​Primeiros relatos de ferrugem da soja aumentam a preocupação com o manejo preventivo

Aparição da ferrugem precoce deve representar um alerta no planejamento do manejo correto e preventivo

03.10.2016 | 20:59 (UTC -3)
Fabiana Trebilock

De acordo com dados do Consórcio Antiferrugem (plataforma colaborativa que envolve representantes da Embrapa e da Indústria, além de pesquisadores), neste mês já foram relatadas 25 ocorrências de ferrugem asiática no Brasil, em 3 Estados: Paraná, São Paulo e Mato Grosso. Diante desse cenário, somado à previsão de chuvas intensas, concomitantes ao início do plantio da soja, é essencial que agricultores se planejem no que se refere ao manejo correto e a ações preventivas, a fim de controlarem a doença que pode causar danos irreparáveis à produtividade da soja.

De acordo com Cláudia Godoy, pesquisadora da Embrapa Soja, o relato precoce da ferrugem em plantas “guaxas" (planta que nasce espontaneamente nas lavouras ou estradas) em regiões brasileiras distintas reforça a necessidade de constante monitoramento da doença. Segundo ela, com o final do vazio sanitário e o início da semeadura da soja nas principais regiões produtoras, os agricultores precisam manejar adequadamente a ferrugem asiática da soja, a mais severa doença da cultura.

A infecção da ferrugem asiática é causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi que provoca desfolha precoce, compromete a formação, o desenvolvimento de vagens e o peso final do grão. De acordo com dados do Consórcio Antiferrugem, o custo-ferrugem (gasto com fungicidas para controle + perdas de produção) médio é de US$ 2 bilhões por safra no Brasil.

"Diante desse cenário, torna-se fundamental que produtores estejam preparados com as melhores ferramentas de manejo para protegerem sua lavoura, enfatiza Murilo Moreira, gerente de portfólio de fungicidas da Syngenta.

A ameaça representada pela ferrugem asiática

Mais de 40 doenças da soja já foram identificadas no Brasil, porém, a ferrugem asiática, é a doença mais desafiadora, implicando riscos altamente preocupantes à produção. Epidemias da doença são comuns em todo o País, sendo identificada, desde que chegou ao Brasil na safra 2001/02, todos os anos em diferentes níveis de intensidade.

Ironicamente, ótimas condições de clima para o desenvolvimento da cultura da soja são também condições ideais para o estabelecimento da ferrugem asiática. Os esporos do fungo podem ser facilmente disseminados por correntes de ventos a longas distâncias, o que caracteriza uma alta capacidade de dispersão do fungo para diferentes regiões brasileiras. Em termos de potencial de dano, a ferrugem é a doença mais severa e pode causar reduções de produtividade de até 80%.

Segundo estudos da ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio), a perda de controle da ferrugem poderia acarretar perdas significativas na indústria processadora, que girariam em torno de R$ 7,0 bilhões, R$ 2 bilhões deixariam de ser arrecadados em impostos e 300 mil empregos poderiam deixar de existir. Os impactos econômicos também se estenderiam à cadeia de insumos, máquinas, serviços, entre outros.

O uso de fungicidas é a principal ferramenta para controle da ferrugem asiática no Brasil. “A utilização correta das tecnologias possibilita altos níveis de controle da doença de maior impacto na sojicultura brasileira", conclui Murilo.


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