Plantio de cereais de inverno avança na Serra catarinense
Na Serra catarinense, os produtores já começaram o plantio e estão confiantes com a safra
Uma parceria entre a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília-DF) e o Grupo AgroSalgueiro destaca-se como um exemplo de uma tendência cada vez mais presente no Brasil: o uso de defensivos biológicos para redução de pragas e doenças nas lavouras, realidade que abrange pelo menos 20% da área de produção brasileira com a técnica de manejo integrado.
O grupo fundado pelos irmãos Fernando e Nicolau Aoyagui fortalece a cada safra a opção pelo controle biológico, adotando técnicas, treinando as equipes e associando-se à ciência para obter produção e produtividade com sustentabilidade, especialmente em uma das propriedades, a Fazenda Agrosalgueiro da Serra, localizada em Buritis, no noroeste de Minas Gerais. Segundo o agrônomo Rogério Aoyagui, consultor técnico do grupo e também um dos herdeiros acionistas, o uso de defensivos biológicos na fazenda começou ainda na década de 1990, mas foi intensificado a partir de 2007.
Ele conta que, a pedido dos irmãos Aoyagui, começou a reduzir o uso de químicos na propriedade, que atualmente produz milho, soja, feijão e pastagens para cobertura. “Quando eu terminei a faculdade e assumi como responsável pela compra de insumos, planejamento e também a parte de experimento agrícola da fazenda, vi que para alcançar o objetivo pedido, só teria chance com o biológico", explica Rogério Aoyagui.
Atualmente a Fazenda Agrosalgueiro da Serra , entre os municípios de Buritis (Minas Gerais) e Formosa (Goiás) utiliza diferentes defensivos biológicos em uma área total de 7 mil hectares (sendo 1,4 mil irrigados), em todas as culturas. “Temos o controle biológico protocolado desde a parte de solos, da planta e do sistema como um todo”, diz Rogério Aoyagui. Segundo ele, o manejo biológico é uma ferramenta fundamental.
De acordo com o agrônomo Aoyagui os campeões na escala de utilização para o combate a pragas e doenças nas culturas de feijão, milho e soja têm sido os microorganismos e probióticos. Para alcançar a meta proposta pelos sócios Fernando e Nicolau Aoyagui para redução do uso de químicos, foi necessário investimento em treinamento e reformulações na propriedade. Era necessário quebrar paradigmas e incluir toda a equipe envolvida na produção agrícola da Agrosalgueiro da Serra para dar a guinada em direção ao controle biológico, rumo a consolidação de uma tendência mundial que cresceu pelo menos 17% nos últimos anos.
No caso do Grupo Agrosalgueiro a mudança se deu com uma característica comum: o desenvolvimento e a adoção de produtos biológicos enquanto elo entre a pesquisa feita por instituições públicas, as empresas privadas do setor e agricultores. É nesse contexto muito particular, quando produtores buscam inovar, que entra a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia com sua expertise na produção de defensivos biológicos, com a oferta de cursos e resultados consagrados no campo da pesquisa.
Para utilizar de forma correta e adequada as novas ferramentas de combate a pragas e doenças na Fazenda Agrosalgueiro, Rogério Aoyagui e sua equipe técnica participaram dos cursos ofertados pela Embrapa, sob a coordenação da pesquisadora Rose Monnerat. Na condição de coordenador do processo biológico da fazenda, que inclui biofábricas de microrganismos (bacilos e fungos) e da experimentação agrícola a campo e validação de dados”, o agrônomo e equipe participaram de pelo menos dois eventos técnicos, sendo um deles Curso de Produção e controle de qualidade de Bacillus, que ocorre semestralmente desde 2018 e já ultrapassou cinco edições.
Foi a partir dos cursos da Embrapa, aliado a mudanças internas no Grupo Agrosalgueiro quanto aos fatores técnicos - como por exemplo um departamento que cuida das pesquisas, que nasceu a primeira biofábrica da Fazenda Agrosalgueiro. O objetivo é produzir os insumos necessários às culturas e, com isso, reduzir as aplicações com produtos sintéticos. “Estamos em um processo inicial. É um projeto piloto no qual gastamos tempo para montar. Mas seguimos a necessidade e os critérios técnicos relativos à qualidade e a quantidade de microorganismos”, conta Rogério Aoyagui. Segundo ele, além da auditoria interna , há o acompanhamento da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. “Há possibilidade de uma substituição dos produtos químicos ou complementação. Mas já podemos afirmar que alcançamos uma redução de custos entre 40% a 50% “, comemora o agrônomo.
Na vanguarda das pesquisas sobre uso de biológicos para o combate a pragas e doenças, a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia já ofertou mais de 25 cursos destinados ao tema controle biológico, sob a coordenação da pesquisadora Rose Monnerat. E o posto vanguardista se deve, em parte, ao trabalho dessa Unidade da Empresa com bactérias do gênero Bacillus há mais de três décadas. A instituição conta com uma coleção de bactérias patogênicas a invertebrados com cerca de 3.000 isolados. “Dessa forma, a instituição está preparada para participar da virada que o Brasil já começa a dar rumo a utilização de bioinsumos”, diz a pesquisadora Rose Monnerat. Segundo ela, os produtos mais usados são à base de microrganismos. “A procura tem sido muito grande e está crescendo. Segue uma tendência mundial, onde o mercado interno e externo, a preocupação com o meio ambiente e com a saúde são pontos muito importantes ”, garante Monnerat.
Diante do cenário favorável ao uso crescente de biodefensivos a Embrapa cada vez mais investe em parcerias com diversos grupos agrícolas ou de pesquisa de todas as regiões do país sobre o uso de biodefensivos, já tendo produtos biológicos comercializados no mercado, além de ter desenvolvido tecnologias inofensivas à saúde humana e ao meio ambiente para o controle de doenças - o que pode ser conferido no portal da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, na página Controle Biológico e Bioinsumos.
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