A Embrapa Trigo (Passo Fundo, RS) responde pelo programa de melhoramento genético de soja nas regiões frias do Brasil (macrorregião sojícola 1). Avaliar as percepções do setor produtivo foi o objetivo do encontro realizado no dia 16/03, quando mais de 30 produtores de sementes parceiros avaliaram oito linhagens de soja que estão em fase de pré-lançamento pela Embrapa.
De acordo com o pesquisador Luiz Eichelberger, responsável pela produção de semente genética das cultivares da Embrapa Trigo, a cada ano, são multiplicadas na Embrapa aproximadamente 300 linhagens de soja para a disponibilização de sementes a futuros lançamentos. São linhagens com as mais variadas características (resistentes a doenças, insetos e herbicidas, transgênicas ou convencionais, de ciclo determinado ou indeterminado, para consumo industrial ou in natura). Somente as melhores, que se mostram superiores às testemunhas (cultivares que já estão no mercado), são lançadas como cultivares, resultando em um ou dois lançamentos por ano.
Na visita à Embrapa Trigo, os produtores de sementes puderam conhecer oito linhagens de soja, com ciclo entre 5.8 a 6.2. As cultivares já estão no terceiro ano de experimentação com ensaios de cultivo em nove locais, comparadas a seis testemunhas. Durante o encontro, foram apresentadas somente cultivares transgênicas prontas para multiplicação, além dos cruzamentos com tecnologia Intacta e resistente à ferrugem asiática.
“O melhoramento genético tem disponibilizado cultivares cada vez mais produtivas, indicadas para atender as especificidades de cada região de cultivo. O que pode impactar em quedas nos rendimentos é o manejo da lavoura, como a falta de rotação com gramíneas e os cuidados com o solo”, alerta o pesquisador Paulo Bertagnolli.
Para os representantes do departamento técnico da Cotribá (com sede em Ibirubá, RS), investir em sementes de qualidade é a melhor estratégia para ganhar na soja. Vagner Ramalho reconhece a importância deste tipo de ação no pré-lançamento da cultivar: “Cabe a assistência técnica orientar o produtor corretamente para escolher as cultivares que melhor atendem a sua realidade no sistema de produção e nas exigências de ambiente. Saber primeiro o que ainda está para chegar ao mercado é fundamental para o planejamento voltado à multiplicação de sementes na cooperativa”.
Segundo Vinícus Floss, a Cotribá deverá repetir o modelo de produção de soja realizado na última safra, onde o direcionamento dos associados resultou na satisfação com os resultados na produção. “O preparo técnico, resultado da interação com os pesquisadores, possibilita maior segurança nas indicações de cultivo e garante a confiança do produtor” avalia Floss, destacando: “temos casos de produtores que investiram somente na cultivar BRS 5601RR e já pediram para ampliar a área da lavoura com a mesma cultivar na próxima safra”.
Conheça as cultivares de soja da Embrapa indicadas para a macrorregião sojícola 1:
BRS 232 - A cultivar de soja BRS 232 é convencional, apresenta excelente potencial produtivo, principalmente nas regiões acima de 700 metros de altitude e nas semeaduras a partir de 20 de outubro e durante o mês de novembro. Com tipo de crescimento determinado, apresenta alto teor de proteína e elevado peso de sementes. Possui boa resistência ao Cancro da haste, Mancha "olho-de-rã", Podridão parda da haste e ao Mosaico comum da soja. Pertence ao grupo de maturidade relativa 6.9. Nas regiões abaixo de 700 m, semear a partir de 25 de outubro e dar preferência a solos corrigidos de alta fertilidade. Regiões edafoclimáticas de adaptação: REC 102 – RS (Missões, Planalto Médio, Leste e Oeste do Alto Vale do Uruguai), SC (Oeste, Meio-Oeste, Nordeste), PR (Sudoeste); REC 103 – RS (Serra do Nordeste e Planalto Superior), SC (Centro-Norte e Serra Geral), PR (Centro-Sul), SP (Sul).
BRS 5601RR - cultivar de tipo de crescimento indeterminado, aliando alto potencial produtivo e precocidade, pertence ao grupo de maturidade relativa 5.6, sendo a cultivar de soja mais precoce lançada pela Embrapa Trigo. A cultivar possui arquitetura ereta e média estrutura de planta, características que a tornam resistente ao acamamento. Possui resistência às seguintes doenças: podridão radicular de fitóftora, ao cancro da haste, a cercosporiose e à necrose da haste; ainda moderada resistência à pústula bacteriana e à podridão parda da haste. BRS 5601 RR deve ser semeada, preferencialmente, entre 20 de outubro e 15 de novembro, em solos com alta fertilidade e corrigidos quanto à acidez. Utilizar densidade de semeadura de 10 a 15 sementes por metro de linha em espaçamento entre linhas de 45 cm, de acordo com a época de semeadura, a fertilidade do solo e a altitude. Adotar a menor densidade de plantas em lavouras localizadas em região de altitude superior a 600 m da Macrorregião Sojícola 1.
BRS 6203RR - com tipo de crescimento indeterminado, aliando amplitude na época de semeadura com produtividade. A cultivar pertence ao grupo de maturidade relativa 6.2, apresenta planta ereta e estatura de planta alta, com boa tolerância ao acamamento. BRS 6203RR apresenta resistência às doenças: podridão radicular de fitóftora, à podridão parda da haste, ao cancro e à necrose da haste, à cercosporiose e ao mosaico comum da soja, além de moderada resistência à mancha olho de rã. Deve ter semeadura preferencial de 21 de outubro a 30 de novembro, em solos com fertilidade e acidez corrigidos. Realizar a semeadura de 10 a 15 sementes por metro de linha, no espaçamento entre linhas de 40 a 50 cm. Preferencialmente, adotar a menor densidade de plantas em lavouras semeadas a partir da metade da época preferencial e localizadas em região de altitude superior a 600 m, enquanto as maiores densidades são indicadas no início da época de semeadura e para lavouras localizadas em região de altitude inferior à 600 m.
Veja aqui onde encontrar sementes.