Queda no preço do feijão marca o mercado agropecuário de SC em maio

Safra nacional abundante acabou reduzindo os preços recebidos pelos produtores de feijão

22.06.2023 | 15:21 (UTC -3)
Epagri
Safra nacional abundante acabou reduzindo os preços recebidos pelos produtores de feijão; Foto: Aires Mariga
Safra nacional abundante acabou reduzindo os preços recebidos pelos produtores de feijão; Foto: Aires Mariga

O Boletim Agropecuário de junho apontou redução de quase 20% no preço do feijão-preto pago ao produtor catarinense. A publicação é editada mensalmente pela Epagri/Cepa com as informações das principais cadeias produtivas do agronegócio de Santa Catarina.

As cotações do feijão-carioca encerraram o mês com preço médio mensal de R$265,46 a saca de 60kg, uma redução de quase 20%.  Para o feijão-preto, o preço médio sofreu um recuo 13%, fechando a média mensal em R$215,20/sc de 60kg. Com uma oferta bastante ajustada à demanda, a ocorrência de uma safra nacional um pouco mais abundante acaba prejudicando a comercialização, reduzindo os preços recebidos pelos produtores.

Em todo o Estado, aproximadamente 85,5% da área plantada com feijão segunda safra já foi colhida, com previsão de encerramento para a segunda quinzena de junho. Para esta safra catarinense de feijão, a área plantada total (soma do feijão 1ª e 2ª safra) deverá cair cerca de 9%. Por outro lado, a produtividade deverá ter um incremento de 22%, resultando num aumento de produção de 11% em relação à safra anterior.

Confira o desempenho dos demais produtos agropecuários no mês de maio.

Arroz

A partir da segunda quinzena de maio, os preços do arroz em casca, que até então vinham apresentando elevação, registraram baixas sucessivas em todo o estado de Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Isto se deve ao avanço da colheita e à consequente comercialização, visto que a maioria dos produtores tem necessidade de fazer caixa imediatamente após a colheita para viabilizar a próxima safra. Com relação à safra, a colheita está encerrada no Estado e a estimativa atual aponta para estabilidade de área – em torno de 147 mil hectares – e produtividade cerca de 2% acima da obtida na safra anterior, que também esteve acima da média.

Milho

A produção total da primeira safra de milho no Estado, inicialmente estimada em 2,72 milhões de toneladas, foi revista para 2,69 milhões de toneladas. As chuvas abaixo da média na região oeste, em especial nos municípios do Vale do Rio Uruguai e no Extremo Oeste, refletiram-se na diminuição da produtividade esperada. Parte desta diminuição foi compensada pelas boas produtividades alcançadas em outras regiões.

No Brasil está prevista uma produção total de 125,7 milhões de toneladas, elevação da ordem de 11% sobre a safra passada.  Os preços aos produtores continuaram sendo pressionados em maio. No ano de 2023 houve um recuo de quase 35%.

Soja

O prognóstico inicial da produção de soja em Santa Catarina, na primeira safra 2022/23, foi de 2,61 milhões de toneladas. Na atualização de maio de 2023, a produção do estado foi elevada para 2,86 milhões de toneladas.  A atual safra é a maior da série histórica levantada pelo Epagri-Cepa e o IBGE. O aumento sistemático da área cultivada no estado e as condições climáticas na atual safra resultaram nesta produção recorde.

No Brasil, a confirmação de uma safra recorde em 2022/23 de 155,7 milhões de toneladascontinua forçando os preços da soja no mercado interno. No Estado, a cotação de R$126,86/sc, em maio, foi o menor valor desde 2020. No entanto, na primeira quinzena de junho, as poucas chuvas no cinturão verde nos Estados Unidos oferecem indícios de uma recuperação nos preços dos contratos futuros, o que é um sinal positivo para os produtores.

Trigo

O mês de maio foi marcado por uma acentuada queda nos preços recebidos pelos produtores de trigo. Em Santa Catarina, entre abril e maio, os preços caíram praticamente 9%, fechando a média mensal em R$73,47/sc de 60kg. Nos primeiros doze dias de junho, a redução nos preços recebidos pelos produtores se acentuou ainda mais. Até o momento, o preço de maio está em R$70,49/sc de 60kg.

Os baixos preços que estão sendo praticados nos últimos meses, aliado às previsões climáticas de ocorrências de El Ninõ entre os meses de setembro e novembro (fase crítica da cultura), diminuíram o ânimo dos produtores, que estão receosos em aumentar suas áreas de plantio. Com isso, a nossa estimativa inicial aponta uma redução de 2% na área plantada, em comparação à safra passada.

Banana

Entre abril e maio de 2023 houve desvalorização das cotações da banana-caturra, devido ao aumento na oferta relativa. A expectativa é de manutenção nas cotações com redução na oferta, porém com melhor qualidade da fruta. Para a banana-prata, houve desvalorização nos preços devido à menor demanda pela variedade. A expectativa é a manutenção das cotações com menor oferta pela variedade e concorrência de frutas da época.

Em maio, a estratégia dos produtores foi diminuir o ritmo da colheita com a expectativa de redução da oferta da fruta e valorização das cotações futuras para compensar a diminuição sazonal na demanda da fruta.  Nos cinco primeiros meses de 2023, a produção de banana catarinense participou com 9,0% do total comercializado no mercado atacadista das centrais de abastecimento nacionais.

O valor negociado da fruta catarinense foi de R$65,9 milhões, com aumento de 43,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Na safra 2022/23 a produção está estimada em 702,3 mil toneladas, com redução de 2,3% em comparação à safra de 2021/22. A principal microrregião catarinense produtora de banana-caturra é a de Joinville, com 52,9% do volume total; enquanto a microrregião de Araranguá representa 43% da produção da banana-prata no Estado.

Alho

A comercialização da safra catarinense ocorreu de forma lenta em função da saturação do mercado até o mês de março. Dessa forma, muitos produtores comercializaram a produção a preços inferiores ao custo de produção. De acordo com o acompanhamento do projeto safras da Epagri/Cepa, a comercialização da safra catarinense de alho já alcança mais de 95% da produção, estando em vias de finalização.

A exemplo das safras anteriores, Santa Catarina terá nova redução de área plantada. A área plantada na safra 2018/19 foi de 2.406ha passando para 1.171 ha na safra de 2023/24, redução de 51,33% no período. A produção esperada para a nova safra é de 11.996 toneladas e a produtividade estimada inicialmente é de 10.244 kg/ha.

Em relação ao preço pago ao produtor em maio, na Praça de referência de Joaçaba, o alho classe 5 foi comercializado a R$7,92/kg, aumento de 22,6% em relação ao mês anterior, que foi de R$6,46/kg.

Em maio foram importadas 13,15 mil toneladas de alho – aumento de 19,32% em relação ao mês de abril. A quantidade importada nos primeiros cinco meses do ano é cerca de 1,27 % maior que a importada no mesmo período do ano passado, portanto pode-se considerar normal para o período.

Cebola

A comercialização da safra catarinense de cebola de 2022/23 foi finalizada que alcançou 551,2 mil toneladas. Conforme anunciado na edição passada do Boletim Agropecuário, a Epagri/Cepa apresenta nesta edição a estimativa inicial de produção de cebola na safra 2023/24. Os dados apontam para um aumento de área plantada de 4,69% em relação à safra 2022/23 passando para 18.436 ha, estimativa de produção de mais de 554 mil toneladas e produtividade média de 30.060kg/ha. Nesse sentido, Santa Catarina deverá se manter como o maior produtor nacional de cebola.

Nos primeiros cinco meses de 2023, a importação foi de 82.040 toneladas, volume 29,47% menor que no mesmo período do ano passado.

Neste ano a importação até o mês de maio foi de 82.040 toneladas, com desembolso de US$7,37 milhões, e preço médio (FOB) de US$0,21 /kg – redução de 22,22% em relação ao preço médio do ano passado.

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