Mais fertilizantes para mais trigo?
Atualmente, apenas 48% do fertilizante aplicado é absorvido pelas plantas; o restante é lixiviado no solo ou emitido para a atmosfera
Na última semana, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou o mais recente relatório WASDE de estimativas de oferta e demanda agrícola mundial. No caso da soja, a consultoria Hedgepoint Global Markets aponta que o departamento confirmou uma pequena correção nos estoques finais; enquanto em relação ao milho, a produção parece estar em linha com as expectativas de mercado; já no caso do trigo, os números baixistas dominaram o relatório. Confira a análise completa abaixo:
“Seguindo a tendência do relatório do mês passado, o balanço de oferta e demanda de soja de 24/25 quase não sofreu ajustes”, diz Ignacio Espinola, analista de Grãos da Hedgepoint Global Markets.
“Na América do Sul, o USDA parece confortável com uma produção brasileira de 153M mt para a safra atual e 169M mt para a safra 24/25, ambos os números inalterados. Quanto à Argentina, o relatório ajustou a safra atual em -0,5M mt, deixando o número final em 49,5M mt e ajustando também os estoques finais”, destaca.
Para os EUA, a agência trouxe um pequeno corte na produção e nos estoques finais, principalmente devido à menor área plantada - o que era esperado após o relatório de área plantada de junho.
Finalmente, na China, a maior mudança para o gigante asiático veio das importações, com uma expectativa de +3M mt, deixando o número final em 108M mt, em linha com as últimas compras que fizeram do Brasil nas últimas semanas. (Quase +3M mt a mais em relação à média histórica).
“Nos EUA, houve um aumento de 6M mt na produção de 24/25, deixando o número final em 383,5, muito próximo da estimativa mediana do mercado de 383M mt. Por outro lado, as exportações mais altas, tanto para a safra atual quanto para a próxima, levaram a estoques finais mais altos do que o esperado, reduzindo a pressão baixista com a produção mais alta”, explica o analista.
“Estávamos esperando um certo ajuste nos números de produção da América do Sul, mas isso não aconteceu dessa vez. O relatório trouxe uma produção de 52M mt para a Argentina, 1M mt a menos do que o relatório anterior, um número de produção muito otimista, considerando que alguns analistas estão falando de uma safra de 46M mt”, aponta Ignacio.
No lado brasileiro, o relatório permaneceu inalterado, registrando 122M mt. Como referência, o número da CONAB é de 116M mt. Teremos que aguardar o próximo relatório para ver se o USDA finalmente cortará os números de produção da América do Sul, ajustando o desequilíbrio real no balanço global.
De acordo com Alef Dias, analista de Grãos da Hedgepoint, “nos EUA, a estimativa de produção de todas as classes de trigo aumentou devido ao progresso acelerado da colheita de inverno e às ótimas condições de safra para a safra de primavera”.
“As primeiras previsões de produção baseadas na pesquisa de 2024 para outros trigos de primavera e Durum indicaram um aumento em relação ao ano passado para ambas as classes. Isso levou a maiores rendimentos e área colhida, apesar do corte na área plantada - em linha com o relatório de área cultivada de junho”, pontua.
Os estoques iniciais também foram aumentados devido aos números mais altos observados no último relatório de estoques. Ainda assim, os ajustes na produção e nos estoques finais foram muito maiores do que os analistas de mercado esperavam, levando a uma sessão muito baixista para o trigo em Chicago.
“Os estoques finais mundiais também ficaram acima das expectativas máximas do mercado, com os aumentos de produção nos EUA (+3,6M mt), Paquistão (+1,4M mt) e Canadá (+1M mt) sendo os maiores contribuintes para o ajuste para cima de 5M mt nos estoques finais globais, que agora estão em 257,2M mt para a temporada 24/25. A previsão de produção do Paquistão foi elevada para um recorde de 31,4M mt, com base em estimativas do governo que indicam um grande rendimento. A produção do Canadá foi aumentada para 35M mt devido à melhoria das condições de umidade nas províncias da pradaria”, ressalta.
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