Parceria Embrapa e Sistema OCB encerra quarto ano de capacitações

Foram 115 técnicos treinados para atuar na cadeia produtiva de cereais de inverno e temas transversais em cinco estados do País

04.12.2018 | 21:59 (UTC -3)
Joseani M. Antunes

A cerimônia de encerramento dos módulos da capacitação Embrapa Trigo e Sistema OCB – turma 2018 foi realizada no dia 29/11, em Passo Fundo (RS). Ao longo de quatro anos do projeto, as ações de transferência de tecnologias em sistemas produtivos de cereais de inverno podem impactar mais de 220 mil produtores cooperados nos estados de SP, MG, PR, SC e RS.

Em 2015, a Embrapa Trigo e o Sistema OCB (Organização das Cooperativas do Brasil) iniciaram uma série de capacitações em cereais de inverno com o objetivo de qualificar os departamentos técnicos das cooperativas, atualizando com os conhecimentos gerados pela pesquisa e aproximando os profissionais do setor. Desde então, já passaram pelo treinamento 115 técnicos de cooperativas, contabilizando mais de 700 horas de curso. A parceria envolve diversas unidades da Embrapa, universidades, empresas/instituições de assistência técnica e extensão rural, fundações, associações, produtores rurais e cooperativas. 

De acordo com o Chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Trigo Jorge Lemainski, participaram das capacitações profissionais de 35 cooperativas, integrantes de equipes que prestam assistência técnica a 85% dos produtores de trigo no Brasil. “As cooperativas participantes representam 2 milhões de toneladas de trigo, ou seja, 33% da produção nacional do cereal em 2018”, conta Lemainski. Segundo ele, um levantamento junto ao setor cooperativista apontou foco em duas demandas para a Embrapa: genética/cultivar e transferência de tecnologia: “A genética exige mais tempo e investimento na pesquisa, mas decidimos investir nos treinamentos intensivos como ferramenta de transferência e já colhemos bons resultados no campo”, explica Jorge Lemainski, lembrando que no próximo ano uma série de ações serão realizadas para quantificar e divulgar os resultados diretos das capacitações na vida do produtor cooperado.

A Universidade de Passo Fundo é uma das instituições parceiras do programa de capacitações. O professor da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Vilson Klein, destacou a importância da atualização da assistência técnica: “é preciso que o profissional de campo esteja sempre abastecido de resultados científicos para embasar suas decisões. Existem muitos ‘produtos milagrosos’ para salvar a lavoura e o produtor depende da avaliação do técnico para decidir o quanto vale o custo do investimento e qual a melhor opção para resolver os problemas. Sem dúvidas, esta aproximação com a pesquisa abre caminhos para o desenvolvimento do agronegócio”.

Para o Superintendente da OCB, Renato Nobile, a aproximação com a Embrapa preenche uma lacuna no campo: “o contigente técnico das cooperativas precisa atuar como vetor para levar as tecnologias até o produtor. A aproximação com a pesquisa é uma necessidade, a melhor forma para enfrentar os desafios crescentes na agropecuária brasileira”.

Trigo nas cooperativas 

De acordo com o analista da Embrapa Trigo, Adão Acosta, a fundação de muitas cooperativas, especialmente na Região Sul, foi estabelecida na produção de trigo, onde até hoje a cultura compõe o nome das organizações, como Coopatrigo, Cotrirosa, Cotriel, Cotripal, Cotrijal, Cotriguaçu, Cotrisal, Cotricampo, entre outras. 

Para Acosta, hoje, apesar da cultura estar relegada ao papel de coadjuvante no cenário nacional de grãos, cada vez mais o trigo desponta como importante base do sistema de produção, tanto na movimentação das propriedades durante o inverno, como para o melhor desempenho dos cultivos de verão. “É preciso reconhecer que sem cooperativa, não existe trigo. Sozinho o produtor nem sempre consegue o melhor preço para a aquisição de insumos, acompanhamento técnico na lavoura ou fazer a comercialização da safra. Porém, a cooperativa também teria dificuldade para se manter rodando com apenas uma safra no ano. Enfim, nesta parceria todos ganham: a Embrapa que vê o conhecimento chegar ao campo; a cooperativa com seus departamentos técnicos qualificados e com a estrutura em movimento; e o produtor que pode ampliar com segurança a geração de renda na propriedade”, conclui Acosta. 

Na turma de 2018, as estratégias para controle de plantas daninhas chamaram a atenção do técnico da COASA (unidade de Gentil (RS) Catio De Conto: “já na implantação desta safra de verão, seguimos rigorosamente as recomendações do pesquisador da Embrapa e, até o momento, não tivemos problemas no controle da buva, por exemplo. Também estamos aplicando os cuidados com a rotação de culturas, ajudando os produtores no planejamento para evitar o pousio”.

O representante da Cotripal, Gert Müller, avaliou que o monitoramento da lavoura, recado destacado em todos os módulos da capacitação, pode ser o limiar entre o sucesso e o fracasso da lavoura: “estamos trabalhando no monitoramento das lavouras, mas dependemos muito da qualificação técnica do produtor. Onde conseguimos o apoio do cooperado para fazer o acompanhamento da lavoura, os ganhos são muito bons, tanto em rendimento de grãos quanto no retorno financeiro”.

Participaram da turma 2018 da Capacitação na cadeia produtiva em cereais de inverno Embrapa - Sistema OCB 35 profissionais dos departamentos técnicos das cooperativas Camnpal, Coasa, Cotrijal, Coagrisol, Copermil, Cotriel, Auriverde, Cotricampo, Cooperalfa, Cotripal, Cotribá, Coagril, Frísia e Cotapel.

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