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Numa região semiárida, em que a escassez e a irregularidade das chuvas são uma preocupante realidade e impõem condições especiais para a atividade rural, conhecer a situação das águas pode ser fator decisivo para assegurar a continuidade do abastecimento e da atividade agrícola.
Em busca desse conhecimento, o pesquisador Rafael Eduardo Chiodi captou a percepção de quem mais entende essa realidade: os próprios produtores rurais. O resultado da pesquisa realizada com agricultores familiares da região do Planalto, na zona rural de Montes Claros, Norte de Minas, integra a dissertação de mestrado defendida por Rafael no Instituto de Ciências Agrárias (ICA) da UFMG, na manhã de quarta-feira (10/06).
O objetivo foi pesquisar a situação das águas na região onde vive grande parte dos agricultores familiares ligados à Associação dos Produtores de Hortifrutigranjeiros da Região do Pentáurea (Asprohpen), parceira do mestrado em Ciências Agrárias /Agroecologia do ICA em vários projetos. Vinte e três famílias de seis comunidades rurais da região do Planalto participaram das entrevistas – o equivalente a 12% dos associados da Asprohpen.
Foram investigados as fontes, a disponibilidade, a média de consumo, a qualidade, o uso e o manejo da água tanto para consumo doméstico quanto para a produção. A pesquisa também levantou e avaliou as principais iniciativas públicas relacionadas ao abastecimento e à conservação das águas no local.
“A região do Planalto possui uma significativa disponibilidade de água, aspecto não encontrado em outras localidades do Norte de Minas”, conclui Rafael. Segundo ele, a região dispõe de nascentes e rios em abundância para o uso das famílias rurais, sendo essas as duas principais fontes de água utilizadas para a produção, conforme indicado pelos agricultores entrevistados. A quantidade de poços artesianos, fonte mais usada para o abastecimento doméstico, também favorece para que não exista escassez acentuada de água.
A pesquisa constatou que a maioria das famílias – 74,1% das entrevistadas – afirma possuir água de boa qualidade para o uso doméstico. No entanto, vários são os prejuízos que as fontes dessa região vem sofrendo. A principal causa, apontada por 47,8% dos agricultores entrevistados, é o desmatamento e consequentemente assoreamento das nascentes e rios; logo depois, vem a poluição das águas, citada por 30,4% das famílias.
Rafael Chiodi entrevistou também os gestores dos quatro projetos indicados pelos agricultores como os mais importantes para a conservação da água e o abastecimento de suas famílias, para avaliar os impactos ambientais, sociais e econômicos resultantes de cada um dos programas.
Segundo Rafael Chiodi, a pesquisa desenvolvida durante o mestrado foi uma tentativa de sistematizar um conhecimento que os próprios agricultores já tinham. “Meu trabalho foi coletar informações com várias pessoas e organizar esse conhecimento”, comenta o pesquisador, que também se preocupou em devolver os resultados do trabalho à comunidade. No dia 04 de junho, ele apresentou esses resultados às famílias que participavam da reunião mensal da associação de produtores. O objetivo é que as informações sirvam para orientar as famílias de agricultores e a associação na busca dos melhores caminhos para lidar com questões relacionadas à água.
Esse é, aliás, o direcionamento de boa parte das pesquisas desenvolvidas dentro de mestrado em Ciências Agrárias /Agroecologia do ICA, que tem como proposta buscar demandas de comunidades rurais da região e devolver às mesmas os resultados desses trabalhos.
Dissertação: Programas públicos e disponibilidade de água na região do Planalto, município de Montes Claros – MG
Autor: Rafael Eduardo Chiodi
Defesa: 10 de junho, no Programa de Pós-Graduação em Ciências Agrárias com ênfase em Agroecologia do Instituto de Ciências Agrárias (ICA)
Orientador: Áureo Eduardo Magalhães Ribeiro
Juliana Paiva
Assessoria de Comunicação do Instituto de Ciências Agrárias /UFMG
(38) 2101-7773
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