Produtores e especialistas respaldam controle de Spodoptera frugiperda em manejo com baculovírus

Rotação entre bioinseticida da australo-americana AgBiTech e inseticidas químicos oferece resposta rápida e reduz danos ao milho e algodão

14.04.2021 | 20:59 (UTC -3)
Fernanda Campos

A introdução de um bioinseticida à base de baculovírus no manejo da lagarta Spodoptera frugiperda deverá aumentar a área tratada com insumos da AgBiTech na safra 2020-21, sobretudo nas lavouras de milho e algodão, acredita o diretor de marketing da companhia, Murilo Moreira. Segundo ele, uma nova estratégia de controle, ancorada na associação entre o produto biológico AgBiTech Cartugen e um inseticida químico com ação de choque, reduz os principais danos causados pela lagarta.

O gerente de pesquisa & desenvolvimento da AgBiTech, Marcelo Lima, destaca que estudos da companhia australo-americana na safra, com a chancela de consultores de renome, demonstram que os baculovírus de Cartugen, integrados a um inseticida químico, diminuíram de 60% a 70% os danos foliares da Spodoptera frugiperda ao milho. Já em ‘área-testemunha’ de algodão, monitorada pela Fundação Chapadão, o mesmo método de manejo viabilizou a produção da ordem de 5 toneladas da pluma por hectare.

“Vírus é hoje um grande aliado, que auxilia, inclusive, a reduzir a utilização de químicos nas lavouras”, resume Luiz Eduardo Pannuti, coordenador de Fitossanidade da SLC Agrícola. Com origem na região Sul do País, SLC Agrícola mantém lavouras da ordem de 600 mil hectares, cultivadas principalmente com soja, milho e algodão, em toda a fronteira agrícola, incluindo os Estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Bahia, Piauí e Maranhão. Conforme Pannuti, a pressão da Spodoptera, nas regiões Centro-Oeste e Nordeste, tem sido “muito forte”.

“Priorizamos os biológicos, como os vírus. O posicionamento é claro: entramos com o biológico no início da infestação, fazendo duas ou três aplicações. Empregamos o químico quando as infestações se agravam. A aplicação integrada é importante, pois há hoje evidente perda na eficácia de inseticidas químicos, por seleção de populações resistentes a alguns ativos”, ressalta Pannuti.

Sócio da Solo & Planta, empresa sediada na Bahia e com atuação em toda a fronteira agrícola, o consultor Paulo Saran acumula mais de 30 anos de experiência em controle de pragas. “A ‘casadinha’ entre o químico e o biológico é muito interessante. Na prática, melhora o controle da lagarta e dá vida mais longa aos produtos químicos, neste momento em que a Spodoptera frugiperda mostra uma dinâmica muito maior frente ao problema da resistência a tratamentos”, salienta Saran. “Biológico é um facilitador do controle químico”.

Saran acompanhou ensaios, em parceria com a AgBiTech, em lavouras de algodão da região de Rosário, na Bahia, e afirma que houve menos danos ocasionados pela lagarta à cultura. “O efeito benéfico do biológico se avalia no final do manejo, e não de maneira pontual, em única aplicação. Este produto reduz a intensidade da praga”. Saran preconiza que o agricultor deve aprender a trabalhar o conceito “MEP” (a definição é do consultor) ou ‘Manejo Estratégico de Pragas’, que consiste em associar alternativas biológicas, físicas, químicas, comportamentais e de resistência de plantas, como ferramentas estratégicas para controle e supressão de insetos-pragas.

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