Bayer mais próxima dos empresários agrícolas
O Brasil possui 24 milhões de hectares destinados à produção de soja, o que equivale, por exemplo, a três vezes a área nacional de cana-de-açúcar. Na pauta de exportações, que dá o saldo positivo na balança comercial brasileira, em primeiro lugar aparece o minério de ferro e, em seguida, destaca-se a soja. “Antes do minério de ferro crescer, a soja era a primeira. O valor varia de 12 a 16 bilhões de dólares, que entram no Brasil com a exportação do grão e do farelo de soja”, analisa Gil Miguel de Sousa Câmara, professor do Departamento de Produção Vegetal (LPV). No entanto, a vastidão de terras destinadas a esse cultivo enfrenta um vilão de proporções minúsculas: os percevejos.
Os percevejos-da-soja representam o principal grupo de pragas da cultura, ao lado das lagartas que têm aumentado nos últimos anos devido à aplicação indiscriminada de inseticidas. O Departamento de Entomologia e Acarologia (LEA) tem trabalhado com o controle biológico dessas lagartas (lagarta-da-soja e falsa-medideira) e, mais recentemente, em 2010, uma tese de doutorado, desenvolvida por Regiane Freitas Bueno, foi agraciada com o prêmio Monsanto.
Entretanto, o combate aos percevejos esbarra no desafio de produzir inimigos naturais (parasitoides) em laboratório. “Eles existem, são eficientes, mas não são produzidos em número suficiente para liberação no campo, pois para produção dos parasitoides, há necessidade de se criarem os percevejos em laboratório, para se obterem os ovos que são os substratos de multiplicação dos inimigos naturais”, explica José Roberto Postali Parra, professor do LEA. Parra reforça que no programa desenvolvido pela Embrapa desde a década de 1980, pela pesquisadora Beatriz Corrêa Ferreira, a produção sempre esbarrou na criação dos percevejos, pois, após serem coletados no campo, degeneram em 3-4 gerações nas dietas atualmente utilizadas.
A boa notícia é que a equipe de pesquisadores do LEA acabou de dar um passo à frente. O peruano Agustín Cerna Mendoza, orientado do professor Parra, desenvolveu uma dieta artificial liofilizada para criação do percevejo-marrom, Euschistus heros, que permite a sua multiplicação por gerações sucessivas, sem perda de sua qualidade de material de campo (“selvagem”), sendo competitivo com os insetos da natureza.
Trata-se de uma dieta artificial seca, feita à base de vagem de feijão liofilizada, amendoim, sacarose, agentes anticontaminantes e água, com 25,7% de proteína. “Acreditamos que agora, com a nova dieta, será possível a criação dos inimigos naturais Telenomus podisi e Trissolcus basalis. Após a sua criação, será feita a multiplicação em grande escala para liberá-los no campo, pois a tecnologia já existe e os percevejos constituem-se em problema sério para os 24 milhões de ha de soja plantados no Brasil”, lembra Mendoza.
Assessoria de Comunicação
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