Parceria em calcário pode aumentar relação comercial com a Etiópia

​A Etiópia sofre com a acidez de 40% do seu solo, cenário semelhante ao enfrentado pelo Cerrado brasileiro nos anos 70 e 80 do século passado

28.03.2019 | 20:59 (UTC -3)
Carlos Dias

A Etiópia sofre com a acidez de 40% do seu solo, cenário semelhante ao enfrentado pelo Cerrado brasileiro nos anos 70 e 80 do século passado. Projeto coordenado pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC) envolvendo Embrapa Solos (Rio de Janeiro, RJ) e o Instituto Etíope de Pesquisa Agrícola (EIAR), vai encarar essa questão utilizando a expertise nacional que transformou nosso Cerrado em terra altamente produtiva.

Reunião na ABC, em Brasília, no dia 25 de março, buscou definir as bases tecnológicas para correção de solos ácidos no país africano utilizando calcário. “O problema é que não há disponibilidade comercial nem produção para fins agrícolas de calcário por lá. Existem várias ocorrências do elemento, de boa qualidade, só que ele ainda não é explorado para esses fins”, conta o chefe de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Solos, Vinicius Benites, que esteve no encontro em Brasília.

O projeto coordenado pela ABC inclui quatro pontos principais. O primeiro é fazer o mapeamento da disponibilidade de calcário na Etiópia, acompanhado da caracterização das rochas calcárias, em parceria com o CETEM, trazendo amostras e geólogos; em seguida, pretende-se fazer uma “calibração” da calagem, por meio de incubação de solos, a fim de determinar a dose ideal de calcário a ser aplicada na terra; o terceiro objetivo é elaborar um manual de boas práticas para uso do calcário usando a experiência brasileira; por fim, será feitos dias de campo com unidades de demonstração a fim de mostrar aos moradores do campo o ganho de produtividade obtido com a prática da calagem.

“Levar o projeto à frente não depende somente da Embrapa, passa também por uma internalização dessa necessidade no governo etíope, e de criar condições para que a distribuição de calcário seja bem feita no país, que o calcário chegue para o produtor”, ressalta Benites.

Comércio 

A ação de transferência de tecnologia brasileira, ajudando na correta aplicação da calagem na Etiópia abre espaço para uma maior relação comercial entre os países criando uma demanda por análise de solo, que pode contar com a tecnologia brasileira, que desenvolveu o SpecSolo, por exemplo; e também para a exportação de maquinário fabricado no Brasil para produção e distribuição de calcário.

Equipes da Embrapa Solos estiveram duas vezes na Etiópia, e a expectativa é que o projeto seja aprovado ainda no primeiro semestre, iniciando suas atividades até julho. A primeira ação prevê a visita de técnicos africanos ao Brasil para conhecer nossa experiência.

 

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