Percevejos escolhem frutos verdes e rosados para atacar

Pesquisa revela quais estágios de maturação do tomate mais atraem os insetos

21.07.2025 | 08:31 (UTC -3)
Revista Cultivar

Tomates verdes e rosados estão mais sujeitos a ataques de percevejos. Pesquisadores identificatam que os estágios de maturação da fruta influenciam diretamente o comportamento alimentar de três espécies: Halyomorpha halys, Leptoglossus zonatus e Nezara viridula. Os resultados indicam que o estágio verde atrai mais N. viridula e L. zonatus, enquanto o estágio rosado é o preferido de H. halys.

A pesquisa foi conduzida no Departamento de Entomologia da Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, em condições controladas de laboratório. Os cientistas avaliaram o comportamento de alimentação de ninfas, machos e fêmeas das três espécies, usando tomates em quatro estágios de maturação: verde, início da mudança de cor (“breaker”), rosado e vermelho.

No bioensaio de alimentação, N. viridula causou mais perfurações nos tomates verdes. Fêmeas, machos e ninfas dessa espécie apresentaram alta atividade de alimentação nesse estágio, com média de até 12 perfurações por fruta.

Para L. zonatus, o padrão foi semelhante: as maiores perfurações ocorreram em frutos verdes, principalmente entre fêmeas e ninfas.

H. halys mostrou comportamento distinto. A espécie preferiu frutos rosados, com destaque para as ninfas, que causaram média de até sete perfurações por unidade.

Os tomates vermelhos foram os menos atacados por todas as espécies.

Um segundo experimento, voltado ao comportamento alimentar, reforçou esses achados. Durante 12 horas de observação, as ninfas de H. halys permaneceram em média 34% do tempo em tomates rosados. No caso de N. viridula, fêmeas e ninfas dedicaram mais tempo ao estágio verde. O mesmo foi observado em L. zonatus, cuja preferência pelas frutas verdes foi marcante, especialmente entre as ninfas.

Os resultados também revelaram diferenças no potencial de dano entre as espécies. N. viridula produziu mais perfurações por fruto do que as outras duas. A fase de desenvolvimento do inseto influenciou diretamente o dano causado. Ninfas, menos móveis e com tendência à agregação, permaneceram por mais tempo nos frutos e causaram mais perfurações do que os adultos, que se deslocam com maior frequência.

A preferência por tomates verdes e rosados pode estar relacionada a estímulos visuais e olfativos. Compostos voláteis produzidos pelas frutas em diferentes estágios de maturação — como carotenoides e fenóis — podem atrair os insetos. A coloração rosada, rica em betacaroteno, pode funcionar como atrativo visual para H. halys, assim como já observado em pimentões alaranjados. Por outro lado, a maior quantidade de voláteis nos tomates maduros pode ter efeito repelente sobre N. viridula e L. zonatus.

Os pesquisadores sugerem que produtores priorizem a inspeção de tomates verdes e rosados durante o monitoramento. Esses estágios concentram os maiores riscos de ataque. Além disso, o estudo propõe o uso de plantas sentinelas nesses estágios para detecção precoce das pragas.

Outro desdobramento possível é a criação de armadilhas atrativas com base em cor e odor, mimetizando as características dos frutos preferidos pelos percevejos. Isso pode abrir caminho para sistemas de controle do tipo “atrai-e-mata”, como já usados em outras culturas.

O estudo foi realizado com uma única cultivar de tomate sob condições laboratoriais. Novas pesquisas em campo, com diferentes cultivares e ambientes, são necessárias para validar e expandir as conclusões.

Outras informações em doi.org/10.3390/insects16070740

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