Pesquisa mostra potencial da cafeicultura para balanço de carbono

Estudo com apoio da Cooxupé demonstra que lavouras sequestram carbono e o retém no solo, e aponta onde produtores podem reduzir sua emissão

07.08.2024 | 09:56 (UTC -3)
Cooxupé, edição Revista Cultivar

Uma pesquisa apoiada pela Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé) destaca o balanço de carbono nas fazendas de café com foco em estimular a sustentabilidade e as boas práticas agrícolas. Conduzido por Renata Ribeiro do Valle Gonçalves e João Paulo da Silva, do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura da Universidade Estadual de Campinas (Cepagri/Unicamp), o estudo está ligado ao projeto Coffee Change, que fomenta avanços sustentáveis na cultura do grão.

Até o momento, a pesquisa detectou que as lavouras cafeeiras sequestram carbono, assim como uma floresta, e o retém no solo por 15 anos. De antemão, o estudo ainda ajuda os produtores de café a identificar onde emitem mais carbono para fazer essa redução, além de confirmar que a manutenção da matéria orgânica no solo é fundamental para esse equilíbrio.

Balanço de carbono

De acordo com os pesquisadores, o objetivo é identificar práticas eficazes para alcançar a meta de zerar o balanço de carbono na cafeicultura. Assim como garantir uma produção ambientalmente responsável. Para apoiar a pesquisa, a Cooxupé cedeu, inicialmente, cinco fazendas estruturadas no Gerações, seu protocolo próprio de sustentabilidade, para a pesquisa.

Em seguida, os pesquisadores usaram um banco de dados de solos com cerca de 1.800 propriedades do Sul mineiro e geraram uma curva que demonstra a relação entre o carbono no solo e a idade do café. Na terceira etapa, a cooperativa selecionou mais 11 fazendas de tamanhos variados, que também integram o Protocolo Gerações.

Ferramenta

Para fazer a curva entre o carbono no solo e a idade do café, o estudo usa a Ferramenta GHG Protocol (Greenhouse Gas Protocol). Trata-se de um padrão global para mensurar, gerenciar e reportar emissões de gases de efeito estufa (GEE), de forma eficiente e transparente, contribuindo, assim, para a mitigação das mudanças climáticas globais.

Segundo o Cepagro, a metodologia foi desenvolvida pelo World Resources Institute (WRI) e o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD). Nesse sentido, é amplamente utilizada por empresas, governos e instituições de pesquisas para calcular as emissões de GEE de um local.

Ambiente brasileiro

Pela vocação agrícola e estrutura ambiental complexa e diferente da Europa, havia a necessidade de construir uma ferramenta que considerasse as particularidades do ambiente agrícola tropical brasileiro.

“Então, em parceria com a WRI Brasil, a Embrapa e a Unicamp firmaram uma parceria para construir uma ferramenta que considerasse o balanço de emissões em atividades agrícolas dentro da porteira. Além das variações e particularidades do ambiente tropical brasileiro. Depois, surgiu a necessidade de fazer uma adaptação específica para a cafeicultura, considerando os processos da lavoura. Como, por exemplo, o beneficiamento e as particularidades do crescimento da planta em relação a outras espécies”, explicou João Paulo, do Cepagri..

Na cafeicultura, a ferramenta pode ser adaptada para levar em conta as particularidades das atividades agrícolas, como o uso de fertilizantes, práticas de manejo do solo e as emissões associadas ao cultivo e processamento das colheitas.

Práticas sustentáveis

Para o presidente da Cooxupé, Carlos Augusto Rodrigues de Melo, participar da pesquisa é ajudar a encontrar práticas mais eficazes para as lavouras cafeeiras zerarem o balanço de carbono entre seus mais de 19 mil cooperados.

“Nosso papel enquanto cooperativa é estimular a sustentabilidade nas propriedades das nossas famílias cooperadas. Participar de um estudo tão importante quanto este é demonstrar nosso compromisso em produzir um café de alta qualidade. Aliás, alinhado com as expectativas do mercado e do consumidor, sempre em busca de técnicas sustentáveis”, concluiu Melo.

O trabalho dos pesquisadores continua e, após o seu resultado final, deve auxiliar os cafeicultores nas tomadas de decisões no campo. 

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