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Aumentar a oferta de semente de soja convencional ao agricultor de Mato Grosso e estimular o produtor a entrar em um mercado que paga prêmio por produto diferenciado. Este é o principal objetivo do Programa Soja Livre, que foi lançado nesta terça-feira (09.11), em Brasília. O projeto une Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) e Associação Brasileira dos Produtores de Grãos Não-Geneticamente Modificados (Abrange) em um investimento inicial de R$ 1 milhão. Para se ter uma ideia do que isso significa, a intenção é abranger 15% do mercado mato-grossense de sementes de soja convencional com cultivares desenvolvidas pela Embrapa, em três anos. Hoje, as sementes da Embrapa ocupam 13% do mercado total (transgênico e não-transgênico).
Para provar que a produção é viável e as cultivares são boas, o Programa Soja Livre instalou em Mato Grosso 16 Unidades Demonstrativas (UD) e 18 Áreas Demonstrativas (AD), onde estão sendo cultivadas 24 cultivares da Embrapa. Ao longo da safra, os produtores poderão verificar a qualidade das sementes e as condições de produção.
O mercado que exige a soja convencional e está disposto a pagar mais por isso já existe. E o Brasil é o único país hoje em condições de atender essa demanda, uma vez que os outros grandes produtores do mundo, Estados Unidos e Argentina, praticamente não produzem mais soja não-transgênica. A proporção é de aproximadamente 90% para a soja geneticamente modificada.
No Brasil, a soja convencional ainda representa 35% da produção do grão e em Mato Grosso, 40%. Por ser o maior produtor de soja do país e ter o maior percentual de soja convencional, o estado é o alvo do Programa Soja Livre. Segundo o diretor técnico da Agrange, Ivan Paghi, como a decisão de plantar soja convencional ou transgênica é do produtor, ele precisa saber das vantagens desse mercado e ter sementes à disposição para aderir ao programa.
Conforme o presidente da Aprosoja-MT, Glauber Silveira, o produtor está perdendo uma grande oportunidade, porque a soja convencional passou a ser valorizada. Contudo, o interesse do produtor é ter renda e se não houver retorno dessa soja, ele perde o interesse. Ou seja, Silveira frisa que se tem consumidor disposto a pagar mais por um produto não-transgênico, esse prêmio tem que chegar às mãos do produtor.
O presidente da Aprosoja-MT diz ainda que se essa iniciativa não fosse tomada, em aproximadamente cinco anos o Brasil também veria reduzida sua área de soja convencional aos mesmos patamares que os Estados Unidos hoje, caminhando para a extinção. Mesmo assim, ele aponta que o Programa Soja Livre ainda vai levar de três a quatro anos para surtir efeito. Enquanto isso, a produção de soja não-transgênica ainda deve sofrer uma pequena redução. Uma das dificuldades é o volume de sementes ofertado no mercado. “As grandes empresas se desinteressaram, porque a soja convencional não rende royalties”.
De acordo com o senador eleito por Mato Grosso, Blairo Maggi, um dos grandes produtores de soja do mundo, se não houver pesquisa, o programa não evolui, porque os produtores vão ficar nas mãos das multinacionais. Por isso a importância da Embrapa nesse processo.
Valéria Carvalho
Mato Grosso em Foco
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