Alta da ureia no Brasil chega a US$ 30 por tonelada
Índia impulsiona preços da ureia e produtores brasileiros enfrentam custos maiores às vésperas da safrinha 2025/26
A Recuperação Judicial do agronegócio subiu cerca de 21,5% no primeiro trimestre de 2025 em relação aos três primeiros meses do ano passado, segundo dados da Serasa Experian. Durante o período, somando os dados do setor - produtores rurais que atuam como pessoa física e jurídica e empresas relacionadas a cadeia -, foram totalizadas 389 requisições sobre o recurso.
Marcelo Pimenta, head de agronegócio da Serasa Experian, avalia que a alta nos pedidos de recuperação judicial reflete um momento financeiro mais desafiador, influenciado por oscilações nos preços das commodities e por uma oferta de crédito mais criteriosa. “Muitos produtores enfrentam custos altos, prazos longos para receber, maior exigência de garantias e dificuldades na rolagem de dívidas, fatores que pressionam o caixa e reduzem as margens para manobras. No entanto, é fundamental considerar que o número absoluto de solicitações segue sutil frente ao universo de cerca de 1,4 milhão de produtores que tomaram crédito rural no país nos últimos dois anos”, explica.
Os produtores rurais brasileiros que atuam com o perfil de pessoa física configuraram o grupo de maior representatividade dentro do total de solicitações, com 195 pedidos de recuperação judicial. Em comparação com os três meses anteriores, o crescimento foi de 39,2%.
Outro perfil que se destacou foi o de produtores que não possuem registro de propriedade, como arrendatários ou integrantes de grupos econômicos e familiares, somando 72 pedidos no período analisado. Segundo pimenta, esse é um perfil que costuma operar com margens mais estreitas, encontrando desafios maiores na gestão financeira e no acesso a garantias frente aos cenários de maior volatilidade climática e de crédito.
Já os produtores de grande porte ficaram em segundo lugar, com 53 requisições, seguidos pelos pequenos proprietários, com 38 pedidos e os médios, com 32.
Em relação aos produtores rurais que atuam como pessoa jurídica no campo, o documento aponta para o registro de 113 solicitações de recuperação judicial. O crescimento foi de 2,7% em relação ao trimestre anterior, mas de 31% se comparado ao mesmo período de 2024.
A análise indica que os produtores PJ registraram pedidos de recuperação judicial em alguns setores específicos, como o de criação de bovinos e o cultivo de soja, que concentraram o maior número de requisições: 42 e 59, respectivamente.
A análise das empresas relacionadas ao setor de agronegócio mostrou que estas também precisaram buscar pelo recurso. Foram 81 pedidos de recuperação judicial no primeiro trimestre de 2025. O número representa aumento de 15,7% frente ao trimestre anterior, e de 5,1% em relação ao mesmo período de 2024.
Segundo a datatech, o “Comércio atacadista de produtos agropecuários primários” teve a maior quantidade de pedidos, com 23. Em sequência, as “Agroindústrias de Transformação Primária”, que marcaram 14 pedidos, e o “Comércio atacadista de produtos agropecuários processados”, que também realizou 14 requisições.
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