Proibição do ingrediente ativo paraquate em produtos agroquímicos no Brasil
Ficariam proibidas, a produção, a importação, a comercialização e a utilização de produtos técnicos e formulados à base do ingrediente ativo paraquate
O presidente da Embrapa, Celso Moretti, defendeu a importância da mobilização dos agentes governamentais na busca pela garantia da conectividade ao campo. Só com internet, produtores de todo o País terão acesso aos recursos tecnológicos responsáveis por oferecer condições de incremento à produtividade, sustentabilidade e geração de renda.
A questão foi apresentada no projeto Agro pelo Brasil, promovido pelo sistema CNA/Senar. Moretti falou por conferência virtual aos participantes do evento sobre as demandas do cenário agropecuário brasileiro e as respostas da ciência às necessidades do produtor rural. E citou exemplos de como a pesquisa tem favorecido os avanços no campo e abordou as perspectivas para o futuro.
Participaram do painel Adauto Liberato, coordenador de comunidades e inovação do Senar (BA), Fernando Borges Fernandes, gerente de inovação do Senar (GO), e Daniel Carrara, diretor-geral do Senar. Para Carrara, “esse é um momento inovador do Senar. Inauguramos nosso sistema de comunicação alinhado com as novidades e com a vontade de inovar com a Embrapa. É muito bom contar com o apoio da Embrapa nesta nova iniciativa”, disse. Carrara é um dos integrantes do Conselho de Administração (Consad) da Empresa.
Para contextualizar o panorama do agro atual, Moretti recuperou a trajetória da agropecuária brasileira, nas últimas cinco décadas, responsável pela transformação do País de importador e dependente dos mercados internacionais em um dos principais protagonistas mundiais em produtividade, qualidade e sustentabilidade na produção de alimentos. “Foi graças à ciência que esse cenário mudou de forma tão surpreendente e elevou o Brasil à categoria de liderança no que diz respeito à agricultura tropical”, disse.
“A transformação de solos ácidos em férteis, a tropicalização de variedades e animais e o desenvolvimento de uma plataforma de produção sustentável resumem bem essa mudança nos rumos, que resultou no que hoje é a pesquisa do Brasil, referência para mundo inteiro”. Moretti destacou o esforço do trabalho desenvolvido nas universidades, empresas privadas, produtores, assistência técnica e extensão rural, cooperativas, e sistema S, como o Senar, que, destacou, contribuíram com a transformação agropecuária.
Como exemplo do potencial agrícola nacional, o presidente citou o que hoje representa a cultura do milho, distribuída em todo território nacional, e o que pode vir a ser o trigo tropical, desenvolvido por pesquisadores. “No entorno do Distrito Federal, temos produtores colhendo 8 toneladas de trigo por hectare e semana passada acompanhamos a colheita no Ceará, com a mesma produtividade do Cerrado em metade do tempo”, completou.
Ao abordar agricultura digital, o agro 4.0, Celso Moretti fez uma retrospectiva do caminho empreendido na Embrapa. Disse que, há 20 anos, a Empresa disponibiliza aplicativos para uso dos produtores: “e vamos continuar avançando até 2030, os rumos estão direcionados às ferramentas digitais na agricultura”. Também reafirmou a importância da conectividade para garantir a eficiência de recursos como a internet das coisas e a robótica. “Dados do IBGE 2017 revelam que 72% das propriedades rurais ainda não têm conectividade e esse é o grande desafio para que possamos avançar".
Sobre as contribuições da pesquisa na agricultura digital, citou projetos das várias unidades da Embrapa, envolvidas com o desenvolvimento de softwares, aplicativos, sensores, tecnologia embarcada, coleta, transmissão e armazenamento de dados de forma digital e sensores que permitem, por exemplo, avaliar o comportamento e o bem-estar animal.
“Temos usado ferramentas de modelagem e simulação computacional, inteligência artificial, câmaras especiais que predizem a ocorrência de doenças e a produtividade em algumas culturas. É um conjunto de tecnologias pra ajudar o produtor”, destacou o presidente. Disse ainda que a agricultura de precisão pode apoiar o produtor a ter mais informações sobre fertilidade de solos, ataque de pragas, produtividade e necessidade de aplicação de insumos. Como exemplo citou a parceria com o Instituto Mato-grossense do Algodão, em que 260 fazendas são monitoradas para verificar a ocorrência de fitonematóides do algodoeiro e onde já houve um aumento de 10% na produção.
Celso Moretti destacou o potencial da irrigação de precisão, que pelo uso de sensores no solo torna possível conexão via internet das coisas e, de forma seletiva, calcular a lâmina d’água que será aplicada. “Temos desenvolvido um conjunto enorme de aplicativos, como o 'Plantio Certo', que ajuda o produtor a definir o quê, como, quando e onde plantar”, explicou, lembrando que o aplicativo de apoio ao Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), é hoje usado em políticas públicas do Governo Federal.
O presidente falou sobre o trabalho de incentivo a startups ligadas ao agro, e o programa Pontes para Inovação, onde empresas iniciantes são postas em contato com grandes fundos de investimento. “Exemplos de sucesso são a Farmly, que produz cafés especiais e exporta para a Europa, a Gira e a SpecLab, as duas nascidas dentro da Embrapa”.
Moretti abordou prioridades mapeadas na Empresa de grande potencial diante de um cenário de crescimento populacional, maior urbanização, renda, longevidade e mudanças no padrão de consumo: “haverá uma demanda 35% maior por alimento, 40% mais por energia e 50% por mais água – e para isso vamos ter que lançar mão de recursos tecnológicos para resolver ou minimizar impactos”. A tecnologia digital, segundo ele, é que vai contribuir para que o Brasil consiga aumentar a sua produção e ter mais produtividade e eficiência para ser um dos maiores players globais na produção de alimentos, fibras e bioenergia.
Entre as prioridades em pesquisa, citou plataformas digitais, uso de drones, inteligência artificial e visão computacional, georreferenciamento, automação, transmissão de dados, internet das coisas e robótica. “Essa é a nossa agenda, quando vamos sair do agro 4.0 de automação e conectividade para a autonomia total, que já é realidade em algumas propriedades, mas vai se massificar nos próximos anos”, concluiu.
O presidente da Embrapa respondeu perguntas de produtores sobre as contribuições na produção científica para o campo, e sobre a importância do investimento em tecnologia nas propriedades rurais. Ele disse, por exemplo, que “a fixação biológica de nitrogênio é uma das mais importantes contribuições para o produtor, porque representa economia significativa em insumos no cultivo da soja”. E citou as vantagens da tecnologia que beneficia a cadeia produtiva da manga, por meio do tratamento hidrotérmico, uma exigência de mercados internacionais como o norte-americano.
“Não há dúvidas de que a adoção de tecnologia aumenta a sustentabilidade do agro brasileiro”, explicou. E deu como exemplo o uso de drones na pulverização de cultivos, sem que haja necessidade de aplicação em toda plantação: “menos pesticida, sistemas mais sustentáveis e menos custo e mais competitividade”. Para ele, "instituições públicas de pesquisa são fundamentais para oferecer soluções vantajosas e com custos mais baixos para o produtor brasileiro”.
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