Inspeção portuária é fundamental no transporte internacional de grãos
Serviço garante a qualidade para o cliente final com certificações que seguem todos os protocolos exigidos pela legislação do setor
O pesquisador científico da Embrapa Milho e Sorgo de Sete Lagoas-MG, Paulo César Magalhaes, é especialista em fisiologia da produção e participa do XVI Seminário Nacional de Milho Safrinha como palestrante com o tema “Ecofisiologia: Impactos do Ambiente na Planta”.
Na sua linha de pesquisa, Magalhaes analisa os principais efeitos da seca e do frio para a cultura do milho safrinha. Segundo ele, a primeira linha de defesa da planta de milho diante a seca é o fechamento dos estômatos que, por sua vez, causam a diminuição da absorção de CO2 e, consequentemente, das taxas fotossintéticas.
O pesquisador lembra que a seca é crítica em duas fases da cultura do milho: no florescimento e no enchimento de grãos. No florescimento a seca pode causar problemas na polinização dos grão, resultando espigas falhadas e, consequentemente, em menor produção.
Outro período crítico é do enchimento de grãos. Neste período a atividade metabólica da plantas é intensa. Há uma grande demanda dos fotoassimilados por carboidratos que serão deslocados para encher os grãos. Menos fotossíntese implica em biomassa comprometida e menor produção de grãos.
Em linhas gerais a seca na safrinha de milho resultará em grãos menores, mais leves e, portanto, menos produtivos. As temperaturas baixas, por sua vez, prolongam o ciclo porque diminuem as atividades metabólicas na planta. Em caso de geada, os efeitos são mais drásticos sobretudo se pegar a planta na fase de florescimento ou de enchimento de grãos.
Magalhaes explica que a geada queima aquelas folhas que têm uma taxa fotossintética grande em comparação com as demais que estão sobrepostas. Quando a geada acontece no final de ciclo, grande parte do potencial produtivo da planta já estará satisfeito, e não chega a ser tão problemática. O raciocínio é o mesmo da seca, a planta precisa da área foliar para produção de fotoassimilados potencialmente disponíveis para os grãos.
Para Magalhaes um pacote tecnológico ideal para minimizar os riscos deve considerar a época correta de semeadura e a escolha do material genético. O milho safrinha, quando plantado dentro da janela correta, diminui consideravelmente os riscos inerentes ao seu cultivo.
A escolha de um bom cultivar, adaptado a região que será cultivado, também é recomentada pelo pesquisador. Ele observa já existirem no mercado cultivares adaptados a região de cada produtor. Soma-se ainda ao sistema de produção a densidade populacional, o manejo de solo, incluindo adubação e práticas conservacionistas.
Dentre as várias tecnologias colocadas à disposição dos agricultores para um bom controle de plantas daninhas e o manejo adequado de pragas e doenças estão as tecnologias emergentes. Magalhaes traz, como exemplo, os bioestimulantes. “O BiomaPhos é um inoculante líquido que tem bactérias que vão proliferar no solo e fazer com que o fósforo fique disponível”, cita.
Se o produtor está em uma janela tardia, pode optar pela tecnologia do Antecipe, um sistema de semeadura intercalar do milho nas entrelinhas da soja, antes da colheita da cultura oleaginosa. “Com essa tecnologia o agricultor ganha 20 dias no ciclo e o milho afetado quando se colhe a soja se recupera rapidamente porque o seu ponto de crescimento ainda está abaixo da superfície do solo”, explica.
Água e temperatura são fundamentais para o milho atingir todo seu potencial produtivo. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) disponibilizou o ZARC – Zoneamento Agrícola de Risco Climático, que prevê em todas as regiões de plantio a época correta de semeadura.
Para Magalhaes, o ZARC é importantíssimo pois leva em consideração todas as características inerentes a cada região, inclusive tido de solo e sinaliza a época correta para que os riscos sejam minimizados. Outro fator importante para minimizar riscos é a escolha do cultivar.
Segundo o pesquisador, o hibrido deve ter rusticidade e consistência de produção mesmo frente as adversidades climáticas. Além disso, deve ter uma boa resistência a pragas e doenças, tolerância a acamamento e quebramento e uma boa formação de palhas. O agricultor deve se atentar a precocidade (ciclo) deste material.
Devido a safrinha ser uma atividade de risco, muitos agricultores colocam em dúvida se deveriam usar sempre materiais super ou hiperprecoces. O pesquisador observa que, de um modo geral, os materiais precoces produzem mais que os superprecoces que, por sua vez, são recomendados onde a janela de plantio é muito curta e com temperaturas muito baixas em final de ciclo. Rio Grande do Sul é um exemplo.
De acordo com Magalhaes, as empresas de sementes colocam no mercado a cada ano vários genótipos. São materiais adaptados, produtivos e que aceitam o uso de tecnologia. “Elas têm um robusto programa de melhoramento genético vegetal que faz com que a cada ano esses novos materiais sejam colocados a disponizaão dos agricultores de um modo geral”, observa.
Saber identificar cada estágio da planta e suas respectivas demandas é outro fator importante para o sucesso das lavouras de milho safrinha no ponto de vista de Magalhães. “Antigamente se usava adotar algumas tecnologia de acordo com dias após a semeadura, mas isso não se usa mais. Atualmente, qualquer tipo de manejo da cultura é realizado de acordo com o estágio fenológico da planta”, esclarece.
Estágios diferente, demandas diferentes. Magalhaes reforça que o agricultor tem que acompanhar o desenvolvimento da planta no seu dia a dia e, se houver algum problema, tem que ser capaz de identificar qual o estágio a planta até para conseguir orientação técnica com maior facilidade. “Os estágios da planta podem ser atingidos em dias diferentes de acordo com o ano agrícola e o comportamento climático Por isso a fenologia é muito importante”, conclui.
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