Parceria da pesquisa com cadeia produtiva de hortaliças é destaque em visita à Flórida

​A parceria das instituições de pesquisa com produtores e a agilidade na resposta aos problemas da cadeia produtiva foram alguns pontos destacados

11.04.2018 | 20:59 (UTC -3)
Gislene Alencar​

A parceria das instituições de pesquisa com produtores e a agilidade na resposta aos problemas da cadeia produtiva foram alguns pontos destacados pelos participantes da visita técnica ao estado da Flórida (EUA), promovida pela Embrapa Hortaliças (Brasília, DF) na última semana de março. Cerca de 30 pessoas, entre professores, pesquisadores, empresários, extensionistas, produtores e consultores conheceram a cadeia produtiva de hortaliças – da pesquisa ao sistema de distribuição – deste estado que tem a olericultura como destaque na produção agrícola dos Estados Unidos. 

As visitas a empresas, áreas de produtores e de pesquisas e à Universidade da Flórida foram realizadas em cinco dias de trabalho intenso. De acordo com o coordenador do evento, o chefe-geral da Embrapa Hortaliças, Warley Nascimento, o cronograma foi estruturado no intuito de possibilitar aos participantes uma visão geral da cadeia produtiva e a inserção da pesquisa nesse contexto. “Os EUA são extremamente competitivos e as instituições precisam dar respostas imediatas aos produtores, que alocam recursos na pesquisa”, explica Nascimento.

Os participantes conheceram áreas de produtores de repolho, couve-flor, cebola, couve, batata, morango, mirtilos, mini-hortaliças, além de áreas experimentais com diversas culturas, como milho-doce, laranja, pêssego e gramíneas. A professora Rosana Rodrigues, do Departamento de Melhoramento de Plantas da Universidade Estadual do Norte Fluminense, ressaltou essa diversificação das culturas e como que a Universidade da Flórida tem encabeçado esse trabalho junto aos produtores. “Para mim, a característica mais marcante é ver que a pesquisa está cada vez mais imbuída em encontrar soluções para fomentar o mercado”, diz a professora. 

A desburocratização dos processos, possibilitando a sintonia fina da pesquisa com a cadeia produtiva, chamou a atenção também do pesquisador da Epagri, Leandro Hahn. “É um alento ver que essa aproximação é possível porque a gente também procura estar mais próximo do produtor”, observa Hahn. O técnico da Emater/DF, Carlos Banci, destaca ainda o empenho do agricultor em agregar valor a suas atividades e ao produto, além de procurar atender nichos de mercado.

A Flórida consegue produzir hortaliças o ano todo e, por comercializar para vários outros estados americanos, investe alto em tecnologia na rede de distribuição com destaque para cadeia de frio e logística. O principal interesse do engenheiro civil do grupo ABC Sebastião Longuinho era verificar essa infraestrutura. Para ele, a forma como o processo é estruturado chega a ser surpreendente. O empresário da área de fertilizantes Celso Rodrigues valorizou a logística, assim como a tecnologia utilizada no beneficiamento e na distribuição dos produtos. A opinião foi formada a partir da visita a instalações de uma grande empresa produtora de mudas de hortaliças e flores e de uma beneficiadora de tomates. Eles também conheceram uma distribuidora de gêneros alimentícios, com destaque para a sua estrutura de resfriamento de alimentos. 

Superação: O estado da Flórida apresenta limitações físicas e químicas do solo para a produção de hortaliças, mas com pesquisa, tecnologia e criatividade tem conseguido superar esses problemas. O pesquisador Agnaldo de Carvalho, da área de melhoramento genético da Embrapa Hortaliças, acredita que grande parte desse sucesso pode ser atribuído à dinâmica do trabalho entre universidade e cadeia produtiva. 

“As universidades têm uma infraestrutura muito boa de mecanização e procedimentos que possibilitam agilidade na identificação e na solução dos problemas da cadeia produtiva”, observa o pesquisador. 


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