz drasticamente as variedades de cada cultura, tornando-se um problema sério para a segurança alimentar”, conclui.

Cristina Tordin

Embrapa Meio Ambiente

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