Produção de laranja volta a cair no cinturão citrícola

Clima seco e elevação da severidade do greening derrubam a nova projeção do Fundecitrus

10.12.2025 | 14:33 (UTC -3)
Daniele Merola

A segunda reestimativa da safra de laranja 2025/26 do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro, divulgada pelo Fundecitrus nesta quarta-feira (10/12), indica produção de 294,81 milhões de caixas de laranja de 40,8 kg, redução de 3,9% em relação à primeira reestimativa da safra, divulgada em 10/9, que apontava produção de 306,74 milhões de caixas, e de 6,3% em relação à estimativa do dia 10 de maio, que apontava produção de 314,60 milhões de caixas. 

As duas principais razões para a redução da safra são a diminuição do tamanho dos frutos, em função da escassez de chuva, e a elevação da projeção da taxa de queda, de 22% para 23%, devido ao crescimento da severidade do greening, ao ritmo da colheita e às próprias condições climáticas.

Clima 

Segundo dados da Climatempo Meteorologia, a precipitação média acumulada no cinturão citrícola de maio a novembro de 2025 foi de 392 milímetros, 20% a menos do que a média histórica (1991-2020), de 489 milímetros. A região de Porto Ferreira foi a única que registrou volume pluviométrico acima da média histórica (2%). No Triângulo Mineiro, o déficit foi de 47% em relação à média histórica e em Bebedouro, de 40%. 

Até o momento da divulgação da primeira reestimativa, em setembro, o ritmo de colheita indicava que uma parcela significativa da safra da variedade Pera seria colhida após a chegada das chuvas mais intensas previstas para a primavera. No entanto, a precipitação média de setembro no cinturão citrícola foi de apenas 20 milímetros, volume 70% abaixo da média histórica. E as chuvas de outubro só se intensificaram a partir da segunda quinzena. Esse cenário prolongou o período de estiagem observado nos meses anteriores e afetou negativamente o desenvolvimento dos frutos colhidos nesse período. 

Com isso, considerando a média de todas as variedades, os frutos devem ser colhidos com 4 gramas a menos do que o peso projetado em setembro. Portanto, o número médio de laranjas necessárias para completar uma caixa de 40,8 kg aumenta de 258 (158 gramas por fruto) para 265 frutos (154 gramas por fruto).

Para as variedades Hamlin, Westin e Rubi e para o grupo das outras precoces, o número de frutos se mantém estável, em 305 frutos por caixa (134 gramas por fruto) e 272 frutos por caixa (150 gramas por fruto), respectivamente. A Pera, que estava projetada em 261 frutos por caixa (156 gramas por fruto) altera para 267 frutos por caixa (153 gramas por fruto). A quantidade de laranjas por caixa para as variedades Valência e Folha Murcha aumenta de 235 frutos por caixa (174 gramas por fruto) para 248 frutos (165 gramas por fruto). A variedade Natal foi revisada de 242 frutos por caixa (169 gramas por fruto) para 248 frutos (165 gramas por fruto). 

Queda de frutos

A severidade média de greening no cinturão citrícola, que saltou de 19% em 2024 para 22,7% em 2025, reduzindo em cerca de 35% o potencial produtivo do parque, constitui a principal explicação para a elevação da projeção da taxa de queda de 22% na reestimativa passada para 23% nesta reestimativa. 

Também concorrem para a elevação o ritmo da colheita e o clima. Para que atingissem a maturidade ideal e fossem colhidos em seu melhor momento, os frutos permaneceram mais tempo nas árvores. Além disso, ventos fortes atípicos foram registrados no mês de setembro em todo o cinturão citrícola, com rajadas de 50 a 90 km/h que, somados ao déficit hídrico, contribuíram para o aumento da queda de frutos. 

O diretor-executivo do Fundecitrus, Juliano Ayres, diz que a combinação entre clima desfavorável e incremento da severidade média do greening impacta diretamente a produtividade do setor. “A taxa de crescimento da doença vem caindo, mas a severidade média está aumentando. Hoje, 26,5% das laranjeiras com greening apresentam sintomas em mais de 75% da copa. Quando esse alastramento do greening pelas copas das árvores se junta ao déficit hídrico, a taxa de queda de frutos tende a aumentar”, analisa Ayres.

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