Pró-África aproxima Argélia e Brasil

18.11.2009 | 21:59 (UTC -3)

Na terça-feira (17/11), na Pós-Graduação de Agronomia da Universidade de Passo Fundo/RS, a palestra “Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar na Argélia” mostrou que o Brasil tem muitas semelhanças com os países situados ao norte do continente africano.

Trazido pelo projeto Pró-África, o Dr. Mohamed Benkhelifa, da Universidade de Mostaganem, apresentou índices de desenvolvimento humano e PIB muito parecidos com a realidade brasileira, porém, um contraste está na produção de alimentos: enquanto o Brasil exporta alimentos e importa combustível, a Argélia importa alimentos e exporta petróleo e gás natural.

A Argélia foi colonizada pela França, que deixou marcas na cultura e no estilo de vida do país. Localizado ao Norte da África, a Argélia tem como vizinhos a Nigéria e a Tunísia (que estiveram na Embrapa Trigo no ano passado), e conta com uma população de 33 milhões de habitantes. Problemas parecidos com os nossos, como sobrecarga animal em solos degradados, regiões áridas que exigem alternativas para irrigação são alguns dos fatores que trouxeram o pesquisador para conhecer as experiências do Brasil: “Venho ao Brasil para uma cooperação no ‘saber fazer’, conhecer o jeito brasileiro de driblar as adversidades do ambiente. Não venho apenas buscar tecnologias, mas principalmente conhecimento, alternativas que dinamizem a produção agrícola na Argélia”, diz Benkhelifa.

O que mais chamou a atenção do Dr. Benkhelifa foi a integração da cadeia produtiva para gerar resultados no campo: “O Brasil é um modelo de integração entre a pesquisa, o produtor, o técnico, os governos. É assim que encontra soluções. Esta foi a minha maior lição neste país”.

Na Embrapa Trigo, o convidado argelino conheceu as pesquisas e resultados do Sistema Plantio Direto, com o pesquisador José Eloir Denardin. “Os técnicos franceses que nos assessoram disseram que vir aqui era perda de tempo, porque plantio direto nunca vai funcionar na África. Mas precisamos buscar alternativas para manter a umidade no solo e, com certeza, vamos tentar o plantio direto”, avalia Benkhelifa.

A Argélia é o maior importador mundial de trigo, produzindo apenas 20% do que consome. Um dos fornecedores do trigo no ano passado foi o Rio Grande do Sul. A demanda no país africano é de 25 milhões de toneladas (no Brasil são 10 mi t), herança da cultura francesa que consome grande quantidade de pão. Segundo Benkhelifa, nos últimos três anos, a Argélia conseguiu reduzir em 35% a importação de trigo, principalmente em função do clima que foi favorável a boa colheita, com rendimentos de 3 mil kg/ha. “Possuimos bom conhecimento técnico, como fertilidade, maquinário, mapa das regiões produtivas, mas a dificuldade, assim como no Brasil, está em vencer as adversidades do clima”, finaliza Mohamed Benkhelifa, lembrando que novos contatos vão possibilitar um maior intercâmbio de conhecimento entre os países.

O seminário foi organizado pelo professores Edson Bortoluzzi e Cláudia Petry, com apoio da Embrapa Trigo.

Joseani M. Antunes

Embrapa Trigo

(54)3316.5800 /

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