Fecotrigo impede uso de cultivares sem autorização
Dezembro iniciou com os preços do boi gordo em forte queda. Na primeira quinzena do mês, o Indicador do boi gordo ESALQ/BM&FBovespa (à vista, São Paulo – CDI) recuou quase 10%. Essa queda esteve atrelada ao recuo comprador e às exportações, que registraram expressiva diminuição em novembro. A queda nos embarques pressionou, também, os preços da carne que, geralmente, sobem em início de mês. A carcaça casada de boi desvalorizou 4,2% nos primeiros quinze dias de dezembro.
O forte recuo de frigoríficos no início de dezembro fez com que pecuaristas que necessitavam vender entregassem seus lotes a valores mais baixos. A preferência por um ou outro comprador e também por determinadas condições de negócios acabou limitando ainda mais as possibilidades dos vendedores.
De modo geral, o ritmo de negócios em todo o País seguiu bastante lento no período, informa o Cepea/Esalq. Em alguns casos, frigoríficos optaram por trabalhar com capacidade parcial de abate, enquanto outros entraram em férias coletivas. O baixo interesse de compradores foi evidente sobretudo na praça de Cuiabá (MT), que chegou a ficar sem parâmetro de preços por cinco vezes em dezembro – dias 4, 5, 12, 15 e 26. Nessa região, as negociações já vinham ocorrendo de forma lenta e a greve do Indea (Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso), entre 1º e 5 de dezembro, reforçou ainda mais esse comportamento. De acordo com agentes de Cuiabá, após a greve, principalmente frigoríficos de maior porte saíram em férias coletivas.
Já na segunda quinzena do mês, os preços da arroba e da carne começaram a subir. De 15 a 30 de dezembro, o Indicador do boi registrou alta de 8,8%. No acumulado do mês, contudo, houve baixa acumulada de 1,74%. A carcaça casada de boi teve forte valorização de 13,4% na segunda quinzena, recuperando as perdas do início do mês e acumulando alta de 7,3% em dezembro.
Essas elevações ocorreram por conta do aumento da demanda de frigoríficos por boi gordo, tendo em vista a necessidade de preencher escalas dos últimos dias de 2008 e início de 2009, informa a equipe do Cepea.
No mercado de reposição, a procura seguiu baixa em dezembro e os preços, em queda. O Indicador ESALQ/BM&FBovespa do bezerro (animal nelore de 8 a 12 meses, CDI – Mato Grosso do Sul) fechou a R$ 644,55 no dia 30 de dezembro, acumulando recuo de 7,13% no mês.
Apesar das quedas dos preços do animal de reposição, do boi e da carne no final de 2008, o ano foi marcado por valores elevados. A baixa oferta de animais foi o principal motivo para que os preços desses três segmentos atingissem patamares recordes em 2008. Por sua vez, a reduzida disponibilidade de animais se deveu ao contínuo desestímulo à atividade pecuária nos anos anteriores, com custos sendo reajustados consecutivamente acima das variações dos preços de venda da produção.
Em 2008, para o boi gordo, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (à vista, CDI – São Paulo) apresentou o maior valor, de R$ 94,32, em 8 de julho. A arroba da carne (15 kg de carcaça casada com osso) chegou a ser negociada a R$ 86,00 (a prazo – atacado da Grande SP) em outubro e, o bezerro (nelore de 8 a 12 meses), a R$ 750,00 em julho em Mato Grosso do Sul.
Ao contrário do desempenho sucessivamente crescente dos últimos anos, em 2008, o volume de carne in natura exportado em quase todos os meses foi menor que o registrado para o mesmo período do ano anterior – a exceção foi setembro. Isso ocorreu tanto pela menor disponibilidade de boi no mercado interno quanto por dificuldades de negociação com alguns compradores.
Mesmo no primeiro semestre, com a economia mundial bastante aquecida, exigências de clientes brasileiros sobre o sistema de rastreabilidade nacional agiram como empecilho para os negócios. No segundo semestre, especialmente no último trimestre, foi a crise financeira que impactou as exportações. Em novembro e dezembro, os acumulados mensais ficaram abaixo de 90 mil toneladas (somando-se in natura e industrializada). Desde fevereiro de 2005 os embarques mensais não ficavam abaixo de 90 mil t, informa o Cepea.
No acumulado do ano, o volume total foi de 1,344 milhão de toneladas, queda de 16,23% sobre 2007. Os embarques de carne industrializada chegaram a ter aumento de 0,83%, mas os de carne in natura diminuíram 20,45% - acumulado de jan-dez/08 comparado a jan-dez/07. Quanto aos preços, o valor médio apontado pela Secex para o produto industrializado aumentou 30,11% e, para o in natura, 42%, ambos em dólar. Com isso, a receita anual foi de quase US$ 5,1 bilhões (R$ 9,355 bilhões), montante 18,14% maior que o de 2007.
Números de abate divulgados pelo IBGE no final de 2008 confirmam o discurso de agentes (comprador e vendedor) no correr do ano: a oferta era mesmo pequena. De acordo com o Instituto, em 2008, o abate total de bovinos até setembro foi de 22 milhões de cabeças, 5,6% menor que o observado no mesmo período de 2007.
Análise sobre o mercado pecuário elaborada pelo Cepea. A análise completa está disponível no site do Cepea:
Equipe: Prof. Sergio De Zen, Shirley Menezes, Cristiane Mariano, Jacqueline Mariano, Marcela Fernanda da Silva e Camila Brito Ortelan.
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