Fundecitrus lança versão digital de livro sobre pinta preta
O Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) acaba de lançar como e-book o livro “Pinta Preta: a doença e seu manejo”
Pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo estiveram em Patos de Minas para apresentar o Seminário Técnico Circuito Grãos de Minas: resultados e diagnóstico. O evento foi realizado no Sindicato Rural dos Produtores Rurais de Patos de Minas, em 25 de outubro.
O diagnóstico resultou de uma série de visitas realizadas entre os dias 29 de maio e 2 de junho de 2017, durante o 1º Circuito Grãos de Minas, quando pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo e acadêmicos de Agronomia do Centro Universitário de Patos de Minas (Unipam) percorreram 93 propriedades rurais na região, totalizando o percurso de 4.300 Km.
Os temas apresentados foram: 1) Cenários das culturas do milho e da soja na safra 2016/2017 e as tendências para a safra 2017/2018; 2) Caracterização fundiária; 3) Armazenamento de grãos; 4) Manejo do solo e da adubação das culturas; 5) Diagnóstico do manejo fitossanitário e prognóstico para a região; e 6) Diagnóstico do manejo de plantas daninhas no sistema de produção soja/milho.
O produtor Lauro Teixeira de Noronha Junior, de Lagoa Grande-MG, foi um dos entrevistados durante o Circuito e estava presente no seminário. “Esta visita da Embrapa foi muito importante para nós, por serem profissionais da área técnica e experientes em pesquisa. Eles andaram pelas lavouras e nós recebemos instruções sobre o manejo de plantas daninhas e pragas”, disse.
“A apresentação do resultado não é o encerramento do projeto”, afirmou o produtor rural Cláudio Consoni, que acompanha o projeto com o Sindicato Rural, desde o início. “É muito mais importante usarmos o que foi apresentado para melhorar e reforçar a agricultura na região. Os produtores foram alertados da importância de difusão dessas informações para os companheiros, vizinhos. Vamos avaliar se o que estamos fazendo dentro de casa está de acordo com a média ou não. Volto a enfatizar que este levantamento de dados vai ter mais valor se for usado como ferramenta para aprimorar nossa atividade”, disse Consoni.
Já o professor Carlos Henrique Eiterer de Souza, do curso de Agronomia do Unipam ressaltou que a missão da instituição de ensino é promover o elo entre a informação, o conhecimento gerado na pesquisa, e a realidade e dificuldades do campo.
“Nossa missão é fazer com que o técnico ou o profissional se forme com capacitação para atuar onde ele é necessário. Neste trabalho, o Unipam e seus alunos só saíram ganhando, porque nos incentivamos e nos unimos aos produtores, ao Sindicato Rural, à Associação para Pesquisas Agrícolas (Appa) e à Embrapa, para promover a melhoria de qualidade dos trabalhos que realizamos para a economia da nossa região e de grande parte do nosso País. Isso servirá de impulso para novos trabalhos que virão”, disse o professor.
O Circuito foi realizado pela Embrapa, em parceria com o Sindicato Rural e o Unipam. Para concretizar todas as atividades, o projeto contou com o apoio de colegas de diversos setores da Embrapa Milho e Sorgo. Também apoiaram o projeto a Appa, Predilecta Alimentos, Agrocerrado Produtos Agrícolas, Agrojapão, KWS Sementes, Terrena Agronegócios e Valoriza.
“O intuito do Sindicato era se aproximar, trazer a Embrapa para o campo, para a realidade dos agricultores da região de Patos de Minas. Nós temos que transformar a necessidade do campo em pesquisa, e foi proposto à Embrapa fazer um grande diagnóstico do setor produtivo de grãos aqui”, relatou o produtor e ex-presidente do Sindicato, Cláudio Nasser de Carvalho.
“Para os pesquisadores é uma tarefa de extrema relevância conhecer as demandas e o processo de tomada de decisão dos produtores desta região, que é uma referência para o agronegócio de grãos”, disse o Chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa, Derli Prudente Santana.
Confira os principais diagnósticos do Circuito
Caracterização fundiária
Na região de Patos de Minas existe uma grande diversidade no tamanho das propriedades e das atividades desenvolvidas. Como exemplo desta variedade, o pesquisador Miguel Marques Gontijo Neto cita a presença de culturas irrigadas, atividades pecuárias de corte e/ou leite, produção de grãos nos períodos de safra e safrinha. Também há diversificação de espécies cultivadas, tais como milho, soja, algodão, tomate, sorgo, feijão.
Na safra acontece predomínio de soja, com pouca rotação com a cultura do milho. Na safrinha, um terço das propriedades visitadas, durante o circuito, tinha o cultivo do sorgo granífero.
Gontijo observou que poucas propriedades utilizam sistemas de Integração Lavoura-Pecuária, apesar de na maioria das fazendas o produtor desenvolver atividades de pecuária e lavoura, separadamente. “Essa integração, envolvendo a rotação das atividades de lavoura e pecuária nas áreas, propicia incrementos de produtividades e redução de custos ao produtor”, orienta.
Cenários das culturas do milho e soja
“A produtividade média da soja, nas propriedades visitadas, encontra-se acima das produtividades médias do Estado de Minas Gerais e brasileiras na safra 2016/2017, entretanto existe a necessidade de ajustes de cultivares e de população de plantas em função da época de semeadura na região. E a expectativa do produtor é de obter alta produtividade para a safra 2017/2018, por isso deve ficar atento para estas questões”, afirmou o pesquisador Emerson Borghi.
Ele ressaltou que tanto para o milho verão quanto para o milho safrinha as maiores produtividades de grãos foram observadas em áreas com estande final em torno de 60 mil plantas por hectare e espaçamento de 50 cm entre linhas.
Armazenamento de grãos
Com base nos dados levantados no circuito, foi observado que a maior parte da produção de grãos de soja, aproximadamente 53%, é armazenada diretamente nas tradings. Outro número interessante é que cerca de 32% das propriedades utilizam armazéns próprios para armazenar a soja.
Já para o milho, a fatia mais representativa é de armazenagem própria, cerca de 45%. “Depois nós temos armazenagem em tradings e em terceiros, com cerca de 33%. Outra constatação foi que a adoção de silo bolsa ainda é baixa na região, sendo que em média 10% dos produtores visitados relataram seu uso. Esses resultados são bem próximos de em outros trabalhos similares, como no Mato Grosso e no Distrito Federal”, comentou o pesquisador Marco Aurélio Guerra Pimentel.
Manejo de solo e da adubação das Culturas
O pesquisador Álvaro Vilela Resende ressaltou que há grande variação nos níveis de adubação praticados no sistema soja/milho safrinha na região, demonstrando a conveniência de se atentar para o balanço de nutrientes (entradas e saídas) no sistema como meio de aferir e ganhar eficiência no uso de fertilizantes.
Na região, embora se busque adotar o Sistema Plantio Direto, o solo é revolvido frequentemente e, em geral, há pouca palhada nas lavouras. “Isto não parece condizer com a oferta ambiental e o bom potencial para diversificação de culturas na região, o que permitiria trabalhar com um plantio direto de alta qualidade”, afirmou Resende.
A assistência privada e revendas têm participação fundamental no processo de tomada de decisão para insumos e manejo das lavouras, e podem contribuir para melhorar a eficiência no uso de fertilizantes e estimular a adoção de práticas conservacionistas de solo e água.
Diagnóstico do manejo fitossanitário – ocorrência de insetos-pragas
A pesquisadora Simone Mendes falou sobre a ocorrência de insetos-pragas em lavouras de milho e de soja. “Um dos fatores que favorece a ocorrência de cigarrinhas são lavouras próximas de milho em diferentes idades. Na região, também é comum a presença contínua de milho no campo, onde não há rotação de culturas”, disse.
Mendes destacou, também, que existe pouca adoção do plantio da área de refúgio de milho convencional junto às lavouras transgênicas na região.
Avaliação de doenças nas culturas da soja e do milho
Dagma Silva ressaltou a importância da resistência genética às doenças na escolha de cultivares. Também chamou atenção para a relevância das plantas tiguera de milho na reprodução da cigarrinha e consequente ocorrência dos molicutes.
“Para o uso de fungicidas, é preciso considerar as épocas de aplicação e a resistência genética das cultivares utilizadas. Também orientamos fazer treinamentos sobre diagnose de doenças, direcionado a produtores e técnicos, para manter a produtividade no campo”, disse.
Diagnóstico do manejo de plantas daninhas no sistema de produção soja/milho
As plantas daninhas encontradas com mais frequência na soja foram a trapoeraba (Commelina spp), o capim-amorgoso (Digitaria insularis) e a buva (Conyza spp). Já no milho, foram a trapoeraba, o capim-amargoso e em terceiro lugar o capim-pé-de-galinha (Eleusine indica) junto com a corda-de-viola (Ipomoea spp).
“O capim-amargoso desponta como um grande desafio, que obrigará os produtores a mudarem sua estratégia de manejo”, alertou o pesquisador Alexandre Ferreira Silva.
Para registrar o diagnóstico inicial realizado, os pesquisadores publicaram o Documento 211, intitulado “Circuito Grãos de Minas: percepções técnicas preliminares sobre a conjuntura da produção de grãos na região de Patos de Minas-MG, 2017”. Para acessá-lo, clique aqui.
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