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A paixão pela descoberta e pela ciência fazem parte da vida da pesquisadora Elisa Orth desde que era criança. Passou da infância para a adolescência em laboratórios vendo curiosamente o trabalho da mãe e do pai cientistas. Em casa fazer experimentos fazia parte das brincadeiras prediletas. Na primeira semana em que entrou na graduação, em 2002, começou a atuar em laboratório e depois não saiu mais. Hoje a mulher de 35 anos soma em seu currículo 25 prêmios e títulos com reconhecimento nacional e internacional. Um método de monitoramento de defensivos está entre as descobertas feitas pela professora do Departamento de Química da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
A proposta é criar mecanismos mais baratos e rápidos de fiscalização, processo patenteado pela UFPR. Atualmente a pesquisadora e estudantes da Universidade colaboram cientificamente com a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) e com a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná. “Ainda há muitos estoques e apreensões de substâncias proibidas, principalmente aqui no Paraná. Esses agroquímicos não podem ser queimados, porque são bem tóxicos. Então neutralizamos tirando a toxicidade deles para que não causem nenhum mal para ninguém”, explica a professora.
Esse processo de monitoramento e de neutralização é chamado de segurança química, com o uso da química dita boa para combater a nociva. O reconhecimento da quantidade de defensivos para alimentos e armas químicas é feito por meio de um equipamento, o espectrômetro de UV/VIS. “Tentamos criar uma reação química que não precise de temperatura, que envolva reagentes mais limpos, que não são tóxicos, ou seja, algo que não cause mal e que seja bem rápido”.
A pesquisa pode contribuir para uma fiscalização mais eficaz, que hoje é esporádica, demorada e cara devido aos processos envolvidos, conforme explica a pesquisadora. “Dessa forma, a população estará alerta se está consumindo alimentos seguros mais facilmente, porque será mais fiscalizado, mais punido e controlado”, acrescenta Elisa.
O processo de monitoramento de agroquímicos pode ainda num segundo momento ser um indicador caseiro. “Se a indústria demonstrar interesse, poderia ser vendida uma fitinha que você coloca na água usada para lavar o alimento e ver se está contaminado ou não e se pode ingerir esse alimento”, diz a pesquisadora.
A professora da UFPR ressalta que as informações são disponibilizadas para que empresários e o governo também possam utilizar esse conhecimento. “Essa ciência pode melhorar bastante o nosso cotidiano e a nossa segurança em relação aos alimentos que a gente consome”. Além disso, há o monitoramento de armas químicas, conhecimento que pode ser usado pelo Brasil e outros países para alertar ataques terroristas.
Uma premiação internacional com reconhecimento da ascensão na ciência somou os 25 prêmios e títulos da professora da UFPR em outubro. Ela recebeu o prêmio “Mulher brasileira na Química e áreas correlatas” (Brazilian Women in Chemistry and Related Sciences) da Academia Americana de Química, dos Estados Unidos. No início deste ano a pesquisadora da UFPR também participou de uma ação da União Internacional de Química Pura e Aplicada (Iupac) em alusão aos 150 anos da tabela periódica, completados em 2018. Elisa Orth foi uma das cientistas selecionadas para representar um elemento químico da tabela.
“Você tem que gostar do que faz. É isso que vai te garantir o sucesso. Acho que todo esse reconhecimento que eu estou colhendo é fruto desse meu entusiasmo. Quando você está motivado, se inspira para ter novas ideias. E a ciência é isso”, avalia a pesquisadora da UFPR. Para Elisa, dois aspectos são muito interessantes ao fazer ciência. “O fascínio pela descoberta acho que é uma das partes mais legais da ciência. E a segunda coisa mais legal é você ser reconhecido por isso, que é uma forma de validar que estou no caminho certo, que pode ter um impacto importante para a sociedade. Estamos trabalhando na universidade pública em prol da sociedade”.
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