Soja pode ser alternativa para melhoria de ambientes restritivos
Dia de campo teve como tema “Tecnologia para produção de soja na renovação dos canaviais em ambientes restritivos”
Em reunião realizada na última quinta-feira (21), durante a 29ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz, pesquisadores da Embrapa Clima Temperado (Pelotas, RS) se reuniram com técnicos da iniciativa privada, técnicos da Emater/RS-Ascar e produtores para ampliar e consolidar um sistema de alerta de pragas da soja, como lagartas e percevejos. Na sequência, os participantes também visitaram a área de Manejo Integrado de Pragas (MIP), no espaço de integração Lavoura-Pecuária da Embrapa no evento.
Segundo a pesquisadora da Embrapa, Ana Paula Afonso, o trabalho teve início em meados de 2018 por demanda da Emater/RS-Ascar. Como primeiro passo, foram realizados módulos de um curso com foco no manejo integrado da soja, abordando assuntos como solo, plantas daninhas, controle de insetos e colheita. A partir desses módulos, as instituições se organizaram para implementar o monitoramento junto a técnicos selecionados de 14 Unidades de Observação.
Cada profissional recebeu um caderno de campo, publicações orientadoras, uma lupa para celular e um pano de batida. O monitoramento é realizado semanalmente pelos técnicos e produtores, principalmente nos meses de janeiro e fevereiro, e as informações coletadas enviadas em grupo de WhatsApp. A intenção, segundo Ana Paula, é prestar suporte em caso de infestações e registrar a ocorrência das pragas nas lavouras da região. “A ideia é o técnico estimular o produtor a usar essa metodologia” explica a pesquisadora.
Segundo Ana Paula, o monitoramento ainda é pouco utilizado na região, embora seja importante para evitar o uso indiscriminado de inseticidas. “Observamos muito produtor fazendo aplicação desnecessária. E isso preocupa a todos nós”, comentou o extensionista rural da Emater/RS-Ascar, Evair Ehlert, durante a reunião.
Uma amostragem a partir de 20 lagartas no monitoramento, por exemplo, indica nível de controle. Mas, os produtores aplicam produtos de forma preventiva, sem esse nível de controle. O que gera problemas secundários e aumenta os custos das lavouras. “Esse é o cenário do produtor de soja hoje”, complementa a pesquisadora.
O trabalho de monitoramento também prevê um boletim informativo, indicando a situação das pragas e as possíveis estratégias de manejo. “O que a gente espera é que produtores e técnicos tenham a consciência de fazer ou não aplicações. E, caso seja necessário, que procurem produtos seletivos, que não eliminem os inimigos naturais das pragas”, completa.
Outra preocupação é com a identificação correta dos insetos, já que determinados produtos são específicos para controle de algumas espécies, mas de outras não. Atualmente, existem 30 formas diferentes de atuação dos inseticidas, conforme o Comitê Brasileiro de Ação à Resistência a Inseticidas (IRAC).
A identificação correta, conforme Ana Paula, é a base do MIP, para que então o produtor possa escolher de forma consciente um produto mais seletivo e, assim, manter uma boa sanidade da lavoura. “Mas isso depende muito do produtor. Ele tem que estar aberto e deve querer monitorar”, finaliza.
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