Modalidade de fixação em trocas atrai atenção de produtor
A Câmara de Vereadores de Petrolina/PE vai debater, na sessão desta quarta-feira (24/02), projeto de lei que regulamenta a adição de fécula de mandioca ao pão francês, nas padarias do município.
O engenheiro agrônomo Joselito da Silva Motta, da Embrapa Mandioca e Fruticultura, fará palestra no plenário da instituição para explicar os benefícios da aprovação do projeto, de autoria do vereador Pérsio Antunes da Silva.
A proposta em discussão na Câmara prevê a adição de fécula de mandioca na proporção de 12% a 15% à farinha de trigo utilizada na preparação da massa do pão. Para Joselito, essa mistura não promove qualquer alteração na aparência e ainda torna mais nutritivo o pão. Em muitos casos, promove a redução do conteúdo interno e ar, o que torna maior a aceitação do produto por parte dos consumidores.
Consumo - Com base em estudos da nutricionista Ana Célia Oliveira, membro do Conselho Federal de Nutricionistas, Joselito garante que a farinha de mandioca possui cerca de três vezes mais fibras, cálcio e potássio do que a farinha de trigo. Nos dois, são idênticos os teores de gordura e carboidrato, embora a mandioca seja considerada como uma das fontes de carboidrato de maior aceitação entre os consumidores e ter uso versátil na indústria de alimentos.
Para os consumidores, a mistura não trará dificuldade alguma a ingestão do pão. Se aprovada a lei, o petrolinense poderá se dirigir às padarias tendo a certeza de que irá levar pra casa um produto mais nutritivo, afirma o técnico da Embrapa.
Mercado - A engenheira agrônoma Alineáurea Florentino Silva, pesquisadora da Embrapa Semiárido, avalia que a lei terá repercussão positiva também entre os agricultores familiares, que são os maiores responsáveis pelo cultivo da planta. A demanda in natura cresce ano a ano, com os consumidores mais exigentes nos aspectos de aparência, sabor, textura, maciez e durabilidade das raízes.
O emprego na mistura da massa do pão terá como consequência a ampliação do mercado para a produção dos agricultores familiares. E pode ser uma alternativa importante para absorver o crescente aumento da área cultivada. No Estado de Pernambuco, em uma série histórica de registro, as áreas plantadas saltaram de 46.608 ha, em 2004, para 114.294 ha, em 2008. Na Bahia, os números foram: 345.700 ha e 392.055, respectivamente.
Grande parte desses cultivos está em áreas onde a agricultura praticada é dependente de chuva. Em Petrolina, porém, os plantios nos perímetros irrigados Senador Nilo Coelho e Bebedouro respondem por toda a produção de mandioca consumida na cidade e ainda há um excedente que é “exportado” para outros municípios.
No país, a produção de trigo é deficitária. O consumo interno é maior que a produção nacional. Em algumas situações econômicas, essa dependência do mercado externo provoca o aumento no preço do pão.
A mandioca, por sua vez, é uma cultura genuinamente brasileira e muitas de suas variedades tem excelente adaptação ao ambiente semiárido. Para Aline, uma lei, como a que está sendo proposta na Câmara de Vereadores de Petrolina, é um estímulo ao incremento da área plantada e à sustentabilidade do negócio da mandioca na região.
Alineáurea Florentino Silva, Marcelino Ribeiro e Gilberto Pires
Embrapa Semiárido
/ 87 3862 1711
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