Rede Morangos do Brasil será lançada nesta terça, 29

IAC coordena Rede Morangos do Brasil para o desenvolvimento tecnológico da cultura

29.03.2022 | 14:07 (UTC -3)
Imprensa IAC

A Rede Morangos do Brasil que reúne instituições de pesquisa e ensino de diversos estados será lançada oficialmente nesta terça, 29 de março de 2022, às 14h, em live a ser transmitida no Youtube. Coordenada pelo Instituto Agronômico (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, em conjunto com a Universidade Estadual de Londrina (UEL), a Rede Morangos do Brasil foi criada para elaborar e executar um plano destinado a várias regiões para pesquisa e extensão que resultem em ações que contribuam para o fortalecimento socioeconômico da cadeia de morango brasileira. Participarão da live de lançamentos os secretários de Agricultura de todos os estados participantes da Rede. O secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Itamar Borges, participará do evento.

Em busca de soluções que possam ser regionalizadas, além do IAC e da UEL, participam da Rede Morangos do Brasil pesquisadores e extensionistas do Instituto Biológico (IB-APTA), Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA), Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital-APTA), a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), APTA Regional, todos esses vinculados à Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo. Participam também: Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (UNICENTRO), Universidade Federal de Lavras (UFLA), Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig-MG), Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão (Epagri-SC), Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IAPAR-EMATER) e Instituto Capicaxaba de Pesquisa Assistência Técnica e Extensão Rural (INCAPER).

Essas equipes já estão desenvolvendo atividades de pesquisa e extensão que capacitem o setor no enfrentamento da crise econômico-financeira que o atinge, principalmente na agricultura familiar. Todas as lavouras de morango nacionais são instaladas com material genético importado, que encarece a produção e atrasa o ciclo da cultura, além de reduzir produtividade e qualidade.

De acordo com os especialistas, o principal problema do setor está na ausência de cultivares nacionais de morangueiro e mudas de boa qualidade. A necessidade de importação de mudas gera diversos problemas. Dentre eles está o elevado custo de produção. Somente com a importação de material genético, por ano, os agricultores familiares investem de R$ 80 mil a R$ 140 mil, por hectare. No entanto, apesar do alto investimento, as mudas têm baixa qualidade fisiológica, o que reduz a produtividade da lavoura e a qualidade do fruto, além de elevar o risco de introdução de patógenos e pragas. A importação ainda provoca demora na entrega das mudas, que reflete no atraso do cultivo.

O IAC tem conhecimento para desenvolver cultivares de morango adaptadas às condições de solo e clima brasileiros e voltadas às exigências do mercado, segundo a pesquisadora do IAC e co-responsável pelo projeto, Eliane Gomes Fabri. “Grande parte dos materiais são provenientes de viveiros chilenos, argentinos e espanhóis”, afirma. O Instituto desenvolveu três cultivares. O IAC tem as cultivares Monte Alegre, IAC Guarani e IAC Princesa Isabel. Até começo dos anos 90, liderou o mercado a IAC Campinas, lançada em 1960.

O enfrentamento desse desafio requer o desenvolvimento de cultivares de morangueiro genuinamente brasileiras, com características desejadas pelo mercado e mais adaptadas às condições de solo e clima das regiões produtoras brasileiras. Por isso o setor precisa contar com as instituições de pesquisa, como o Instituto Agronômico.

A Rede Morangos do Brasil ocorreu em 2020, mas sofreu atrasos por conta da pandemia da Covid-19.

Pesquisa do IAC e ITAL avalia embalagens e reflexos em perdas de morango

A Rede Morangos do Brasil já conta com um projeto em andamento com pesquisadores do IAC e do ITAL para o desenvolvimento de embalagem para morango que conserve melhor o fruto, seja mais sustentável e viável economicamente.

Segundo a pesquisadora do IAC, Juliana Sanches, atualmente as embalagens mais comuns encontradas no mercado na região de Campinas, considerada no estudo, são as cumbucas plásticas, elaboradas em PET, que podem ter tampa também em PET ou ser envolta em filme plástico (PVC).

Para buscar uma alternativa às embalagens plásticas em consonância com a sustentabilidade e proporcionando a manutenção ou a ampliação da vida de prateleira do morango, o Ital se propôs a elaborar uma embalagem utilizando uma nova opção de material.

Além do IAC e do Ital, há parceiros da iniciativa privada. É o caso da Lounge Comunicação e Design, que desenhou as “facas” das embalagens, e também da Suzano, que forneceu a matéria-prima para a elaboração das embalagens. Em reuniões realizadas com essas duas empresas, o grupo optou por dois desenhos: uma embalagem similar à utilizada para lanches, identificada como “tampa e fundo de PET”, e uma embalagem tipo “fast-food”, identificada como “cumbuca”.

Juliana relata que, com as embalagens definidas e elaboradas, iniciou-se o experimento para avaliar o desempenho das duas embalagens em comparação com a plástica padrão PET, já conhecida nos varejões. “Os morangos ‘San Andreas’ foram colhidos na propriedade de um dos membros da Associação dos Produtores de Morangos de Atibaia, Jarinu e Região, embalados pelos próprios produtores, mantendo-se o padrão usual de colocação dos frutos nas embalagens”, comenta.

Dos produtores, as amostras seguiram para o Laboratório de Pós-Colheita do IAC, em Campinas, onde foram armazenadas após as determinações iniciais de peso, firmeza e coloração. “A estocagem foi realizada em uma câmara a +5°C, sendo efetuadas duas avaliações: um conjunto armazenado por 3 dias a +5°C mais 1 dia a +25°C, e um conjunto armazenado por 5 dias mais 1 dia a +25°C”, detalha.

Embora ainda sejam resultados preliminares, as embalagens celulósicas testadas se mostraram promissoras na substituição da plástica, com destaque para o tipo “cumbuca”, onde os morangos apresentaram o menor índice de podridões. “Em ambos os períodos de armazenamento, os morangos acondicionados na embalagem “tampa e fundo” apresentaram os maiores valores de perda de massa, seguida pela embalagem “cumbuca” e pela padrão PET”, explica Juliana.

Quanto ao índice de podridões, os morangos acondicionados na embalagem “cumbuca” apresentaram o menor percentual de frutos podres nos dois períodos de armazenamento. Já na padrão PET, observou-se o maior índice de podridões no período 3+1, enquanto aos 5+1 dia o mesmo resultado ocorreu nos frutos que estavam em embalagem com “tampa e fundo”.

Os pesquisadores observaram que não ocorreram alterações significativas na firmeza e na coloração dos frutos após o armazenamento dos morangos por 3+1 dias e 5+1 dias, independentemente da embalagem.

Os próximos desafios incluem o ajuste de volume da embalagem tipo “cumbuca”, pois o peso líquido médio testado foi de 300 gramas, mas os produtores atualmente preferem trabalhar com 250 gramas. “Faremos novos experimentos para aperfeiçoamento das embalagens e ampliação do período de armazenamento, além de avaliar custos e a viabilidade de utilização das embalagens propostas”, afirma a pesquisadora do IAC.

Ações estratégicas são multicompetências

A participação do Instituto Agronômico nessa rede será vital para alcançar o avanço no desenvolvimento tecnológico da cadeia de produção de morango. As ações estratégicas a serem desenvolvidas envolvem melhoramento genético, tecnologia de produção de mudas, nutrição de plantas para os diversos sistemas de produção, controle de doenças e pragas da cultura, pós-colheita e gestão da cadeia de produção e comercialização.

Com esse trabalho em rede, espera-se, em prazo inferior a cinco anos, mitigar o possível colapso no setor. As equipes avaliam que as situações negativas que acometem a cadeia produtiva vêm se manifestando de maneira mais proeminente e, caso não haja nenhuma ação, é possível que os gargalos financeiros levem à redução da área de cultivo e, consequentemente, da produção. O resultado desse cenário seria a perda de renda para os produtores de morango, impactos na cadeia de produção e produto mais caro para o consumidor.

Foram criados grupos específicos para cada uma das frentes. O trabalho será organizado em subprojetos, de acordo com as expertises e temáticas estabelecidas pela equipe. São previstas também interações com o objetivo de obter recursos. A união de instituições visa mobilizar as Secretarias Estaduais de Governo para a promoção de ações articuladoras junto aos órgãos de fomento federal com intuito de prover recursos para implantação da Rede Brasileira para Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Morango. As equipes deverão fazer contato com Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ).

Os programas de graduação, de pós-graduação e de pesquisa em ciência agrícola e áreas relacionadas poderão fazer parte do projeto. São previstas também colaboração em atividades de pesquisa em agricultura, inclusive com intercâmbio de material genético e também de pesquisadores, professores e estudantes. Neste caso, alunos do mestrado e do doutorado da Pós-Graduação em Agricultura Tropical e Subtropical do Instituto Agronômico poderão desenvolver pesquisas nesse segmento.

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