Cesta básica aumentou novamente na maioria das capitais
A pesquisa de solos foi debatida pela equipe da Embrapa Cerrados no seminário “Levantamento, caracterização e manejo dos solos: passado, presente e futuro da pesquisa na Embrapa Cerrados”.
O evento foi realizado segunda e terça-feiras (08 e 09/06) no auditório Wenceslau Goedert.
Para o chefe geral José Robson Sereno, a iniciativa de “fazer o estado da arte e projetar o que pode ser feito” deve ser estendida a outras linhas de pesquisa. Sereno lembrou que dos 102 pesquisadores da Embrapa Cerrados, dezesseis trabalham com solos. A discussão deve contribuir para direcionar novas contratações de pesquisadores e avaliar a possibilidade de iniciar uma plataforma de integração de solos, programa de pesquisa com participação de pesquisadores de outras Unidades da Embrapa e instituições parceiras.
Fernando Macena, chefe de pesquisa, lembrou também que a retomada da discussão dos estudos irá contribuir com o direcionamento das atividades de pesquisa. Levantamento e caracterização dos solos do bioma Cerrado foi o primeiro tema discutido.
O pesquisador Éder de Sousa Martins apresentou os principais trabalhos realizados em cartografia (mapas de solos), de gênese (evolução dos solos e interação humana) e etnopedologia (mapas mentais produzidos pelas comunidades de pequenos agricultores). A Embrapa Cerrados e outras instituições de pesquisa desenvolveram mapa de ecorregiões, que é a primeira cartografia da diversidade do bioma Cerrado. As perspectivas da equipe de pedologia da Embrapa Cerrados são o fortalecimento de uma política na Empresa, com melhor articulação entre Unidades que estudam o tema, e integração com Ministérios que desenvolvam políticas públicas.
Os resultados de experimentos de sistemas de manejo do solo foram destacados pelo pesquisador João de Deus dos Santos Júnior. O primeiro experimento para avaliar o manejo do solo implantado na Embrapa Cerrados está completando 30 anos. Os experimentos mais recentes, conduzidos na década de 90, avaliam a combinação de sistemas de preparo do solo, rotação de culturas, plantio convencional e plantio direto. De forma geral, os estudos visam definir sistemas de manejo que otimizem a
produtividade sem degradar o ambiente. Atualmente, os estudos estão voltados à dinâmica do carbono na produção de alimentos e agroenergia em sistemas de manejo agrossilvipastoris.
Sobre manejo da compactação dos solos em sistemas agrícolas no Cerrado, o pesquisador Marcos Carolino de Sá destacou o desenvolvimento do minipenetrômetro dinâmico, aparelho de baixo custo utilizado para determinação da resistência à penetração em amostras de solo indeformadas. Carolino lembrou que até a década de 90, as pesquisas visavam caracterização da compactação. A tendência é incrementar os estudos sobre prevenção da compactação, avaliar a inter-relação compactação e organismos do solo, além de investigar as relações entre danos por nematóides e níveis de compactação.
O desafio de conseguir implantação de cobertura de solo com leguminosas, em função da acelerada decomposição, foi salientado pela pesquisadora Arminda Moreira em sua apresentação sobre plantas de cobertura e emissão de gases de efeito estufa no Cerrado. Para a pesquisadora Lucilia Parron, que abordou poluição do solo e da água, devem ser feitos maiores esforços para avaliar a contaminação de solo e água por agrotóxicos, e avaliar contaminação de sedimentos. Os debates sobre fixação biológica de nitrogênio, micorrizas e bioindicadores de qualidade do solo encerraram o primeiro dia do evento.
Transferência de tecnologia
A necessidade de aumentar a transferência de tecnologias sobre fixação biológica de nitrogênio, processo que permite diminuir o uso ou até substituir os fertilizantes químicos por inoculantes contendo rizóbios, bactérias naturalmente presentes no solo e benéficas para a nutrição das plantas, foi enfatizada na palestra do pesquisador Fábio Bueno Júnior.
Bueno lembrou que, embora a fixação biológica de nitrogênio na cultura da soja atinja mais de 90% das áreas cultivadas, é preciso ampliar o uso dos inoculantes no cultivo do feijão e outras leguminosas. Dados de experimentos apontam que a inoculação do feijoeiro contribui para aumento médio de produtividade de 675 kg por hectare.
Segundo Bueno, apenas 1,86% dos inoculantes comercializados no país, em 2007, são para uso em feijão. A pesquisa já desenvolveu também estirpes eficientes para ervilha, lentilha e adubos verdes. Os dados de comercialização de inoculantes mostram ainda que 135 estirpes para 94 diferentes leguminosas representam somente 0,022% dos inoculantes comercializados em 2007.
“O desafio da transferência de tecnologia é aumentar o uso de inoculantes em outras culturas além da soja”, atesta. O pesquisador disse ainda que estão sendo desenvolvidos estudos sobre fixação biológica de nitrogênio nas culturas de trigo e cana de açúcar.
Gustavo Porpino e Liliane Castelões
Embrapa Cerrados
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