Nesta quarta-feira, 31 de outubro, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (ABRAFRUTAS) e o programa Hortifruti Saber & Saúde lançaram o inédito relatório Cenário Hortifruti Brasil, que traz o panorama nacional da produção de frutas e hortaliças, responsáveis por grande parte dos alimentos consumidos todos os dias no País. Realizado com base em análise de dados, entrevistas com profissionais do setor e métodos estatísticos, o levantamento investigou 24 cultivos e concluiu que são produzidas cerca de 37 milhões de toneladas anuais desses tipos de alimentos, dos quais entre 3% a 5% são exportados.
Entre os destaques do estudo, chamam a atenção os números relacionados à geração de emprego. Na fruticultura, por exemplo, são 6 milhões de trabalhadores em uma área de 2,4 milhões de hectares. Já na olericultura (área da horticultura que abrange a exploração de hortaliças e legumes), são 7 milhões de empregos distribuídos em aproximadamente 2,6 milhões de hectares. Isso significa que, a cada 10 hectares cultivados com frutas e/ou hortaliças, são cerca de 25 pessoas empregadas. A título de comparação, na cultura da soja, por exemplo, a cada 10 hectares, é gerado 1 posto de trabalho (dado obtido pela divisão da área plantada com a oleaginosa, 34 mis/ha, por 3,8 empregos gerados pela atividade). Isso significa que, além de um relevante impacto macroeconômico, esse setor também é essencial para a empregabilidade de parcela importante da população.
Além disso, a tecnologia aplicada aos cultivos de frutas e hortaliças representa uma característica importante. Nas culturas de mamão, melão e brócolis a adoção de tecnologia é de mais que 50%. E, ao considerar os cultivos em que a maior parte dos produtores tem perfil de alto ou médio uso de tecnologia, são destaque as culturas de abacate, limão, manga, maçã e morango. Entre as hortaliças, cebola, pimentão e tomate.
“Apesar de o Brasil ser um dos principais produtores agrícolas do mundo, nossos produtores enfrentam o desafio de trabalhar em um cenário, ao contrário do que muitos pensam, adverso. O clima tropical é propício para o desenvolvimento de insetos, fungos, plantas invasoras e outras pragas que prejudicam a lavoura. Por isso, o uso da tecnologia é uma necessidade. Isso implica em um estudo cuidadoso do clima, do solo, das culturas e da interação entre esses elementos, além da utilização de técnicas engenhosas de irrigação, máquinas modernas, ferramentas genéticas, fertilizantes para correção de aspectos naturais pouco favoráveis e defensivos agrícolas”, afirma a coordenadora científica do programa Hortifruti Saber e Saúde, Adriana Brondani.
Como grande parte da produção é consumida domesticamente, o estudo afirma, ainda, que o setor contribui para a segurança alimentar dos brasileiros pela disponibilização de alimentos seguros e saudáveis. “O Brasil é conhecido pelo plantio de commodities, mas também merece destaque quando o assunto é fruticultura e olericultura, pois são exatamente seus produtores os responsáveis pela imensa maioria dos alimentos que consumimos in naturaou minimamente processados todos os dias. Além disso, a produção de HF tem um grande potencial de crescimento no País. Prova disso é a discrepância de produtividade entre produtores mais e menos tecnificados”, acrescenta Adriana.